FanFic Nacional
Inscreve-te no fórum para teres acesso a comentários, galerias e votações.

Participe do fórum, é rápido e fácil

FanFic Nacional
Inscreve-te no fórum para teres acesso a comentários, galerias e votações.
FanFic Nacional
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

{Verdade na Mentira}

+4
PandoraTheVampire
Fox*
Helvanx
Nitaa
8 participantes

Página 3 de 5 Anterior  1, 2, 3, 4, 5  Seguinte

Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Qui Jun 14, 2012 1:08 pm

PandoraTheVampire escreveu:
- Se isto foi o destino a responder-me, a minha testa não achou piada! – Sussurrei, começando a subir as pequenas escadas.
LOL! Gargalhei.

Gostei da reacção ao ver a velha vizinha. Já sei mais ou menos o que se irá passar (as ideias gerais, pelo menos), por isso entendo a reacção da mãe dela. Esperemos pelo próximo para confirmar suspeitas XD
Achaste piada? Eu até achei uma certa ironia a isso! (: Mas é bom que tenha momentos que dê mais cor à história (;
Sim, tens uma ideia base daquela vizinha... Ela só mudou de nome (;
Em breve actualizarei.
Obrigada por leres e comentares (:
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Fox* Qui Jun 14, 2012 3:17 pm

Oh, doce vizinha...
Sou eu a única a achar super creepy quando isto acontece? Quando chega uma mulher à nossa casa com uma tarte, "Ah, é para dar as boas vindas...". Se fosse um homem, seria logo olhado com suspeita, uma idosa é super agradável! xD
E a melhor, "Vamos resolver isto como adultos... Pedra, papel, tesoura!" Eu faço isto!
Lol, é por isto que gosto da fic, consigo sempre rir-me um bocadinho :D
avatar
Fox*
Moderadora
Moderadora

Localização : Debaixo da Cama

Histórias Publicadas : -----------

http://aroundmylittleworld.tumblr.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Qui Jun 14, 2012 4:38 pm

Fox* escreveu:Oh, doce vizinha...
Sou eu a única a achar super creepy quando isto acontece? Quando chega uma mulher à nossa casa com uma tarte, "Ah, é para dar as boas vindas...". Se fosse um homem, seria logo olhado com suspeita, uma idosa é super agradável! xD
E a melhor, "Vamos resolver isto como adultos... Pedra, papel, tesoura!" Eu faço isto!
Lol, é por isto que gosto da fic, consigo sempre rir-me um bocadinho :D
Por acaso também acho que isso da tarte trás água no bico! Mas normalmente o estômago agradece doces! xD
Por acaso essa do pedra, papel, tesoura foi escrito num dos meus 10 segundos de parvalheira!
Obrigada pelos elogios Fox *--* É um prazer ouvir que gostam do que escrevemos!
Obrigada por leres e comentares (;
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Sex Jun 15, 2012 8:48 am

Spoiler:

Hello Darling's
Hoje trago-vos a conclusão do capitulo 3.
Este termina todas as descrições da casa em que estas três viverão.
Espero que gostem (;


{Verdade na Mentira} - Página 3 1Capitulo3
- Parte II -


O meu quarto só ficaria completo amanhã, depois de eu e a Eliane comprarmos todas as roupas e mais algumas que encontremos nas lojas nova-iorquinas, decorando o meu guarda-roupa praticamente vazio. Quando mudámos de casa, as roupas não são o essencial trazer, uma vez que podemos sempre comprar nova, já que não era assim muito caro e dinheiro nunca fora um problema. Porém, a mobília já era mais dispendiosa, por isso é que tentávamos manter quase toda. No entanto, como mudamos de continente, apenas mantivemos memórias gravadas em objectos e pouco mais. Assim, o que antes era de madeira escura e velha, agora era de um metal preto e brilhante.
Geralmente, os sótãos são escuros e sombrios, contudo, este era muito iluminado, possuindo duas enormes janelas no telhado, viradas mesmo para o céu, o que me permitirá adormecer iluminada pelas estrelas e pelo conforto da lua, e acordar com o aconchego das nuvens e a protecção do sol.
Por essa razão, arrastara a cama para junto da parede que a fazia ficar mesmo debaixo das janelas. Esta, de metal negro como a restante mobília, tinha uns pequenos detalhes na cabeceira, onde identificava uma meia-lua entre duas rosas. A colcha quente e macia é de um dourado brilhante com finos traços brancos pela sua área inferior, conferindo um belo desenho abstracto. Em cima desta, inúmeras almofadas enfeitavam e decoravam a mesma, sendo tão felpudas como o grande tapete dourado que cobria o centro do quarto. Por momentos, questionei-me se esta carpete seria tanto ou mais fofa e suave que a cama.
Perto da porta para a salinha da roupa, um toucador, do mesmo material que a cama, encontrava-se encostado à parede, com um macio banquinho debaixo deste. Ali, colocara as poucas maquilhagens e acessórios que tinha, preenchendo quase todo o espaço. No espelho deste móvel, prendi duas fotografias que me transmitiam sensações prazerosas. A primeira era de quando ganhei a minha guitarra e tentara a todo o custo criar uma melodia. Porém, carrancas surgiram nos rostos das minhas familiares quando um ruido apoderou-se do ar na pequena salinha de uma das casas em que vivera. Na segunda, podia-se ver as três mulheres cá da casa, eu, a minha mãe e a Eli, todas sorridentes quando visitamos o Louvre. Acho que foi dos sítios que mais gostei de visionar.
Ainda com um sorriso no rosto, verifiquei que, na secretária destinada ao meu estudo e que se opunha à penteadeira, poderia ver o meu portátil, arrumadinho debaixo de um candeeiro branco e preto.
Aproximando-me da minha porta improvisada, atirei os caixotes vazios para o hall do segundo andar, preparando-me para descer.
Numa última apreciação do espaço que seria o meu lugar de conforto, vi a minha viola encostada à parede oposto à minha cama, diante um puff preto que estava em cima da carpete peluda.
Realmente um sonho virado realidade.
- Vais demorar? – Ouvi uma voz chateada perguntar.
Encarei a minha mãe, que se encontrava no fundo das escadas, a olhar-me com censura e as mãos à cintura. Ela ainda estava aborrecida por causa da nossa convidada.
- Estava só a verificar se estava tudo em ordem. – Justifiquei, descendo as escadas rapidamente.
- Chamei-te há dez minutos. – Constatou.
- Podes ter calma? – Pedi, vendo-a respirar profundamente. – Eu não entendo que reacção é essa, mas eu não tenho culpa. – Expressei, pegando nos caixotes e começando a descer as escadas para dirigir-me ao rés-do-chão.
- Não gostei da cara da mulher. – Explicou. – Além disso, quem leva tartes de boas-vindas? – Perguntou, tentando justificar o seu comportamento.
- Pessoas simpáticas e generosas?! – Respondi incrédula com a atitude dela.
- Sério? – Contrapôs ímpia.
- Foste rude! – Exclamei virando-lhe as costas para atirar os caixotes para o exterior.
- Fui protectora! – Contestou. – E chega de conversa. – Travou-me antes que desse continuidade à discussão. - Temos muito que arrumar! – Relembrou, dirigindo-se para a sala de estar.
Cerca de três horas e meia depois, tudo que havia para arrumar parecia estar no seu lugar. A minha mãe aproveitara esta pequena pausa antes do jantar para ir levar tudo que era desnecessário para o lixo. Já a Eliane, sendo a única pessoa a cozinhar decentemente, estava a preparar o jantar enquanto cantarolava desafinadamente na cozinha qualquer coisa semelhante a “Finalmente o meu cabelo posso arranjar, enquanto estou a cozinhar. Neste chão brilhante, quem o sujar, sofrerá com o meu eu talhante!”. Só visto é que se acredita que ela cantaria aquilo!
Sozinha, exceptuando aquelas notas desafinadas, decidi apreciar todo o trabalho que tivemos. Podia dizer que ia quase morar no paraíso. Ou algo decente e moderno.
Em todas as casas que habitara em Londres, estas deveriam ter mais que a minha idade. O chão muitas vezes rangia e podia ver certos buracos nas pareces que ratinhos criavam para serem os nossos vizinhos. As janelas já não fechavam direito e ainda havia aquelas que nem abrir se conseguiam. E as portas, de madeira velha e gasta, custavam a fechar. Cheguei a um ponto de não conseguir fechar a do meu quarto, além de que ainda me lembro quando parti a mesma por ter deixado a janela aberta e o vento fazê-la fechar com força.
Vivíamos numas condições precárias apesar de dinheiro não nos faltar. Mas, para quê viver em luxo, se apenas seria por poucos meses? Esta pergunta levou-me a pensar: será que este luxo todo, a quantidade de dinheiro gasta para erguer esta casa significaria que iriamos finalmente estabilizar?
Encontrava-me no centro da entrada, apreciando o redor para buscar indícios que pudessem solucionar a questão que levantei. A casa, já arrumada, era o oposto do exterior desarranjado. Esta era confortável, moderna e com um toque elegante. O pequeno hall onde me encontrava devia ser o cómodo mais vazio da casa. O seu chão de madeira clara contrastava com um pequeno tapete negro onde se podia ler “WELCOME” a letras doiradas. Segundo a minha mãe, o tapete era negro para o cotão notar-se facilmente e não chegarmos ao ponto de tropeçarmos nele. Num canto desta divisão, do lado esquerdo da porta, via-se um cabide de alumínio preto e um cestinho castanho-claro para os guarda-chuvas do lado oposto. Ao lado das escadas que dariam acesso ao andar superior, do lado direito a estas está a porta que dá passagem para a cozinha e, do lado esquerdo, um móvel de madeira semelhante ao chão com um telefone pousado nele.
Preferindo seguir primeiramente pela porta do lado esquerdo, dei de caras com a sala-de-estar, a divisão que mais tempo se perdeu a arrumar. A maior divisão da casa fora decorada num contraste bege/castanho-escuro, coordenando esta oposição com um castanho faia. O chão claro estava coberto com uma carpete castanho chocolate, adocicando o ambiente. Forrado no interior com um pano bege, no cesto poder-se-ia ler na borda “Heat of Love”, lembrando-me em como sentia saudades de me sentar diante do calor e aconchegar-me no abraço maternal de minha mãe.
No canto mais à direita, perto da enorme vidraça onde se podia apreciar as traseiras da casa, um televisor plasma estava sobre um móvel baixo onde tínhamos guardado os poucos DVD’s que possuíamos. Diante deste, um grande sofá encontrava-se, conjugando com os sofás de solteiro posicionados ao lado, na diagonal, virados para a televisão. No centro deste espacinho de lazer, uma mesa de pernas de madeira e tampo oval de vidro guardava um vasinho de flores de plástico, duas velinhas laranja e o aquário do nosso peixinho dourado, Creepy. Perto da porta, na parede da direita, no canto oposto ao televisor, uma enorme estante fora encostada à parede. Aí, inúmeros livros organizados alfabeticamente, decorações e fotografias observavam-se dispostas para quem quisesse apreciar e ler. Por fim, sob a carpete, dois puff’s laranjas davam cor ao lugar, assim como alguns quadros com as nossas fotografias pregadas na parede.
Estava um ambiente calmo e acolhedor, como nós sempre desejamos.
Seguindo novamente pelo hall-de-entrada, dirigi-me à sala de jantar que se opunha ao local onde tinha estado. Esta, ao contrário da anterior, aparentava-se mais requintada e formal.
Num canto, depois da janela, podia visionar um bar de madeira escura, com dois bancos altos almofadados com travesseiros vermelhos sangue. Novamente aquela sensação estranha passara por mim, mas desviei o olhar para a estátua que decorava o outro canto. Clareando a mente, encarei a grande mesa de vidro localizada no centro da sala de refeições que possibilitava oito pessoas jantarem rodeadas de requinte e graciosidade.
Já sentadas na mesa da cozinha, saboreávamos o jantar que a minha tia havia preparado. Bem, a Eli não é minha tia, mas eu categorizei-a como tal. Afinal, ela era como uma irmã para a minha mãe, por isso, uma tia para mim.
- Sério! Se vocês não acham o mesmo, são parvas! – Começou cuspindo alguns arrozeiros à medida que falava. – A tua empresa é um amor! – Explicou as suas palavras. - Possibilitar-nos viver eternamente neste luxo! Que maravilha! Já estava farta de Inglaterra, farta da Europa… Precisava de novos ares antes que desse em doida! – Exclamou teatralmente.
- Primeiro: já és doida. –
Constatou a minha mãe, soltando uma gargalhada subtil. – Segundo: é o meu dinheiro que permite este luxo! Acho que mereço algum mérito. – Expôs sorrindo travessa.
- Obrigada pelo elogio! Ser doida é ser sexy! E nem contestes! Está cientificamente comprovado pela comunidade científica! – Falou orgulhosa de si.
- Se está comprovado cientificamente, significa que foi pela comunidade científica. – Lembrei rindo da sua espontaneidade.
- Não contestar! Nadinha! – Cortou, tentando impedir que derrubassem a sua ideia. – Pequenina, os rapazes Nova-Iorquinos são uns pães, miúda! É desta que vamos para o peso pesado combater o número de moços que vamos comer! – Exclamou extasiada. – É desta que vou encontrar o meu príncipe de fogo. – Concluiu descontraidamente.
Ouvi a minha mãe engasgar-se (novamente) e dei-lhe umas palmadinhas suaves para ver se ajudava. Não sabia que tinha de mal o príncipe do fogo, nem entendia muito bem o porquê daquela escolha de palavras, mas a minha mãe sempre ficava nervosa quando ouvia aquelas palavras vindas da Eliane.
- Se o olhar matasse… Não Di? – Perguntou receosa Eli ao ver o olhar negro que a minha mãe lhe lançou.
- Não gosto de ouvir certas tolices. – Ripostou minha mãe.
- Ondine, não é por mal! O fogo é quente e festivo… - Começou a apalpar o terreno para se justificar. - Sabes o que eu quero dizer quando digo sobre o meu príncipe do fogo… Eu refiro-me a alguém doido e completamente animado e sem parafusos! Sei lá! Talvez um barman ou uma rockstar. – Falou sonhadoramente animada, rindo das suas ilusões.
Ri-me da sua cara aparvalhada e ela riu-se comigo, assim como a minha mãe se juntou a nós, apesar de quase rir por obrigação.
E assim passamos o resto da nossa noite, convivendo e rindo, esquecendo-nos e apagando os rastos que os stresses do dia poderiam ter deixado, apesar de um ratinha ainda me mordiscar as veias, deixando marquinhas de incertezas.
Tantas dúvidas, tantas questões, tantos pensamentos, tantas pequenas coisinhas que me deixaram com a pulga atrás da orelha ao longo deste enorme dia.
Primeiramente, a minha aversão a vermelho sangue deixou-me desgastada. Algo no meu ser palpitava por aquele indício de algo que eu desconhecia. Depois, aquela reacção estranhamente rude por parte da Di para com a Anthea deixou-me inquietada. E, para finalizar, a desaprovação de minha mãe para com a sua melhor amiga quando esta expressa como deseja encontrar alguém que ame e que a ame.
A minha progenitora já demonstrara certos receios de longe a longe, mas, desde que aterramos neste novo mundo, ela parecia ainda mais apoquentada, mais esquisita, mais defensiva.
Que se estaria a passar?

***
Que tal?
Digam a vossa opinião, sff (:


Última edição por Nitaa em Seg Jun 18, 2012 4:12 pm, editado 1 vez(es)
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Fox* Sex Jun 15, 2012 9:33 pm

"Não gostei da cara da mulher" Que engraçado, também não gosto das "trombas" (passo a expressão) de muita gente mas não as trato assim... Passa-se qualquer coisa! Hum...
Gosto das descrições da casa, dão mesmo para imaginar tudo!
Keep on, love :D
avatar
Fox*
Moderadora
Moderadora

Localização : Debaixo da Cama

Histórias Publicadas : -----------

http://aroundmylittleworld.tumblr.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Sex Jun 15, 2012 11:42 pm

Fox* escreveu:"Não gostei da cara da mulher" Que engraçado, também não gosto das "trombas" (passo a expressão) de muita gente mas não as trato assim... Passa-se qualquer coisa! Hum...
Gosto das descrições da casa, dão mesmo para imaginar tudo!
Keep on, love :D
Verdade! Apesar que há certos focinhos que apetece tratar pior! xD
O que se estará a passar?
Será isto tudo desconfianças de tartes deliciosas? (E eu ainda a pensar na tarte)
Obrigada pelos elogios, por leres e comentares, Fox *--*
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 18, 2012 2:19 pm

Mas que casa linda para se viver, hein? E a Ondine precisa relaxar! Se ela não quer criar suspeitas acho que está a fazer um mau trabalho! Tanta desconfiança ainda suscita mais suspeitas, a meu ver! Vamos lá ver o que irá acontecer num novo dia. Vai para a escola? Espero que sim! Dylannnnnn! OnAdmire2 lol.

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Seg Jun 18, 2012 4:38 pm

Spoiler:

Hello Darling's
Hoje trago-vos o inicio do capitulo 4.
Este é narrado pela personagem principal masculina, o Dylan Montgomery.
Espero que gostem (;


{Verdade na Mentira} - Página 3 1Capitulo4
- Parte I -


Dylan POV:
- Dylan? Levanta-te seu morcão! – Berrou Claire diante a porta do meu quarto.
Segundo a minha irmã gémea e a nossa avó, eu ainda dormia profundamente. Noutros dias, aquilo poderia ser verdade, mas não hoje.
Normalmente, a vida em Hidden Spring (como se lembraram de apelidar o bairro onde morávamos) despontava logo pela matina. Ainda os fracos raios de sol invernais mal iluminavam as ruas e já se viam os atenciosos pais a preparar o pequeno-almoço para as suas crianças, aprontando-as para às oito menos vinte estarem na paragem do autocarro, podendo conviver por míseros cinco minutos com as outras crianças do bairro. E, apesar de ter dezassete anos, a minha avó ainda achava que eu tinha sete anos e ia para a primária. E a minha irmã aprovava conviver naquele lugar carregado de bafos a leite quente com chocolate. Como se nós fossemos iguais aos outros pirralhos... Com a nossa pequena Ynes, ainda vá lá que não vá. Agora com putos chorões que não fazem ideia nenhuma que os monstros do armário são verdadeiros? É preciso ter paciência para conseguir aguentar berros ensurdecedores sem espetar um estalo a alguns. Embora eu já o tenha feito. Graças a isso, os pais têm receio que eu me encontre próximo dos seus bebés.
Idiotas! Coitados! Como se a distância me impedisse de fazer alguma coisa do que eu quisesse…
Mas bem… Voltando ao presente. Não vou permitir aos meus pensamentos divagar com as criancinhas irritantes e os seus progenitores imbecis.
Hoje, ao contrário dos restantes dias em que ficava na cama até às sete horas e meia, deixando a minha avó com receio de me atrasar novamente, levantei-me bastante cedo. Não que fosse por minha opção, mas porque os desgraçados não me deixaram fazer companhia à minha cama.
Os desgraçados são os elementos naturais que rodeiam este mundo. O vento, a água, o fogo, a terra e as almas que dão vida à Natureza. Chamo-os de desgraçados porque eu consigo senti-los.
Infelizmente!
A minha avó diz que tenho um enorme dom. Grande dádiva o tanas! Nunca pedi para ser um usuário do espirito. Nunca pedi por magia, por todas estas coisas que fazem parte de mim e da minha história. Para mim, ser um dos irritantes humanos até chegava.
O meu nome é Dylan Montgomery e vivo neste pacato lugar de Nova-Iorque com a minha avó, Anthea Montgomery, e com a minha incomodativa irmã gémea, Claire Montgomery. Vivo aqui desde que me lembro e os humanos consideram-me norte-americano, apesar de a minha nacionalidade pertencer a outro lugar. Um lugar de sonho, de amor, de compaixão, de magia… Um lugar que nunca deveria ter deixado. Um lugar que nem em sonhos os humanos o conhecerão. Eu sou Peveenciês e, ao contrário do que pensam, eu nasci em Peveencip. Porém, a minha avó queria ensinar-nos como o nosso mundo é melhor que o humano, que lá existe mais justiça e igualdade e, por isso, trouxe-nos para cá quando tínhamos poucos meses de vida. No início, a minha mãe e o meu pai vieram também, mas alegaram que o dever os chamou e tiveram de voltar para a nossa terra.
Tudo tretas!
Eles não foram capazes de ignorar a magia como a minha avó fez e, mais tarde, eu e a Claire. São uns fracos! Contudo eu não os culpo por isso. Culpo a magia. Ela é que nos torna vulneráveis aqui, porque, apesar de ainda termos magia aqui, ela é mais fraca. Aqui ninguém acredita nela. Isso leva àqueles que desejaram vir para cá a esquecer-se dela e a esquecer-se do mundo que se esconde nas nuvens. Ao início também pensei que esqueceríamos aquilo que tarde conhecemos, todavia nunca aconteceu.
A nossa avó fomentava a existência de magia. Ensinou-nos a história de Peveencip, mostrava-nos uns truques que ela sabia e, dentro destas paredes, tudo tinha mais brilho e cor. Além disso, todos os fins-de-semana, a minha avó obrigava-nos a matar saudades do desconhecido. E a Claire adora. Também não me admira. A superficialidade reina no mundo do vento. Para que conste, a minha doce irmã é uma usuária do ar e é tão ou mais irritante que ele. O vento é irritante quando assobia no inverno. Contudo, eu obrigo a Claire a mandá-lo calar. Eu também o podia fazer, mas ele não é muito conectado comigo. Eu sou conectado com a vida, com a alma e com o pensamento. Porém, tenho uma pequenina porção dos outros dons. Consequências de ser o único filho de Nyx. Pelo menos, o único conhecido.
Por volta das seis horas da manhã, já eu estava sentado na cadeira perto da janela da sala a encarar o exterior. Desde madrugada que a natureza cantava de alegria por algo que desconhecia. E acho que todos sentíamos. Talvez mais a minha avó, uma vez que a Claire roncara a noite toda.
Quando me cansara de ficar deitado sem dormir, levantei-me e vesti uma roupa que tinha escolhido antes de ir para a cama. Depois de vestido, arranjado e preparado para deixar as raparigas a suspirar, desci e lá fiquei, sentado e quieto a apreciar as novas habitantes do bairro.
Ontem, perto das cinco horas da tarde, quando estávamos a chegar da escola, uns homens vieram retirar a placa “VENDE-SE”. Quase toda a gente ficara curiosa sobre a identidade dos novos moradores e que cusquices se poderiam criar e descobrir através deles.
Humanos!
Todavia, quando as vi pela manhã, a curiosidade que não tinha surgiu. Tinha contado duas jovens adultas que vi de relance e uma adolescente que estava neste momento a apreciar, enquanto a Claire se vestia e arranjava toda envergonhada depois de se aperceber que eu estava acordado e ela fizera figura de parva. Como se fosse a primeira vez que ela não fazia aquela figura.
A rapariga de caracóis loiros encontrava-se adormecida sob o fino manto branco que cobria as ruas. A sua respiração leve levantava por breves milímetros uma mecha de cabelo que teima em escorrer pelas suas faces, conferindo-lhe um ar celestial.
Algo me dizia que, se ela andasse na minha escola, a Melissa não lhe iria achar piada nenhuma. O mais certo era arrancar-lhe os seus doces caracóis à dentada.
- Quem é a loirinha? – Perguntou-me Claire, apanhando-me de surpresa.
- Uma das novas vizinhas. – Respondi depois de me recuperar do susto.
- Sexy! Vai ser uma das tuas novas conquista? – Questionou, indo para a cozinha enquanto ria por me ter assustado. Raramente o fazia e isso frustrava-a.
- Até parece que sou um tarado sexual! – Censurei, ainda sem me mexer.
- Claro que não maninho! – Contrapôs carregada de ironia. – Só tiraste a virgindade a metade das raparigas da claque dos pompons! – Continuou.
- Espalha isso pela escola e conta receberes a visita da fada dos dentes. – Ameacei.
- Eu não espalharei, porque não sou mentirosa! – Exclamou, vindo para a minha beira enquanto mordiscava uma torrada.
- Que queres dizer com isso? – Inquiri olhando-a pela primeira vez hoje.
- Tu és virgem, idiota! Nunca cheirei sexo em ti! – Explicou casualmente.
- Viraste lobi para andar a cheirar? – Perguntei no gozo.
- Nhec! Que nojo! Sabes como detesto lobisomens! – Expressou enojada em relação à menção daquela espécie mítica.
- Tu não odeias! Tu tens medo deles! – Corrigi com um sorriso trapaceiro.
- E achas estranho? O idiota cuspiu-me em cima! Fiquei três semanas com o cabelo a cheirar a cão! E o meu cabelo negro ficou ainda mais tempo com cabelos laranja! – Relembrou indignada.
- A culpa foi tua! Tu sabes que eles detestam Wolfbane ! – Reavivei-lhe a memória.
- Esqueci-me que a avó tinha disso no quintal. – Defendeu-se.
- És sempre a mesma! – Critiquei, voltando o meu olhar novamente para a nova vizinha. – O quê que a Ynes faz ali com ela? – Perguntei levantando-me abruptamente da cadeira.
Vi o olhar da minha irmã se arregalar de espanto quando viu o nosso pequeno anjo a falar com a loira de olhos azuis cor de mar.
- Aquilo é estranho! Os anjos em transição normalmente não falam com humanos comuns. – Constatou. – Acho que é melhor despacharmo-nos antes que haja festa. – Disse-me, erguendo-se para ir buscar a sua mochila e avisar a minha avó que estávamos de saída.
Em pouco mais que dois minutos, já estávamos no passeio diante da nossa casa a apreciar a cena. Minha irmã pediu ao vento para trazer as suas falas até nós e, quando Ynes se preparava para revelar àquela humana o porque de a chamar de Deusa da Lua, Claire gritou por Ynes, num tom um pouco arrogante. Bem, agora estava feito. A miúda que nos achasse frios… Já achavam que nós eramos estranhos e já… Mais uma não faria diferença.

***
Que tal?
O que acharam desta personagem?
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Andy Girl Ter Jun 19, 2012 4:10 am

Olá Nita!
Estes caps tornam-se cada vez mais surpreendentes e este Dylan deixa-me curiosa por ele! É diferenteXD E como já te disse gostei mais deste novo Dylan!
Agora falta saber o Mist´rio por detrás da "Nova Vizinha!"
Aguardo por mais!
Beijinhos!
Andy Girl
Andy Girl
Camões
Camões

Localização : Num Lugar Chamado Sonho

Histórias Publicadas : -----------

http://cantarsentimentos.blogspot.com/

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Ter Jun 19, 2012 9:11 am

Andy Girl escreveu:Olá Nita!
Estes caps tornam-se cada vez mais surpreendentes e este Dylan deixa-me curiosa por ele! É diferenteXD E como já te disse gostei mais deste novo Dylan!
Agora falta saber o Mist´rio por detrás da "Nova Vizinha!"
Aguardo por mais!
Beijinhos!
Heyyy Andy (:
Ainda bem que gostaste deste Dylan. Eu estou rendida a ele (mau era!)
Eu acho que é a partir deste capitulo que as coisas começam a aquecer. Por isso...
Obrigada por leres e comentares.
Espero não desiludir nos próximos.
Xoxo
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Fox* Ter Jun 19, 2012 6:10 pm

Ah, já cá faltava o pensamento do Dylan e a maneira como ele vê a Selena! Eu acho piada ao rapaz, é ajuizado mesmo sendo um dos populares da escola! E tem tantos poderes mas consegue manter-se em controlo! Isso é ótimo!
Keep up! :D
avatar
Fox*
Moderadora
Moderadora

Localização : Debaixo da Cama

Histórias Publicadas : -----------

http://aroundmylittleworld.tumblr.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Ter Jun 19, 2012 6:38 pm

Fox* escreveu:Ah, já cá faltava o pensamento do Dylan e a maneira como ele vê a Selena! Eu acho piada ao rapaz, é ajuizado mesmo sendo um dos populares da escola! E tem tantos poderes mas consegue manter-se em controlo! Isso é ótimo!
Keep up! :D
Bem, tu tinhas dito que gostaste deste capitulo... Ainda mantens a mesma opinião? xD
O Dylan tinha de se expressar... A sua veia romântica tinha de se sobressair quando visse a sua loirinha de olhos azuis.
Dylan? Ajuizado? Bem, bem... veremos xD
Obrigada por leres e comentares (;
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por PandoraTheVampire Qui Jun 21, 2012 12:45 am

Ohhh a Ynes é um anjo? Que awesome! E agora incluíste lobisomens! Oh mas isto vai ser para aqui uma festa! OnCheer2 Foi bom conhecer este lado do Dylan. O lado em que ele odeia pirralhos irritantes! Ahaha. Pois é, mataste-me as saudades do Dylan, mas não da interacção entre o Dylan e a Selena... ai ai... fico à espera de mais! :p

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Qui Jun 21, 2012 10:22 am

PandoraTheVampire escreveu:Ohhh a Ynes é um anjo? Que awesome! E agora incluíste lobisomens! Oh mas isto vai ser para aqui uma festa! OnCheer2 Foi bom conhecer este lado do Dylan. O lado em que ele odeia pirralhos irritantes! Ahaha. Pois é, mataste-me as saudades do Dylan, mas não da interacção entre o Dylan e a Selena... ai ai... fico à espera de mais! :p
A Ynes... A Ynes... A Ynes... Opá a miúda ainda tem coisinhas para explicar nela... Se tu soubesses o que ela tem... ai ai xD (provavelmente estou a exagerar xP)
Ele ODEIA pirralhos! Ele será daqueles pais do género "Ou comes a sopa ou faço-te comer sopa, prato, colher e até a porcaria da mesa!" xD
Ainda não saciei nada sobre o Dylan e a Selena? Huuumm...
Veremos se em breve o faço. xP
Obrigada por leres e comentares (:
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Seg Jun 25, 2012 3:54 pm

Hello Darling's
Hoje trago-vos a segunda e ultima parte do capitulo 4.
Espero que gostem (;


{Verdade na Mentira} - Página 3 1Capitulo4
- Parte II -


Dylan POV:
Ynes correu até nós e descemos a rua até à paragem, onde esta se sentia meia perdida. A pequena rapariga de cabelo cor de bronze não era propriamente tagarela e chata como as outras crianças da sua idade, dizendo o que devia ser dito nos momentos certos e permanecendo em silêncio quando não era necessário ser ouvida. É uma jovem calma, tímida e pacífica. Porém, hoje, procurou a sua melhor amiga de cabelos castanho-chocolate e correra para lhe contar as novidades. Ao que parece, não seria apenas na escola que a nova família seria motivo principal de conversa.
Já a Claire juntou-se à Amber, uma rapariga cheiinha, porém bonitinha, que andava connosco no grupo coral da escola e começou com as habituais tagarelices matinais. Amber tinha uma voz fantástica e poderosa, contudo todos a deixavam de lado e tratavam-na mal não só por ser gorda, como também por pertencer aos “Vocal Dream”. Eu bem tentei proteger a minha irmã, entrando também para o grupo e até me tinha tornado a voz principal masculina, mas só bastou para que não a sujassem com os sumos com que normalmente eles eram atingidos. Era uma tristeza, porém não podia fazer mais nada para mudar aquilo.
Além disso, a minha mente hoje não estava para se preocupar com as futilidades humanas. A minha irmã sabia defender-se, e ela bem que deixava alguns idiotas da equipa de futebol americano desnorteados quando brincava com o ar ao redor deles. Ela sabia aguentar-se.
Hoje, os profundos e sinceros olhos azuis oceânicos cravaram-se na minha mente, não me permitindo esquecer o amável sorriso que se formara nos lábios rosados quando conversava com Ynes, enfeitiçando com a sua voz melodiosa e a sua aparência magnífica.
Um sorriso discreto surgira no meu rosto enquanto pensava nos seus rebeldes caracóis dourados, que teimavam a acariciar-lhe as faces ruborizadas pelo embaraço de ser encontrada adormecida na rua.
Pensando bem, nunca encontrara uma humana como aquela, tão pura e tão brilhante, mas ao mesmo tempo tímida, como a luz da lua. Realmente Ynes tinha razão, ela era a Deusa da Lua.
- Em que pensas? – Interpelou a minha irmã, sentando-se ao meu lado no autocarro escolar.
- Porquê? – Perguntei olhando-a de soslaio.
- Porque estás a fazer os idiotas lá do fundo falarem que deves estar apaixonado. O sorriso parvo estraga tudo. – Explicou num sussurro.
Olhei para os meus “amigos” e voltei a encarar o exterior do autocarro, vendo as árvores passarem com uma rapidez lenta.
- Como se me interessasse o que eles pensam. Até me admira eles pensarem. – Falei num tom monótono. A verdade era mesmo essa. Eles não tiram nada de dentro daquelas cabeças vazias.
- Que bicho te mordeu? – Questionou, voltando ao assunto inicial.
- A miúda! – Disse estranho.
- Quem? A loirinha? – Inquiriu confusa.
- Sim! Ela não me viu bem. Mas eu vi-a! – Expliquei num sussurro mudo.
- Dylan? – Chamou-me num tom estranho. – Por acaso não te estás a apaixonar?
- Não! –
Desdenhei com rapidez. – Primeiro, não posso apaixonar-me por uma humana. Segundo… - Comecei, mas sem saber bem o que lhe dizer.
- Não és tu que escolhes quem amas. É o coração. – Relembrou. – E o cúpido, mas esse é um caso à parte. – Acrescentou. – Se a amares…
- Não termines isso! –
Pedi agoniado. – Isto deve ser só coisas do meu dom.
- Fia-te nisso. Pode ser que tenhas sorte. –
Proferiu, levantando-se e deixando-me ali sozinho, enquanto saía do autocarro e dirigia-se para o interior da escola, com as poucas amigas que tinha.
Permaneci ali mais uns segundos, não só esperando que esta escumalha saísse toda, mas também para colocar um sorriso forçado na minha face. Eu até era bom a fingir que estava bem, ou os humanos é que são cegos e não conseguem ver o que os rodeia. Bem, acho que a segunda está mais correta.
- Bom dia, meu amor! – Cumprimentou Melissa quando me viu, desfilando até próximo a mim de mostrando-me os seus dentes brancos num sorriso maravilhado.
- Olá chata! – Retorqui, dando-lhe um sorriso amarelo.
- Porquê que és tão mau para mim? – Perguntou indignada, perseguindo-me enquanto ia até ao meu cacifo.
- Onde é que fui mau para ti? – Inquiri com uma inocência fingida.
- Chamaste-me chata e viraste-me as costas! – Constatou como se fosse algo que toda a gente via.
- Em relação ao “chata”, eu não disse mentira nenhuma. E até os gajos que comes te acham chata. A sorte é que tens atributos, apesar de serem de borracha! – Respondi, continuando a fazer as minhas coisas. – Em relação a ter-te virado as costas, andas a ver mal. Eu nem te olhei. Eu só prossegui o meu caminho e tu seguiste-me. Entende uma coisa: o mundo não gira à tua volta! – Lembrei-lhe, virando-lhe agora costas para ir para as aulas.
Só havia uma altura em que escolhia as aulas a fazer outras coisas e a altura era esta, em que a outra opção era aturar a praga.
- Porquê que és tão frio para mim? – Questionou-me escandalizada. – Eu amo-te! – Admitiu novamente.
- Querida… - Comecei encarando-a com frieza. – Amar não é estar numa esquina à espera que te enfiem dois dedos entre as pernas! Cresce! – Disse-lhe com um tom de voz cortante, deixando-a ali, com as lágrimas quase a borrar-lhe toda a maquilhagem.
As aulas, como de costume, estavam boas para dormir e, já que os alunos preenchiam o ar com os seus sussurros, aproveitei para repor o sono, uma vez que as suas vozes assemelhavam-se a canções de embalar.
- Mr. Montgomery, poderia vir resolver o cálculo ao quadro? – Ouvi a professora de matemática abordar-me.
Abri os olhos em pequenas fendas cansadas e encarei o exercício. Bolas! A mulher detestava-me.
- Seria um prazer! – Exclamei, levantando-me preguiçosamente.
Pelo caminho, fiz sinal à Claire que encarou o caderno com um sorriso trapaceiro.
-“Metes-te em trabalhos e quem te safa sou eu, né?” – Pensou ela.
Suspirei pesadamente e peguei na caneta do quadro muito lentamente.
- “Lembraste de trigonometria?” – Perguntou-me mentalmente.
- Se não visionas o exercício, juro que te dou uma sova lá fora! – Exclamei num sussurro inaudível, que só ela poderia ouvir através do ar.
Ela grunhiu mentalmente e, após um longo suspirou, pensou no exercício que resolveu no caderno. Ao vê-lo através da mente, ainda me sentia um pouco confuso, mas já me começava a familiarizar com isto. Até era simples visionar o que os outros pensavam. Acho que, a seguir à hipnose, ler pensamentos era tão simples como respirar.
Concentrei-me na mente da minha gémea e tentei ignorar todas as outras vozes que surgiram quando abri a minha mente. Aquilo dava umas dores de cabeça desgraçadas, contudo era suportável.
Em pouco mais de três minutos, a professora ficou de boca aberta por conseguir resolver um exercício sobre algo que nunca devia ter ouvido falar.
- Como resolveu o exercício? – Perguntou admirada.
- Nunca ouviu dizer que os gémeos são telepáticos? – Questionei com um sorriso trocista. – Eu li a mente da minha irmã e ela disse-me a resposta. Tipo abracadabra! – Gozei.
- Mr… - Começou, preparando-se para me expulsar, mas o toque interrompeu-a.
- Até segunda professora! – Despedi-me, saindo dali a rir-me.
- E um obrigado? – Expressou Claire rindo do momento.
Eu podia não gostar muito da magia, mas quando era para benefício próprio nem hesitava. Afinal, a magia tinha de se redimir por me ter tirado tudo.
- Vais embora? – Perguntei em vez de lhe agradecer.
- Vou. Não estou com espirito para cantorias. E tu?
- Vou contigo. Não me apetece ver o rabiosque da Melissa a abanar-se para mim.
- Que nojo! Dispensava pormenores! –
Expressou enojada.

***

- Já em casa? – Perguntou-nos Anthea, surgindo no hall de entrada da nossa casa.
- É sexta-feira! – Relembrou Claire.
- Eu sei, minha querida neta! Mas isso é tudo entusiasmo para ir… - Começou com um sorriso maravilhado.
- Este fim-de-semana não vou! – Interrompi a minha avó.
- Não?! – Inquiriram as minhas familiares em simultâneo.
- Não! É obrigatório? – Questionei, indo novamente para a cadeira onde me sentara de manhã e apreciando a casa amarelada.
- Claro que não, filho! – Respondeu a minha avó, estranhando o meu comportamento.
- À procura da loirinha? – Interrogou a minha irmã.
- Loirinha? – Interpelou a usuária da terra.
- A miúda da casa amarelada. – Explicou Claire, sentando-se ao meu lado.
- Eu fui lá hoje. – Contou a Anthea.
- Foi? – Perguntei, encarando a mulher que nos cuidou.
- Fui! – Repetiu. – Eu achei estranho a alegria da natureza perante a chegada das novas vizinhas e fui averiguar. – Explicou. – E não me espantou a sua alegria.
- Porquê? – Inquiriu Claire.
- Aquela casa exala poder. – Esclareceu. – Quem me abriu a porta foi a miúda. E ela… - Começou incerta que palavras deveria escolher. – Não sei que dizer. Contudo, apareceu uma mulher adulta com cara de poucos amigos. Pelas ondas do mar que preenchiam o seu sangue, deve ser uma usuária da água. Ela emitia beleza e charme.
- Feiticeira como as sereias. – Conclui.
- Mas não era uma. Não tinha cauda. – Constatou certa do que dizia. – O estranho é que ela fora arrogante. Normalmente as sereias tendem a ser um pouco convencidas, mas os usuários da água são calmos e amigáveis. – Expressou incerta. – Agora que penso… Era usuária da água. Tinha as três ondas tatuadas no pulso.
- O símbolo da água. – Disse Claire, passando a mão na sua própria tatuagem.
Todos os seres mitológicos com alma tinham a sua própria tatuagem, que ninguém tinha igual. Elas são como impressões digitais, únicas e que nos identificam. A da minha irmã é o símbolo do ar, com três espirais que lembram o vento. A da minha avó assemelha-se a uma rosa, indicando a afinidade com a terra, em especial com flores. Já eu observo no meu pulso um pentagrama, símbolo dos quatro elementos coordenados pelo espírito, o elemento com que me conecto.
- A loirinha tinha alguma tatuagem? – Inquiri curioso.
- Já que falas nisso… Sim tinha! Uma muito esquisita… Estranha, até… Não a consegui associar a nenhum elemento. – Exclamou minha avó.
- Como era? – Questionei.
- Parecia uma lua, mas também parecia um sol… Tinha uma bola prateada como uma lua cheia e, dentro dessa, tinha uma meia-lua, ou algo semelhante a uma meia-lua, preta. O que pareciam raios de um sol variavam entre prateados e pretos… Era muito peculiar. – Descreveu minha avó, enquanto estudava mentalmente o que tinha visto.
- Realmente ela é uma deusa da lua! – Conclui, encarando novamente a casa, vendo-a na porta.

***
Que tal?
O que acharam das novas revelações?
E da relação entre a Claire e o Dylan?
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Fox* Ter Jun 26, 2012 11:21 am

Hahahaha, já te tinha dito que adoro estes dois, têm uma relação super divertida!
E o Dylan que se ponha a pau porque ela não é humana... E o cupido sabe disso ;)!
Oh, a relação que eles têm, tanto em casa com a avó, como entre eles, é muito fixe! Gosto da confiança que depositam uns nos outros e como se ajudam mutuamente! :D
Boa família!

PS: também quero um telepático para me ajudar nos testes xD
avatar
Fox*
Moderadora
Moderadora

Localização : Debaixo da Cama

Histórias Publicadas : -----------

http://aroundmylittleworld.tumblr.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Ter Jun 26, 2012 11:33 am

Fox* escreveu:Hahahaha, já te tinha dito que adoro estes dois, têm uma relação super divertida!
E o Dylan que se ponha a pau porque ela não é humana... E o cupido sabe disso ;)!
Oh, a relação que eles têm, tanto em casa com a avó, como entre eles, é muito fixe! Gosto da confiança que depositam uns nos outros e como se ajudam mutuamente! :D
Boa família!

PS: também quero um telepático para me ajudar nos testes xD
Ahahahahah Maldito bebe das fraldas fofas xD Vai atacar o Dylan Muahahahah
A minha intenção, quando criei esta família, era relacioná-los de uma forma que parecesse natural, mas que demonstrasse como uma família deve conviver (na minha opinião). Espero ter conseguido transmitir algo bom (:
Também eu queria um! Tinha sigo mesmo jeitoso ter um no exame de Fisica e Quimica xD
Obrigada por leres e comentares (;
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por PandoraTheVampire Qui Jun 28, 2012 1:55 pm

Upa estás mesmo a dar a volta à história toda! Novos seres mitológicos, a história das tatuagens, muito bom! Estou a gostar imenso. Mas ainda não foi desta que vimos alguma interacção entre o Dylan e a Selena... espero que esteja para breve!! :p

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Qui Jun 28, 2012 2:44 pm

PandoraTheVampire escreveu:Upa estás mesmo a dar a volta à história toda! Novos seres mitológicos, a história das tatuagens, muito bom! Estou a gostar imenso. Mas ainda não foi desta que vimos alguma interacção entre o Dylan e a Selena... espero que esteja para breve!! :p
Tu estás mesmo com vontade de ver interacção entre eles...
Eu ponho-os a procriar, queres? xD
Ainda bem que aprecias as novas adições (;
Ainda bem que estás a gostar (:
Obrigada por leres e comentares!
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Sáb Set 29, 2012 11:21 am

Hello Darling's
Peço desculpa a imensa demora a actualizar a minha treta, mas estas férias foram uma treta e agora, com o inicio da escola, ainda ando a tentar acompanhar a rotina que se implementou na minha vida. Uma treta -.-
Mas, mais vale tarde que nunca e espero que gostem de matar saudades. Hoje trago-vos a primeira parte do capitulo 5. (;


{Verdade na Mentira} - Página 3 Scaled.php?server=684&filename=1capitulo5
- Parte I -



O fim-de-semana passara nas calmas, mas a voar e isso deixava-me aborrecida. Eu devia fazer parte do grupo das pessoas que desejam um fim-de-semana de cinco dias e uma semana de dois dias…
Porém, este final de mais uma semana até fora bem passado.
Sábado, enquanto eu e a Eli percorremos quase todas as lojas de Nova Iorque e estouramos uma grande quantidade de dinheiro que fez a minha mãe berrar connosco à hora de jantar, a nossa Di tratava de toda a papelada relacionada com a nossa estadia, com o seu trabalho e com a minha escola. Era triste não a ter connosco, só que bastou ela argumentar que “ou fazia aquilo ou vivíamos na rua” e as lojas apenas apreciavam os nossos olhares babados e os risos de êxtase e excitação. E parece que as funcionárias também gostavam quando íamos pagar, não só porque se viam livres de duas doídas, mas também porque viam carradas de dinheiro encher os bolsos delas. A minha mãe é que ficou num estado de irritação que os olhos quase lhe saltaram das orbitas quando viu as etiquetas das roupas. Contudo, ela adorou os vestidos que lhe compramos, perdoando-nos ligeiramente. Claro que, para se desculpar, a Eliane utilizou argumentos impensáveis como “estou deprimida por só ver velhos na rua onde moro” e “estou desesperada por pegar fogo a uma cama”.
No final, a minha mãe desistiu de contestar por se fartar de ouvir palavras idiotas e que transmitiam má influência, preferindo ignorá-la e explicar como seria dali para a frente.
- Não te vou levar mais à escola! – Dissera-me ela, derrubando qualquer desejo de comodidade que pudesse ter nas minhas viagens matinais.
Argumentou que não ficava a caminho e deu-me uma pasta para avaliar com atenção as informações essenciais para me conseguir aguentar nesta nova escola. Dizer que sou crescidinha e sei tomar conta de mim é um bom argumento para quando querem deixar as coisas sobre os meus ombros. Quero ver se ela continuará a proferir isso quando lhe pedir para sair à noite… Cheira-me que não.
Hoje, domingo, fora mais estranho. Logo pela manhã, Ynes surgiu à nossa porta e pediu para passear com ela, alegando que uma tal de Claire estava ocupada e a mãe não a deixava caminhar sozinha por ali, apesar da sonolência daquele lugar.
Anui que o faria e pedi para esperar que me vestisse, convidando-a a entrar e a tomar o pequeno-almoço comigo. Ela negou a comida, mas sentou-se, conversando comigo enquanto esperava.
A rapariga era simpática e de sorriso fácil, sussurrando as suas respostas à nossa conversa. O mais estranho foi quando lhe perguntei porque falava baixinho e respondeu que não queria acordar o espírito do mar e do sol. A miúda expressava-se de forma estranha, mágica e celestial.
Agora que me relembro da nossa conversa, é que me apercebo o quão estranha ela fora.
- Eu chamei-te deusa da lua porque é o significado do teu nome. – Explicou com inocência.
- Mas é só um nome. O nome que me deram. Sem qualquer interpretação. – Replicara pensativa. – Assim como te chamas Ynes.
- Ynes significa pura, pura como um anjo. – Contou com orgulho das suas palavras.
- E tu és um anjo. És uma rapariga muito doce como um anjo. – Concordei, sorrindo-lhe com carinho e amabilidade.
- Não! – Contestou. – Eu sou um anjo! Um anjo do céu! Daqueles com asas branquinhas e fofinhas! – Esclareceu, mostrando-me o seu pulso.
Tinha-o olhado espantada, perguntando-me como uma rapariga de sete anos já poderia ter uma tatuagem feita. O desenho das asas de um anjo, fechando-se ao redor de um coração como que o protegendo, estava fascinante. O estranho é que, avaliando-a, esta não parecia feita… Parecia natural… Como marca de nascença, mas que não surgiu quando nascemos. Que surgira mais tarde. Era estranho, só que ela era tão perfeita que nunca poderia ter sido desenhada num pulso tão pequeno. E o mais esquisito, é que assemelhava-se à origem da minha. Eu também tinha uma tatuagem no mesmo pulso que a pequena Ynes. Vi-a um dia de manhã há quase dois anos. Tinha feito quinze anos na semana anterior e ficara realmente assustada quando acordara com aquilo no pulso. Não sou contra tatuagens, mas é esquisito ver algo desenhado no meu corpo, principalmente surgido do nada. Só sei que tentei esconder ao máximo da minha mãe e, no verão, usava tantas pulseiras que era impossível vê-la. No entanto, só me descuidei na sexta, quando tratávamos das arrumações, mas espero que ninguém tenha percebido ou estaria metida em maus lençóis e muitos trabalhos.
Ela até é bonita e eu gostava dela, como se fizesse parte de mim. Acho que não me conseguiria desfazer dela por mais que devesse. Tendo a lua como símbolo principal, é de uma tonalidade prata brilhante, apesar de ter zonas pretas que a transformam em algo mais gracioso e misterioso. Talvez a ideia de ser a deusa da lua não fosse assim tão descabida… Ynes podia ter razão… Apesar que a ideia soava muito absurda, mas não parecia errada. Bem, tolices da minha mona.
Pensando novamente na miudinha de cabelos cor de bronze, relembro a estranha sensação que tive hoje. Quando estávamos a chegar à casa dela, pressenti que alguém nos observava, impressão que sentira desde que saíra de casa pela matina, mas que ignorara por achar surreal.
Porém, quando visualizei uma sombra atrás de umas cercas, encaminhei, com rapidez, a rapariga até à porta, tendo-me apresentado ao casal Wilson e permanecido na casa mal aquele sentimento passou. Perto do almoço, voltei para casa, mas o vulto negro parecia estar sempre atrás de mim. Detestava aquilo, já que, com medo, fiquei em casa o resto do dia, trancada e negando qualquer convite das minhas familiares para apreciar o maravilhoso dia invernal, embelezado com os fofos flocos de neve, que se tinha imposto. Por isso, fiquei todo o dia deitada de barriga para cima, imaginando os flocos que cobriam a minha janela ao meu redor enquanto desvendava os mistérios que a minha mente me colocava. Por exemplo, na noite de sábado para domingo, enquanto dormia serenamente, senti alguém chamar-me, numa voz desesperada e chorosa. Este grito imaginário sobressaltou-me e não preguei olho o resto da noite até adormecer novamente embalada pelo som do vento que me abraçava como uma mãe conforta o seu filho numa noite de pesadelos. Todos estes sentimentos súbitos eram estranhos, mas até os agradecia. Faziam-me sentir completa.
“I won’t suffer, be broken, get tired, or wasted, Surrender to nothing, or give up what I started and stopped it, from end to beginning. A new day is coming, and I am finally free!”
Assim que ouvi “Attack” na voz inconfundível do sexy Jared Leto, levantei-me num pulo e olhei ao redor. Era manhã de segunda e eu tinha adormecido rodeada pelos pensamentos do fim-de-semana. Pelo menos adormecera de pijama.
Menos mal!
- Sel acorda! Tens uma hora para estares na paragem ao fundo da rua! – Berrou a minha mãe do andar de baixo.
- Uma hora? – Inquiri espantada, tropeçando no tapete quando iniciei a corrida para a casa de banho, estatelando-me no chão.
- Arre! – Rugi irritada e dolorida.
Caída no chão, levei a mão ao meu joelho direito e esfreguei, tentando aliviar a dor. Contudo, os meus olhos arregalaram-se quando viram o fluido escarlate espalhar-se pelo tecido que cobria a superfície dolorida.
- Sangue! – Exclamei num sussurro sufocado.
Inconscientemente, levei os dedos sujos com o líquido vermelho à boca e senti o sabor ferroso a atingir-me as papilas gustativas e a levar-me por caminhos desconhecidos. Naquele momento só via sangue… Sangue e gritos… Misericórdia! Eu pedia por compaixão!
- Sangue! – Disse novamente, agoniada.
- Selena? – Chamou a minha mãe, surgindo atrás de mim.
- Sangue! – Repeti paralisada.
- Selena? – Murmurou assustada, abanando-me. – Que sangue?
Os meus olhos perderam o foco e as lágrimas acumulavam-se, preparando-se para escorrerem pela minha face, mas impedi-me de chorar diante a minha progenitora. Olhei o meu joelho e as minhas mãos e verifiquei que não havia qualquer rasto de sangue, ficando pensativa com aquilo que acabara de acontecer e fizera a minha cabeça berrar de dor.
- Pensei que me tivesse magoado com a queda! – Justifiquei tonta.
Levantei-me a custo e olhei ao redor. O que tinha acontecido?
- Mas estás bem? – Perguntou confusa e estranhando o meu comportamento.
- Acho que bati com a cabeça quando escorrei. – Expliquei. – Desculpa ter incomodado.
- O que me interessa é que estejas bem. –
Proferiu avaliando-me.
- Provavelmente só terei uma pisadura horrível amanhã. – Disse-lhe, dirigindo-me para a casa de banho.
- Depois põe pomada. – Lembrou a minha mãe enquanto ia para a saída do meu quarto. – Despacha-te para comeres antes de ires. – Recordou antes de desaparecer dali.
Estranha e perdida ali, tentei-me despachar, acabando por atrasar-me como era habitual em Londres. Depois de tomar o duche rápido e de ter vestido uma das minhas inúmeras roupas novas, desci numa correria desnecessária para tentar comer antes de sair, porém, ao que parecia, ia ter de comer enquanto caminhava para a paragem (como era normal).
Eu não sabia como isto de andar de transporte escolar funcionava, já que sempre me deslocara de automóvel através das paisagens londrinas, mas não deveria ser muito difícil.
Em cinco minutos cheguei à paragem e vi o veículo laranja a aproximar-se, fazendo-me suspirar de alívio. Para a próxima não deveria vir com passos trémulos e receosos. Talvez não viesse… Deveria ser de hoje, o meu primeiro dia numa nova escola. Afinal, as atitudes perante um brinquedo recente voltariam. Os olhares regressariam. A sensação de solidão e desconforto retornariam. Tudo novamente. E, apesar de acreditar que me habituaria cada vez mais à medida que isto se tornava tão comum, só enraizava com mais afinco os meus medos, receios e dúvidas na minha pele.
Esperando pela minha vez, sorri quando a pequena Ynes passou perto de mim. Até nem entravam muitos aqui. Apenas umas quatro raparigas, uns cinco rapazes e umas quantas crianças. Não as consegui contar por serem irrequietas, mas deviam ser quatro ou cinco.
Ficando para o fim, segui atrás dos que pareciam ter uma idade próxima à minha e, como era a primeira vez que me viam, o motorista pediu para mostrar o cartão da escola, comprovando que era aluna.
Pelo que vi no dossier que a minha mãe me dera, todos os alunos tinham direito a um cartão de identificação e, os novos como eu, recebiam um mapa da escola e um aluno que já frequente lá há mais tempo para acompanhar na primeira semana, ajudando em tudo que o iniciado precise e a fortalecer a sua integração. Porém, suspeitava que isso não fosse acontecer. Se me calhasse uma popular, o mais certo era obrigar-me a dizer que ela foi atenciosa, virar-me costas e nunca mais lhe ver a fronha a não ser quando desfila pelos corredores. Ainda me lembro quando me calhou uma miúda de cabelos negros como a escuridão. Ela era tão rude e arrogante que faltou pouco para lhe cortar o cabelo à chapada. A sorte dela foi a minha personalidade incluir uma parte educada, senão ela iria fazer uma visitinha aos médicos.
Procurando um lugar para me sentar, consegui encontrar um assento livre quase no fundo do autocarro, encaminhando-me para lá com certa dificuldade, não só por estar em movimento, mas também pelo zumbido que me atacava a mente e a fazia berrar de dor. Não sabia explicar que sussurros eram aqueles que me apertavam a cabeça, mas era desconfortável e estranhíssimo. Aquelas dores assemelhavam-se a quando ouvíamos diversas vozes e músicas ao mesmo tempo, nem entendendo uma, nem conseguindo aguentar tanto ruído. E esta sensação irritava de tão repetitiva se começava a tornar. Já no sábado, quando estava no centro comercial, um zumbido atrapalhava-me a audição e tornava o ambiente desconfortável, mas, com a Eli, parecia que conseguia abrandar.
Assim que chegamos à escola e as pessoas iam abandonando o veículo, o ruido parecia ruir, mas, mesmo assim, levantei-me num ápice, ansiando por ar fresco. Estava provado: detestava viajar de autocarro.
Porém, para mal dos meus pecados, no meio da confusão, choquei contra alguém, ficando retida no final da fila. Preparando-me para me desculpar, ergui o olhar (chama-se educação falar para uma pessoa enquanto se olha para ela), mas o pedido ficou preso na garganta quando encarei aqueles profundos olhos azul-céu, tão brilhantes e vivos como uma manhã ensolarada.
O rapaz portador de tão hipnotizante olhar era uma cabeça mais alta que eu, o que, acrescentando aos nossos corpos colados, impossibilitava vê-lo na perfeição. Contudo, consegui verificar que a sua pele clara e macia cobria um corpo de cortar a respiração, isto é, trabalhado e musculado. O seu cabelo negro como carvão era curto, o que permitia a qualquer pessoa sã perder-se naquele olhar mágico.
Aprisionados no olhar um do outro, foi necessário o motorista alertar-nos para ele acordar para a realidade e proferir um rude “vê por onde andas”, caminhando para longe de mim.
Sussurrei um tímido “desculpa” não ouvido e saí do transporte, cabisbaixa e completamente envergonhada. Pelo menos o zumbido tinha parado, apesar de ainda sentir uma pontada de dor devido a algo incomodativo, mas distante.

***
Que tal?
O que acharam do encontro da Selena com o Dylan?
E o que acharam do estranho facto da Sel ver sangue onde ele não via? E os zumbidos? O que vos faz pensar?
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Fox* Sáb Set 29, 2012 3:31 pm

Yey, atualizações! :D
Sabes, eu podia responder às tuas perguntas, mas a minha capacidade para falar demais choca-me sempre...
Vou dizer apenas que, num dia normal ela seria considerada esquizofrénica ou algo assim pelas coisas que anda a ver/sentir/ouvir. Não é normal e deixa-nos a ver que as coisas não são assim tão simples... :)

E quanto ao encontro deles... Oh, só posso ansiar por mais :D!
avatar
Fox*
Moderadora
Moderadora

Localização : Debaixo da Cama

Histórias Publicadas : -----------

http://aroundmylittleworld.tumblr.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Sáb Set 29, 2012 4:12 pm

Fox* escreveu:Yey, atualizações! :D
Sabes, eu podia responder às tuas perguntas, mas a minha capacidade para falar demais choca-me sempre...
Vou dizer apenas que, num dia normal ela seria considerada esquizofrénica ou algo assim pelas coisas que anda a ver/sentir/ouvir. Não é normal e deixa-nos a ver que as coisas não são assim tão simples... :)

E quanto ao encontro deles... Oh, só posso ansiar por mais :D!

Já não era sem tempo, hem? xD
Sim sim, eu sei que podias, mas shiu!! No spoilers!!!!
Ela deve ter uma panca mais ou menos, deve. Mas pronto... Que se pode fazer?

O tão esperado encontro deles... Que dirá a Pandora? xD
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por PandoraTheVampire Seg Out 01, 2012 2:26 pm

Yeyyy, you're back!! Bem, deixa que te diga que gostei muito deste capítulo. Para começar já me deixaste com mais dúvidas e interrogações na cabeça. Sangue? Que raio... e os zumbidos? O que é que se passa na cabeça da moça?

Ohhh gostei do encontro entre os dois, mas soube a pouco. Acho que preciso de mais uma dose, okay?? xD

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Seg Out 01, 2012 5:41 pm

PandoraTheVampire escreveu:Yeyyy, you're back!! Bem, deixa que te diga que gostei muito deste capítulo. Para começar já me deixaste com mais dúvidas e interrogações na cabeça. Sangue? Que raio... e os zumbidos? O que é que se passa na cabeça da moça?

Ohhh gostei do encontro entre os dois, mas soube a pouco. Acho que preciso de mais uma dose, okay?? xD

O que será que se passa com a moça?? Boa pergunta :P
Em breve descobrirás... Talvez xD
Parece que terás de continuar a ler para saciares essa vontade de ver interação entre eles (:
Obrigada por leres, comentares e gostares ;)
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Nitaa Seg Out 01, 2012 5:53 pm

Hello Darling's
Ora bem, como sou muito simpática *cofcof* trago-vos a segunda e ultima parte do capitulo 5.
Espero que gostem (:


{Verdade na Mentira} - Página 3 Scaled.php?server=684&filename=1capitulo5
- Parte II -



- Selena? – Uma voz nasalada perguntou atrás de mim, enquanto ouvia uns saltos aproximar-se numa correria.
Parei e girei nos meus calcanhares, dando de caras com uma rapariga de um loiro claramente artificial que, quando reparou que fora notada, desfilou até mim, demonstrando o poder que acreditava deter. Só pode ter estatuto.
- “Que sorte a minha” – Pensei derrotada.
- És a miúda nova, não és? A Selena? – Questionou-me impaciente.
- Sim, sou. – Confirmei desconfiada. - E tu és? – Interroguei, fazendo-me de despercebida.
- Melissa Rosser, chefe da claque feminina da escola e presidente do comité estudantil. – Disse ela muito orgulhosa enquanto caminhávamos para dentro. – Cuidado quando proferes o meu apelido! É francês, por isso nada de o estragar com a pobre pronuncia americana! – Exigiu com uma certa soberania.
- Como podes avaliar, eu sou britânica! – Demonstrei à medida que falava e exibia o meu sotaque.
- Oh! – Expressou falsamente espantada. – Alguém com uma certa classe… - Proferiu desinteressada. – Pergunta rápida: onde fizeste esses caracóis claramente falsos? – Solicitou, tentando rebaixar-me.
- São naturais. – Respondi nem a olhando. Acho que um papel era mais útil que ela.
- Que sortuda! – Ironizou, desvanecendo o seu sorriso. - Vou-te levar onde deve ser o teu cacifo e ficas entregue. Eu não sei o teu horário, nem me interessa. Estou na organização do Baile de Inverno, por isso ainda tenho muito que fazer. – Explicou, diminuindo o tom. – Se por acaso te queixares que eu não te ajudei, podes contar com a tua cabeça na sanita. – Ameaçou. - Oh e como és como uma minha protegida, tens de prestar provas para as líderes da claque. Beijinho. – Despediu-se em alto e bom som, para que todos ouvissem o quão querida ela era.
A rapariga era uma cabra e, naquele momento, estava a fazer um enorme esforço para não lhe torcer aquele pescoço. Respirei fundo tentando-me acalmar e voltei-me para o meu cacifo, ignorando aquela cena. Sinceramente, nem precisava de ninguém para me ajudar, pelo menos gente como aquela.
- “Bem-Vinda à escola, Sel” – Ironizei mentalmente.
No entanto, nem tudo corria mal. Um ponto positivo: lembrava-me dos quatro dígitos do meu código do cadeado. Agora abrir a porta é que era um martírio.
Uma mão branca surgiu e, fazendo uns pequenos movimentos, conseguiu facilmente abrir a porta.
- Precisas de aprender o truque. Depois disso é fácil, Selena. – Explicou uma rapariga de cabelos negros, abrindo os seus lábios num sorriso acolhedor. – Sou a Claire. – Apresentou-se com amabilidade.
Arregalei os olhos quando ouvi o meu nome no seu discurso e avaliei-a atentamente. Assemelhando-se ao rapaz com quem chocara no autocarro, ela tinha um cabelo preto um pouco mais longo que o meu e a sua pele era tão clara como a dele. Acho que o que os distinguia era a diferente tonalidade azulada dos seus olhos. Enquanto o rapaz era um azul claro como o céu numa manhã primaveril, o dela era um azul mais prateado como o céu num dia enublado e ventoso, apesar de também serem muito bonitos e diferentes. Tinha a sensação que eram parentes. Só esperava que ela não fosse arrogante como ele.
- Vivemos na mesma rua. – Contou. - Eu vi-te na sexta-feira de manhã antes de ir para a escola. – Continuou. Então ela era a rapariga do grito rude. Bem, parecia que, ou aquela sexta-feira era só fachada, ou ela estava a ser falsamente amável agora. - Pelo que estou a ver tens algumas disciplinas que também tenho. – Constatou olhando para o horário nas minhas mãos. - E ainda bem para ti. Com a tonta da Melissa não ias ter muita sorte. Aquela cabeça de vento preocupa-se mais com uma unha do que com uma alma. E pelo que vejo vou ser a tua salvadora. – Disse ela orgulhosa de si.
- Obrigada? – Tentei afirmar mas saiu mais como uma pergunta. Estava meia em choque pela sua atitude extrovertida. Fechei o meu cacifo e caminhei ao seu lado. – A Melissa não me pareceu uma cabeça de vento. Ela até parecia inteligente e calculista. – Expressei. – É um prazer conhecer-te. Mas como sabias o meu nome? – Perguntei-lhe enquanto caminhávamos para a sala onde íamos ter aula juntas.
- Ora eu sou uma rapariga cheia de talentos e até sou inteligente. Contudo, quando há alguém novo na minha rua, eu descubro rapidamente. Aquela rua está cheia de coscuvilheiros! – Riu-se de uma forma que deixava qualquer um com um bom estado de espírito.
- Mais uma vez obrigada. – Falei agora mais convicta.
- E podes falar mal da Melissa comigo. É impossível alguém insultá-la mais que eu! – Exclamou rindo maquiavelicamente antes de dirigir-se para o seu assento ao lado do rapaz mágico.
Este era discreto e encontrava-se em posição para dormir, contudo exalava soberania e charme. Bem, com aquela aparência deslumbrante só podia ser popular. E o número de raparigas que lhe sorriam era alargado, mas nenhuma se atrevia a dirigir-lhe mais que um “olá”, já que aquela que aclamava pela sua atenção era a rude loira falsa.
Suspirei pesadamente e sentei-me no único lugar vazio na sala, ao lado da Melissa e diante a Claire, avaliando o espaço que me rodeava.
A sala era grandinha e tinha seis filas de carteiras de um lugar, com uma distância curta entre si. Antes do toque, havia grupos ali espalhados e os murmurinhos reinavam. O que também tinha voltado era o doloroso zumbido que teimava em entupir a minha audição, mas mesmo assim não me impediu de cuscar a pequena conversa que surgiu atrás de mim.
- “Não vais cumprimentar a Selena?” – Perguntou Claire espantada.
- “Não! Porque deveria?” – Ouvi uma harmoniosa voz masculina responder.
- “Que pergunta parva! Não te lembras do que a…” – Proferiu Claire, não terminando.
Ou seria eu que não consegui ouvir tudo? Não me espantava! A dor só aumentava cada vez mais.
Esperando que a dor passasse, consegui reparar na enorme queda que a Melissa deveria ter pelo irmão da Claire. Outro acontecimento que reparei, foi a popularidade da Claire, ou a falta dela, conversando apenas com uma rapariga com óculos. Ninguém parecia reparar na existência delas, mas elas não pareciam importar-se com isso. Tenho de salientar o quão observada me setia hoje, principalmente por um grupo de rapazes com o mesmo casaco azul vestido.
Encarei a mesa, desenhando padrões invisíveis nesta com o meu dedo indicador, tentando ignorar os murmúrios agoniantes na minha cabeça.
- Olá! – Cumprimentaram-me animada e simpaticamente.
Ergui o olhar e retribui o sorriso ao rapaz fofinho que surgiu diante mim. Os seus olhos azuis acinzentados e a sua carinha de menino, principalmente marcado por duas covinhas que se formavam os cantos dos seus lábios sorridentes, conferiam-lhe uma aparência jovial e atraente.
- Olá! – Retribui com timidez.
- És a nova aluna não és? Como te chamas? – Perguntou-me amavelmente com a curiosidade à flor da pele, demonstrando o interesse que ele e os colegas nutriam.
- Sim sou. – Confirmei amavelmente. - Chamo-me Selena.
- É um prazer Selena. Eu sou o Ethan, Ethan Welch. –
Apresentou-se nervoso. - Não tenho direito a dois beijinhos teus? Eu sei que é raro ter dois beijinhos de alguém tão belo e encantador, mas acho que posso tentar a minha sorte. – Elogiou-me enquanto alargava o seu sorriso encantador, ansiando para que a suas palavras sedutoras surtissem efeito.
- Claro que tens. – Respondi-lhe com um suave sorriso pela sua simpatia e coragem.
No entanto, algo me dizia que não o deveria fazer, contudo fi-lo, erguendo-me para fazer aquele gesto amável.
- “Que sorriso! E que corpo! Se eu a conquistar vou ser um garanhão!” – Ouvi assim que os meus lábios encostaram-se à sua pele, sentindo um puxão para a sua mente que me levou a saber daquilo.
Uma tontura me atingiu e caí para trás, sentando-me na cadeira inexpressiva e sem reação, encarando o nada, processando aquilo que surgiu na minha mente sem qualquer explicação plausível.
A Melissa parou a sua desastrosa conquista e aproximou-se de mim, forjando uma preocupação. Era esquisito ela adorar manter tanto as aparências, mas, naquele momento, o que me espantou foi o olhar questionador que Claire mandou ao seu irmão, que apenas me encarava, carrancudo e com pena.
Porquê compaixão no meio do desprezo?
- O que lhe fizeste idiota? Já a estavas a tentar engatar e com tanto mel deves ter deixado a rapariga enjoada. – Resmungou ironicamente para Ethan, aproveitando a oportunidade para gozar com o pobre rapaz.
- Oh Melissa, não fiques com ciúmes, sim? Come ali o Dylan à vontade e não venhas para aqui atacar com o teu veneno. – Retorquiu o moço de forma trocista para ela. - Estava só a cumprimenta-la e a fazê-la sentir-se em casa. Ela é que se deve ter sentido mal por se ter levantado tão abruptamente. – Tentou justificar algo inexplicável para ele.
- Estás bem Selena? Queres alguma coisa? – Perguntou-me a loira, tentando manter a farsa.
- Não, deixa estar. Eu estou bem. – Respondi com frieza, afastando-a suavemente.
Naquele momento não estava com paciência para gente falsa e cruel. Tinha mais em que pensar. Porém, apenas uma pergunta me invadia a mente, manchando-a com dúvida e medo. Era possível descobrir o que viaja por uma mente que não seja a nossa? Claro que não podia. Era impossível, acho eu. Ou assim eu acredito e quero acreditar.
Entretanto escutou-se a campainha berrar, fazendo cessar todas as conversas e os sapatos clássicos do professor de anatomia fizeram-se ouvir contra o linóleo riscado, levando a que todos os alunos ocupassem os seus lugares, tirarem as coisas da mochila e esperar que o professor iniciasse a aula para retomar as conversas agora paralelas e enviar papeizinhos com recados inúteis.
No entanto, reparei através da minha visão periférica o quão trombuda a Melissa ficara, provavelmente pensando que isto tornara-me no centro das atenções, o posto que ela adora manter. Além disso, o olhar apoquentado da Claire deixou-me preocupada com o que poderia percorrer a sua mente perspicaz. Contudo, aquilo que mais me arrepiou foi o fulminante olhar de desdém que o Dylan me encarava. O que eu fizera de mal para ele me mirar assim? E porque a Claire está apreensiva? E acima de tudo, como consegui ler os pensamentos do Ethan? É que as palavras que me surgiram na mente, definitivamente não poderiam ser minhas. Tantas perguntas sem resposta que nos últimos tempos me surgiam.
Infelizmente, Nova-Iorque cada vez mais se manchava com as chuvas da mágoa.
Devastada e enegrecida não só pela inquietação que me atingira, decidira que aquele não seria o melhor dia para conviver e socializar na esperança de arranjar uma companhia, acabando por caminhar sozinha pelos corredores, ou manter-me sempre perto do meu cacifo de forma a visionar bem a sala para não me perder antes de lá chegar.
Contudo, poderia considerar-me sortuda pelas minhas aulas terminarem antes da uma hora da tarde, possibilitando regressar rapidamente para o que se tornara o meu refúgio, não só para serenar esta dor de cabeça infernal que cada vez mais me consumia, mas também para libertar aquilo que me consumia a alma e a escurecia.
O que se está a passar comigo?
Desde que me mudara para a cidade que nunca dorme, todo o meu pequeno mundo virou de pernas para o ar, fui perdendo o chão e começo a ficar sem saber para onde ir ou para onde me virar. Estava perdida no meu próprio sonho que se tornara pesadelo.
Mas não me podia manter assim. E só havia uma solução… Falar com a minha mãe sobre o que se estava a passar. Não que eu gostasse muito dessa ideia… Ela era uma das pessoas mais contra coisas de fantasia que conhecia… Sim, éramos muito religiosas, rezando aos nossos deuses… Porém ela despreza a magia e fantasia o quanto pode. Mas que mais poderia fazer sem ser socorrer-me com a minha progenitora para me aconselhar? Não podia fazer nada! Este era daqueles momentos que só há um único caminho, sendo ele o precipício.
Apesar de hoje o meu horário limitar-se apenas à parte da manhã, aquele período parecia arrastar-se numa lentidão desmedida. No entanto, os assentos dos irmãos nunca mais foram preenchidos no restante período de aulas. No início, considerei que provavelmente tinham um horário diferente, mas depois lembrei-me da menção da Claire à nossa igualdade de horário. Algo no bizarro momento matinal afetara-os de alguma forma para mim desconhecida.
No final daquele período de ensino doloroso e cansativo, regressei para a minha recente casa no veículo escolar, quase que correndo para ela.

***
Que tal?
O que acharam da Melissa e do Ethan?
E do estranho momento entre a Sel e o Ethan?
Nitaa
Nitaa
Dante
Dante

Localização : Perto das Nuvens

Histórias Publicadas : -----------

http://spestigium-rpg.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

{Verdade na Mentira} - Página 3 Empty Re: {Verdade na Mentira}

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 3 de 5 Anterior  1, 2, 3, 4, 5  Seguinte

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos