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Nosso Último Inverno de Amor

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Nosso Último Inverno de Amor Empty Nosso Último Inverno de Amor

Mensagem por miaDamphyr Ter Ago 28, 2012 5:00 pm

"Esta foi a minha primeira One-Shot. Já a tinha postado lá N'O falecido, e não podia deixar de a postar aqui.
Ela é mesmo muito importante para mim, porque é baseada num facto real.
Espero que gostem"


Nosso último inverno de amor


A neve cobria todos os lados como um infinito manto de veludo branco. Nem as montanhas, nem os arbustos escapavam dos flocos, o vento era frio, penetrante. E eu caminhava afundando as botas, deixava várias marcas para trás. Ao longe via o lago que não se movia, estava congelado, parecia de cristal, e do lado deste a cabana de madeira e uma pequena chaminé a exalar fumo. Deitei fora o cigarro rapidamente, procurei no meu casaco felpudo e macio, o spray de menta para aliviar o hálito.
Julian não gostava que eu fumasse, na verdade nem eu sabia agora porquê o fazia. Mas sentia-me tensa, era como se algo dentro de mim estivesse a falar, a dizer coisas que eu não queria ouvir. Parei diante da porta de madeira e pensei em bater, já estava com a mão fechada, mas então sorri e abanei a cabeça ligeiramente. Desde quando é que eu batia na porta? Respirei fundo, e senti a golfada de ar frio que entrou para dentro do meu peito, não se comparava ao gelo em que se encontrava o meu coração.. estaria preparada? Fechei os olhos uma vez mais, e girei a maçaneta.
A porta estava aberta como sempre, e chiou. Quantas vezes eu tinha escutado aquele chiar? Nunca um som irritante me tinha alegrado em tantos momentos da minha vida. Mas aquele tinha. A diferença é que agora me entristecia mais do que nunca.
Ao colocar o primeiro pé no soalho de madeira que tão bem tínhamos mandado restaurar, um cheiro activou o meu estômago, parecia algo doce e que eu tanto gostava. Quase sorri ao deixar os meus olhos varrerem a divisão, e vi uma mesa pequena, a mesma de sempre, simples, de plástico, mas que naquele dia envergava um pano de mesa azul garrafa com riscas, uma vela, um prato com petit-gâteau e uma vela. Ainda era dia, mas as cortinas pesadas de tons marrons que tínhamos escolhido proibia qualquer claridade de se aproximar.
— Parece que vestes o casaco que te ofereci. — Sua voz baixa arrepiou-me inteira. Como era possível que alguém detivesse tal poder em mim?
— Os olhos da tua mãe não estão por perto. — disse-lhe a segurar a voz, queria parecer o mais normal possível.
Entrei e fechei a porta. Ah! Aquele quarto, com a parede lateral repleta de fotos nossas, exibia amor a quem quisesse ver. Os quadros refletiam o mundo marinho, as flores artificiais para que nunca murchassem como o nosso amor. Tudo, tudo preparado para aquele ser o nosso cantinho de amor. — O que achas que ela diria se visse a filha da empregada com um casaco mais caro que o dela?
— Que de certo tem alguém que a ama. — respondeu, e surgiu da penumbra para os clarões da lareira. A sua pele outrora branca estava quase cinza, os olhos vestiam duas marcas negras, mas estas não apagavam aquele olhar azul claro como o céu sob um mar ártico, e nem aquele aspecto débil desmentia aqueles lábios macios e vermelhos.
— Se me amas não deverias ter vindo. — murmurei quase num suplico, e senti o peso de tristeza na minha voz. Passei a mão por aquele cabelo dourado, que dava inveja ao sol.
— Acho que empregaste a frase incorrectamente. É completamente o oposto. — Julian aproximou-se e segurou a minha mão fria. — Demoraste.
— É difícil caminhar na neve. — Engoli em seco, não era assim tão difícil, havia crescido ali, conhecia tudo melhor do que um urso polar. Apenas me tinha demorado por angústia. Ele puxou-me até a mesa que estava mal enquadrada naquele quarto desprovido de espaço. Afastou a cadeira para mim, e eu sentei-me sem tirar os meus olhos castanhos dos dele.
— Sei que gostas, fiz especialmente para ti. — Sorriu e mostrou as covinhas que tinha em cada bochecha. — Não sei mentir, é claro que comprei. Mas juro que acendi a vela.
Sempre cómico, mesmo naqueles momentos onde nenhum humor era permitido. Suspirei pela enésima vez, segurei na pequena colher e comi um pouco. Estava bom como era de se esperar, mas a verdade é que o apetite me fugia.
— Não fiques assim. — pediu, seus olhos brilhavam só de olhar para mim.
— Queres que eu saia por ai a dançar de alegria? — questionei amargurada.
— E se saísses por ai a dançar de amor? — retorquiu, mas eu não o respondi.
Virei a face e vi uma das maiores molduras que ali estavam, era uma foto nossa, quando o gelo já tinha derretido e o lago era quente, assim como os campos verdes que corriam além montanhas. Sim, tínhamos sido muito felizes. Julian tinha a pele bronzeada, um ar estável e impecável. Mas e agora? Como escutar o canto dos pássaros, sem ser acompanhado de seus sorrisos.
— Não vou aguentar, tens que voltar para o hospital.. não posso.. — desatei a falar num desespero, mas ele segurou a minha mão mais uma vez.
— Eu volto, mas e se antes me desses um pedaço da nossa sobremesa? — pediu com aquele ar quase meigo, e sensual. Inventei um sorriso e com a mão a tremer, servi um pouco e estiquei a colherinha. — Não assim, quero sentir pela tua boca.
Aqueles jogos não me deixavam feliz, mas coloquei a colherinha na boca e Julian veio por cima de mim e beijou-me, um beijo tão calmo quanto arrebatador. Sentia-o explorar a minha boca com a sua língua quente, meu corpo arrepiou-se por completo e involuntariamente. Senti-me flutuar para longe da cadeira, pelos braços dele que me deitou na cama. Desfizemo-nos das roupas com mais facilidade do que de certo a tivemos para vestir. Aquele corpo quente, másculo, já estava por cima de mim, e àquela boca beijava-me sem parar. Senti-o dentro de mim, era perfeito, como a última peça de um puzzle. Soltei um longo suspiro que foi abafado por mais um de seus beijos, e eu acompanhei o ritmo do seu corpo que dançava com o meu. Era àquela, a dança do amor. Por fim atingimos o cume mais alto da paixão, e ele aconchegou-se a mim, entre os lençóis brancos.
— Vou descansar um pouco está bem? — pediu-me baixo quase num murmúrio.
— Não d..descanses! — roguei quase num suplico, mas depois olhei para aquela face cansada, e meus olhos se encheram de lágrimas. — Descansa meu amor. — Sabia que em breve o viriam procurar, e que desta vez o encontrariam.
— Eu te amo Jamie. — disse quase num último suspiro e fechou os olhos, fiquei a olhar para ele, mas Julian abriu-os novamente. — E sei que fumaste, desta deixo passar.
Sorri numa tristeza sem fim, e desta vez ele fechou os olhos, mas fechou-os para sempre, naquilo que seria o nosso último inverno de amor.
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Mensagem por Fox* Seg Set 03, 2012 1:29 pm

Olha, postaste este aqui :D!
Lembro-me de o ler n' O Falecido e gostei muito da tensão do último momento juntos, da paixão do casal, da tristeza das despedida! Muito bonito, Mia, muito bem :D!
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Mensagem por miaDamphyr Qua Set 12, 2012 4:56 pm

Ohh cá estás tu sempre em primeiro minha Fox. Sim, eu adoro esta One-shot e sei lá bem porquê..., hmm, mentira. Sei muito bem, e que bom que gostaste também.
Me happy. Thank u.
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Mensagem por DanyeAngel Qui Set 20, 2012 11:20 pm

Adoro, adoro e torno a adorar!
Cada letra revela um sentimento sincero e são poucos os grandes artistas que o conseguem expressar desta forma, tão intensamente. E dá vontade de reler, de tentar compreender, de ver toda a paisagem na imaginação, por mais apaixonante e triste que seja na verdade.
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Mensagem por miaDamphyr Sáb Set 22, 2012 8:39 pm

Ohhh muito obrigada Danye, a sério. Fico muito feliz que tenhas gostado, passas-me a sensação de ter descrito as coisas da forma certa e que consegui transmitir exatamente o que queria. Obrigada mesmo. Beijos
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Nosso Último Inverno de Amor Empty Re: Nosso Último Inverno de Amor

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