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Dear Insanity

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Mensagem por Soph Ter Jun 05, 2012 8:35 pm

Cenas de sexo e de violência explicitas, pessoal...

Dear Insanity 2v94pok


“Adeus aos testes que nos enchem a cabeça! Adeus aos professores que insistem em massacrar-nos com as sua palavras inúteis e inteligentemente aborrecidas! Adeus à escola! É tempo de curtir! É tempo de abrir espaço para a prancha de snowboard e ir para a neve esquiar, beber cervejas, mijar na neve branca, fazer sexo louco na carrinha do avó e apalpar raparigas no meio da multidão! É tempo de ser jovem. É tempo de ser cabrão. É tempo.”


Sim, cabrões. São o que adolescentes como estes são, ao falarem ao pé da minha menina desta maneira, sujando-a, manchando-a com as suas palavras grosseiras e sujas.
A minha menina é pura. É só minha. Perfeita. Deve ser estimada, tocada com delicadeza, abordada com sensatez e amada com paixão.

E quando cair, deve ser ajudada sem ser tocada. Não pelas mãos daqueles a quem chama de amigos. Esses são seres sujos. Muito menos deve ser ajudada pelas mãos daquele a quem dá beijos sem cor, sem calor, sem amor.

Eu sim devo idolatrá-la, beijá-la, amá-la, tocar-lhe.

E se não for há primeira, será há segunda…

Arremessei o corpo da miúda contra o tapete duro da tenda.
Como eu ansiava por isto, por este momento.
Passei três meses a seguir-lhe os passos, a decorar a sua rotina, a aprender os seus hábitos. Por ela, mudei a minha forma de viver. Mudei.

Abandonei a minha casa, troquei-a pela tenda que montei no jardim do parque em frente à casa dela, passei a alimentar-me de pão e água.
E com uma conta bem recheada no banco. Com uma vivenda no alto do monte, sossegada e escondida. E com o meu Ferrari parado, abandonado no parque de estacionamento.

Sim, porque agora ando a pé.

Porque ela também anda.

Passei a beber café no mesmo sítio onde ela bebe.
E eu nem gosto de café.

Mas ela bebe. E o café estraga o corpo: celulite, dentes brancos ficam amarelos, esterias, rugas. Mas ela bebe. E o corpo dela é lindo, perfeito, estimado.

Delicioso.

Imaginar as minhas mãos a percorrer a curva daquela cintura fina e definida; sentir o seu cheiro a embrenhar-se em mim; sentir o longo e loiro cabelo dela emaranhado nas minhas mãos; saborear o sabor dela; beijar os lábios vermelho vivo dela; desflorá-la.

Ser o primeiro a tocar-lhe. O primeiro a estrear aquele corpo inocente de dezassete anos.
Toda a sua pureza entre as minhas pernas.

E a adrenalina de ser um fruto proibido só me dá mais vontade de me deixar levar pela insanidade e tomá-la em mim. Faz o desejo aumentar.

E o desejo era tanto…

Tão forte, tão difícil de suportar.

Suportei-o sempre.

Dificilmente, guardei-o todo para mim, limitando-me a fazer parte de pequenos momentos da vida dela, como partilhar o mesmo passeio do mesmo caminho para a escola, como beber o odioso café no balcão, ao lado dela e pedir-lhe que me passasse o açúcar.

Suportei a insanidade arduamente até hoje, quando a libertei.

Voa, voa querida insanidade.
Faz o que tens a fazer. Faz e tira proveito daquilo de que te tenho privado.

E ela fez o que lhe disse.

Ela foi ao encontro da bela jovem e trouxe-a até mim, vestida com aquele seu lindo vestido verde rodado acima do joelho.

Linda.

Perfeita.

Saborosa.

E foi quando as minhas mãos enrugadas tocaram no ombro destapado dela, que ela percebeu.
Olhou-me curiosa e desconfiada.
Fez a cara mais doce que alguma vez vi em toda a minha vida.

E afastou-se.

Mas a insanidade voltou e não me permitiu deixá-la ir. E de repente, ela estava comigo, na minha tenda, sentada a um canto a tremer.

Fi-la chorar.

E por isso, também quis chorar. Não queria fazê-la sofrer. Mas a insanidade não o permitiu, mais uma vez.

Impulsionou-me contra ela, pressionando o meu grotesco corpo contra o peito pela, fazendo a tenda abanar.

E ela esperneava. Gritava. Chorava. Batia-me. Sofria.

E eu continuava a beijar-lhe a bela face, os braços, o pescoço, as pernas sedosas.
Até que precisei de mais. Precisei de muito mais. Desesperei por muito mais.

Mas eu sabia que ela não me iria dar o que eu queria.
Por isso, tentei parar. Tentei voltar as costas à miúda outrora forte, mas que naquela tenda, às dezassete e quinze, estava débil e fragilizada.

Tentei dar-lhe a mão e ajuda-la a levantar-se do chão duro do parque onde estava a minha casa provisória.

Mas ela não aceitou a minha mão.

E chorou, enrolando-se sobre si mesma.

E vê-la assim, tão fraca, tão menina assustada, tão chorosa, entristeceu-me. E não resisti.

Fui ajuda-la.

Mas assim que lhe toquei na face humedecida pelas lágrimas que não cessavam, a insanidade voltou a irromper para fora da minha cabeça e voltou a dominar o meu corpo.

E eu sucumbi mais uma vez.

E desta vez não esperei que ela colaborasse.

Retirei imediatamente as alças daquele tão maravilhoso vestido e destapei-lhe o soutien que tapava aquele caminho para o paraíso.

Comecei pelo peito, deixando a minha língua explorar aquele suave trilho.
Os meus dentes experimentaram a textura da peça de roupa que escondia as pedras preciosas dela.

Muito tecido. Demasiado tecido.

Olhei para ela. A cara estava branca e os olhos vermelhos. Chorava tanto que poderia inundar os Céus e a Terra. E abanava a cabeça, adivinhando o meu próximo passo.

Sorri.

As minhas mãos percorreram as costas dela até encontrarem a mola do soutien. E com um pequeno puxão, os seus maravilhosos e generosos seios mostraram-se a mim.

E eu aceitei-os como dádivas.

Beijei-os como se beija os pés de um Deus.

Acariciei-os. Idolatrei-os.

Mas não chegava, mais uma vez.

Puxei o vestido mais para baixo e descobri a sua suave curva da cintura.
Mais um pouco e vi uma parte das suas cuecas pretas.
Mais um puxão e vi-as por completo.
Mais um pouco de força e o vestido ficou-lhe junto aos sapatos, sem interferir no meu caminho para a jóia dela.

Contemplei-a, deitada com os braços a tapar os seios, tentando conservar um pouco da sua inocência.

Os cabelos a inundarem o chão, os seios descobertos, as cuecas pretas, os sapatos de salto por cima das meias de cetim que lhe tapava as enormes pernas até à coxa. E ela estendida na tenda, tremendo.

Se sou um monstro?

Se ser um monstro significa amar um corpo que outros vêem como bode expiatório para as suas descobertas sexuais, então sim, sou um monstro.

Retirei-lhe as mãos do peito, suavemente.

Ela implorou para que as deixasse estar lá, a conter a sua vergonha.

Mas eu não permiti.

Não havia vergonha, ela não precisava de a sentir.
Era perfeita.

Tal como o meu irmão mais novo, com quarenta e sete anos fez à minha cunhada nos seus anos de juventude, amou o seu corpo, o seu ser, eu iria mostrar a esta menina linda a mesma coisa.

Só que de uma maneira muito melhor.

Abri o fecho da braguilha e deitei-me sobre ela.

Finalmente, querida insanidade, a recompensa pelos tempos que passas-te à espera de experimentar o saber da juventude. Solta-te agora, deixa-te levar pelo sabor e não te preocupes em lembrá-lo, pois haverá mais. Muito mais.

Quando a minha adoração ao seu corpo terminou, duas horas depois, ela não falava, não chorava, não tremia, não sentia.

Deixei-a ir embora, com a promessa de que para a próxima vez, ela poderia escolher um melhor sítio.

Ela mandou-me para o inferno.
E eu sorri.

Já tinha tido o meu tempo de rezar àquela Deusa.
Já não iria para o Inferno.


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Mensagem por Fox* Ter Jun 05, 2012 9:24 pm

Juro-te, odeio que isto tenha começado de novo quando já íamos para o último capítulo no Falecido! Adoro as tuas descrições, adoro cada um dos pontos de vista dos personagens, adoro as revelações que nos vais fazendo, adoro o clima que crias, mas quero um final!
Revoltada xD
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Mensagem por PandoraTheVampire Ter Jun 05, 2012 11:51 pm

Estou com a Fox. Logo agora que estávamos prestes a saber o que ia acontecer temos de começar tudo do principio! Atenção, não me estou a queixar de ler tudo de novo, nada disso. Só que a curiosidade está a corroer-me e só tu tens o anti-corrosivo! lolol
Tão poderoso como quando o li pela primeira vez. Go Soph! Adoro a morbidez das tuas histórias! ;)

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Mensagem por Soph Qua Jun 06, 2012 10:43 am

Oh minhas queridas... é verdade. Vós tendes razão e sei que pode tornar-se um pouco secante ler tudo de novo, mas eu vou publicar de dois em dois dias e vão ver que o final chegará rapidamente.

Posso soltar a pulga e dizer que me deu muito gozo escrever o último capitulo. Deu mesmo. Foi, de longe, a história que gostei mais de escrever (que vergonha ter uma preferida, taditas das restantes...), tal como a Last Chance, mas não interessa.

Mas foi O cúmulo o Falecido (como vocês lhe chamam) ter terminado quando me faltava publicar um capitulo. O último! Muahaha
Life is a bitch xD

Well, obrigada por comentarem ^.^
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Mensagem por Nitaa Qua Jun 06, 2012 5:22 pm

Bem, eu não tinha lido isto no falecido, mas com muita pena minha.
Gostei imenso de ler isto.
Senti-me como se fizesse parte da mente dele e conseguisse ver o que ele pensava, sentir o que ele pensava... Facilmente consegue-se ler o que ele pensa e sente.
Está realmente muito bom.
Quero mais!
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Mensagem por Soph Qua Jun 06, 2012 8:28 pm

Obrigada Nitaa! Fico bastante contente por estares a acompanhar ^-^




A vergonha foi algo com que nunca lidei bem.

Não tolero a humilhação. Desprezo, abomino, retraio-me perante ela.

O facto de saber que as outras pessoas possam apontar-me o dedo por algo que eu fiz, corroí-me a alma. Por vezes basta apenas uma acção fora de tempo, uma palavra fora do contexto e passamos aquela impressão aos demais que, por vezes, não espelha o nosso verdadeiro eu.
E faz-me ter medo.

Faz-me querer chorar, partir tudo o que se atrevesse à minha frente e matar todos os que ousem falar-me.

E há muito que a vergonha não me visitava. Há muitos anos que evito a sua chegada, contornando-a.

Mas não se pode fugir para sempre não é? Não se pode evitar os nossos medos para toda a eternidade. Tem de existir um dia em que vamos perder toda a vergonha e enfrentar os nossos demónios pela fronte e deitá-los a baixo.

Mas agora eu pergunto: e se forem os nossos demónios que nos encontrem a nós? E se, por mais que fujamos, por menos preparados que estejamos para enfrentar os medos, eles voltem sempre para nos assustar e nos fazer sofrer.

Nós não pedimos o meio em que crescemos. Simplesmente crescemos no meio que nos é imposto.

E nada podemos fazer para mudar isso.

Foi há onze anos.

Foi há onze anos que o meu tio se mudou temporariamente (por tempo indefinido) para nossa casa. O meu irmão mais velho cedeu-lhe o seu quarto, enquanto ele, com dez anos, ficou no sótão.
Na verdade, ele ficara mais que contente com a vinda do nosso tio. Assim ele podia ver televisão no sótão sem que os nossos pais pudessem controlar as horas a que se deitava.
E eu também pensava que iria gostar de ter o meu tio, mais velho que o meu pai, na minha casa.

E ao início gostei.

Passeou comigo no parque, brincamos, comprava-me gelados. Ele gostava bastante de mim.
Na verdade, vim a descobrir que ele gostava demasiado de mim.

Foi três semanas depois de ele se ter instalado na nossa casa, que choveu torrencialmente. Trovões enchiam os céus e rajadas de vento faziam as portadas abanar e quase voar ao sabor daquela força imensa.

Eu tremia, na minha cama, debaixo dos meus lençóis amarelos.

Afinal, tinha apenas seis anos.

E o meu tio ouviu-me.

E a noite passou então de um sonho mau a um pesadelo.

Veio até mim, até ao meu quarto quando me ouviu soluçar devido à tempestade.
Nunca antes desejei tanto estar calada, engolir os meus medos.

Entrou no meu quarto, deixando trespassar uma ligeira luz enquanto fechava a porta da divisão rosa onde eu sempre dormia.
Sentou-se na beira da minha cama e eu, inocente, saltei imediatamente para o colo dele.
Lembro-me como se fosse ontem.
Ele começou a fazer festas na cabeça, percorrendo com os dedos enormes os meus cabelos ruivos enquanto sussurrava palavras de conforto.

E eu agarrei-me a ele, abraçando-o e cavando sem saber, a minha própria sepultura.

E para minha grande tristeza, na minha sepultura, havia espaço suficiente para duas pessoas…
Começou por deitar-me na cama, de barriga para cima e deitou-se ao meu lado, acariciando a minha bochecha, o meu queixo, obrigando-me a fechar os olhos.

E eu fechei.

O meu tio estava ali comigo, eu não sentia medo, não tinha de sentir medo. Não devia.
Como eu era ingénua e pura naquela altura.

Do meu queixo, a sua mão desceu até à renda da minha camisa de dormir.

A sua mão entrou, fria e agressiva.

E eu gelei.

Tremia.

O meu tio… que estava ele a fazer? Não compreendia. Não tinha capacidade para o fazer, para me defender naquela idade. Não sabia o que aí vinha.

Mesmo sendo inexistente, o meu tio rodeou com a mão o meu peito e massajou.

Gemi de nojo, de medo, de vontade de vomitar.

Ele aproximou-se mais de mim.

Outrora podia ter visto aquele gesto como sinal de protecção, como um porto seguro. Agora todos os meus instintos diziam-me para fugir dali, para gritar pelos meus pais.

Mas ele tapou-me a boca.

Ele não iria permitir que eu acabasse com o sonho dele, meu pesadelo.

Os meus olhos marejavam e a minha boca tremia como varas verdes, prestes a deitar todos os soluços que tinha contido.

Ele beijou-me o pescoço, os seus lábios a chuparem-me a pele, a sua língua e provar o meu sabor.

Não aguentei. Virei-me para o lado e vomitei, sujando o meu tapete florido.

Ele consolou-me. Disse que não fazia mal. Que estava tudo bem.

Queria confiar nele. Queria depositar a minha confiança nele. Mas e se falhasse? Para além do mais, eu era uma criança, que sabia eu acerca de confiança? Acerca do bem e do mal? Certo ou Errado?

Mas não estava.

Assim que me recompôs, ele retirou a mão de dentro da minha camisa apenas para a ir colocar por baixo dela, mesmo abaixo da minha cintura de menina.

As cuecas foram arrancadas com um puxão e uma mão entrou no sítio onde a minha mãe sempre me dissera ser proibido para as meninas pequeninas.

E ele respirou fundo.

Na altura não compreendi, mas agora sei que foi de prazer. Ele não era casado e duvido que tivesse relações sexuais frequentemente, por isso, aliviou-se comigo, com o meu pequeno e débil corpo.

Era simplesmente nojento.

Lembro-me de fechar os olhos com força.

Aquilo não estava a acontecer porque era só um pesadelo e os pesadelos passam não é?
Os meus olhos continuaram fechados até que ouvi o som de um fecho a abrir e de um cinto a ser desapertado.

Os meus ossos gelaram, as lágrimas caíram finalmente e os soluços foram libertados.
E foi então que senti a maior dor da minha vida.

Algo entrava e saia em mim de forma agressiva e dolorosa.
Uma invasão que o meu pequeno corpo não podia suportar.

E o meu tio arfava. Gemia. E continuava a empurrar-se contra mim.

Lembro-me tão bem…A dor ainda está tão presente.

Eu chorei no início, mas quando ele terminou, eu só olhava para ele com uns olhos castanho sem expressão alguma. Era um robot. Era uma estátua.

Criança? Não. Já não podia ser uma criança. Não depois do que fora sujeita.

E foi o meu irmão que me retirou daquele sofrimento.

Foi o grito dele quando viu o meu tio a sair de cima de mim, sem calças e eu apática, que me chamou à realidade.

Comecei então a chorar e os meus pais apareceram a correr, assustados, enojados, enraivecidos.

Enquanto a minha mãe me pegava ao colo e aconchegava, o meu pai distribuía socos e pontapés pelo corpo do irmão mais velho.

Antes de sair do quarto pelo colo da minha mãe, olhei uma última vez para a cara do homem que me tirara a inocência. Ele sorria enquanto o seu corpo estava deitado de lado no chão, servindo de saco de boxe para os pés do meu pai.

Ele sorria e disse-me adeus.

E foi a última vez que vi o meu tio.

Até hoje à tarde…




(Continua)
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Mensagem por Nitaa Qua Jun 06, 2012 10:36 pm

Conteudo
Mas que raio de badalhoco!!
A uma rapariga de 6 anos? Que é sobrinha dele?
Mas ele tem problemas?
Eu não sou fã de violência, mas ele bem que mereceu virar saco de pancada!
Bem-Feita!

Escrita

Escreves muito bem e tornas o macabro e grotesco em algo apelativo e pouco excessivo. Retratas bem os episódios e as descrições são muitos claras.
Gostei imenso e quero mais!
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Mensagem por Fox* Qui Jun 07, 2012 3:54 pm

Juro-te, odeio estas cenas de esperar por updates! Sei que já me queixei disso, mas estou super curiosa!
Já te disse que funcionas melhor a textos pequenos e tens aqui a prova, consegues passar muito melhor a informação e as emoções que queres (principalmente as negativas, se bem que não te reges a outras xD) em poucas mas sentidas palavras!
Gostei especialmente das memórias dela e de como ela morreu naquele momento! Disseste-me algo parecido e concordo, depois de algo assim, a pessoa morre! Não há nada que o possa impedir, e é apenas uma forma de nos proteger-mos, morrer...
Keep it going :D
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Mensagem por PandoraTheVampire Qui Jun 07, 2012 11:53 pm

Este capítulo impressionou-me tanto da primeira vez que o li PandaFear ainda mais que o primeiro! Só conseguia pensar na vingança perfeita para este sacana! E o pior de tudo, é ainda não a conceber e ter de esperar mil capítulos até ela chegar!!! Damn u!! PandaSamurai

Aff, continua awesome como sempre. Quero mais, tá?? PandaAww beijuuu

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Mensagem por Andy Girl Dom Jun 10, 2012 5:50 pm

Olá!
Tu tens quda para gente com distúrbios psicológicosXD
Umma vez mais gostei do tema que aqui nos apresentas da forma como organizas os pensamentos das personagens e as suas reacções. Adoro as descrições e afins.
Sobre a história em si o homem tem mesmo um problema a tratar!

Do primeiro cap para o segundo são duas pessoas diferentes certo?
Bem, violações e isso são cenas muito difíceis, mas eu gostei daquilo que escreveste, retrata bem muitas histórias que pessoas anónimas vivem.

Beijinhos!
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Mensagem por Soph Seg Jun 11, 2012 12:26 am

Well, hello! :)

Obrigada a todas por comentarem! Pandora, Fox, vocês já leram, e fico contente por fazerem-no again :3

Andy Girl: Enquanto que no1º capitulo é "ele" a descrever a violação actual, no 2º é a vitima a contar o que sofreu, pelo mesmo homem, anos atrás :)



Nunca mais esqueço o meu décimo primeiro aniversário.

Lembro-me de estar tão ansioso por festeja-lo…

Ter todos os meus amigos em minha casa, esconder a chata da minha irmã no quarto para que não nos seguisse nas nossas brincadeiras de rapazes, jogar à bola no quintal, jogar na consola.
Sonhava com esse dia há meses.

E os meus pais iriam dar-me finalmente o meu telemóvel. Todos os meus amigos o tinham e eu não.

Foi Noah, o meu melhor amigo, e actual namorado da minha irmã que trouxe essa moda para o nosso grupo e, o que me irritava mais era que ele tinha apenas nove anos. Dois anos mais novo que eu e já tinha um telemóvel.

Só faltava a minha irmãzinha de seis anos também ter um!

Oh, mas o dia estava a chegar e eu seria o mais velho do meu grupo de amigos: Noah, com nove e Scott e Path com dez. E teria o meu telemóvel.

Mas a festa não se realizou e o telemóvel não chegou.

Dois antes, ou melhor, duas noites antes tive o maior choque da minha vida.
Um acontecimento que marcou para sempre a minha vida e a da minha família, especialmente a da minha irmã.

Depois daquela noite de tempestade, Mercy nunca mais foi a mesma menina dos cabelos ruivos. Nunca foi a mesma menina que fechava quase por completo os olhos cor de mel quando gargalhava. Nunca mais foi a menina que sorria.

Tudo isto foi-lhe tirado pelo único homem na família cujo cabelo era da mesma cor do de Mercy: ruivo.

Estas memórias têm tanto de Mercy como têm de mim.

Trovejava bastante, naquela noite. Eu não conseguia dormir, dava voltas e voltas na cama sem conseguir encontrar uma maneira de descansar.

A chuva pingava em cima do telhado da casinha de brincar que o meu pai tinha feito, o vento fazia as portadas abanarem, os trovões faziam a casa estremecer e os relâmpagos faziam qualquer morto acordar. Ou qualquer rapaz de dez anos não conseguir adormecer.

Lembro-me que me levantei a meio da noite e fui à cozinha beber leite, técnica ensinada pelo meu tio.

Tenho que admitir que resultava, tal como a maior parte das coisas que eles nos ensinava: Morder o interior das laranjas em vez de as descascar; tocar o Dó na guitarra sem o dedo mindinho são apenas alguns exemplos.

Eu adorava o meu tio, naquela altura.

Pobre coitado, ficou sem casa. Fora destruída pelas chuvas umas semanas antes e o meu pai tinha-lhe oferecido ajuda.

Adorei tê-lo cá me casa. O meu quarto passou a ser no sótão e aí ficou.

Mas naquela noite, a imagem do super-tio que tinha formulado ao longo de todos os anos fora destruída quando abri a porta do quarto de Mercy.

Quando me dirigi-a novamente para o quarto, depois de beber o leite, ouvi uns soluços abafados vindos do quarto dela.
Ela era pequena. Seis anos.
Pensei que fosse normal ela estar com medo da tempestade e quis ir ter com ela, reconforta-la.

Dizer-lhe que aquilo havia de passar.

Fazer o papel de irmão mais velho responsável.

E fui.

E uma imagem negra, flashes de coisas que havia um dia visto na internet sem querer vieram-me à cabeça.

Coisas que, na minha idade não eram para ser feitas. Coisas que na idade da minha irmã não deveriam sequer ser do seu conhecimento.

Gritei.

Gritei com quanto força tinha dentro de mim.
O meu tio estava em cima da minha irmãzinha.
Da pessoa de quem eu devia tomar conta. Da menina que eu devia proteger na escola, segundo os avisos do meu pai.

“Vais ser o homem da família. E o homem da família toma conta dos seus. Olha pela tua irmã, grandalhão.” Dizia-me sempre o meu pai antes de eu e Mercy irmos para a escola.

E falhei.

Não tomei conta dela. Não a ajudei quando o perigo a rondou.

Mas eu não sabia que o perigo estava dentro de casa.

Nunca mais vi o meu tio. Vi sim a minha irmã a desfazer-se aos poucos enquanto crescia. O sorriso era algo inexistente na sua cara branca.

Tristeza foi sempre sentimento marcado nos seus olhos até ao dia em que fez catorze anos, quando Noah a beijou.

Não sei alguma vez conseguiu esquecer o que lhe tinham feito, mas sei que o sorriso voltou.

Mas a felicidade não dura para sempre não é?

É. A felicidade só durou até hoje.

A minha e a dela foi novamente roubada quando ela chegou a casa com o vestido verde rasgado e os olhos borrados a transmitirem aquele sentimento que não se via há 3 anos.

O meu tio encontrou-a e voltou a transformá-la na menina de seis anos que acabara de ser violada.
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 11, 2012 12:36 am

Eu lembro-me bem desta. Lembro-me do sentimento de impotência que o irmão sentiu... :/ mesmo ao ler isto pela segunda vez consigo sentir todas as emoções que me transmitiste da primeira vez... Soph... tu rockas!!

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Mensagem por Nitaa Seg Jun 11, 2012 9:14 am

A sério! Apetece-me esmurrar aquele tio!
É que escolhe sempre a sobrinha para satisfazer-se -.-
Bem, este capitulo está excelente.
Esta bastante original contares a história por pontos de vista diferentes.
Continua!
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Mensagem por Fox* Seg Jun 11, 2012 11:34 am

E aí vem mais um herói... A família é um exemplo nos dias de hoje! :D
Gostei da forma como explicaste que não foi só a Mercy (estava a pensar, escolheste este nome ao acaso ou querias que simbolizasse mesmo Misericórdia, porque ela não a teve e talvez não a vá ter?) quem mudou depois daquela noite, mas todos eles, o miúdo (aka irmão-mais-velho) porque não a conseguiu proteger quando devia...
É por isso que ele vai fazer o que vai fazer!
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Mensagem por Andy Girl Ter Jun 12, 2012 11:56 pm

Olá!
Eu achei interessante ver as coisas pela perspetiva do irmão.
Agora espero que o irmão se vá vingar do tio!
Beeijinhos!
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Mensagem por CatariinaG' Qua Jun 13, 2012 12:18 am

meus ricos Thirty Seconds to Mars!!

juro-te qe fico com medo de ler estas tuas coisas!
AMO!
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Mensagem por Soph Qua Jun 13, 2012 7:11 pm

Tem todas razão! Realmente os irmãos são um mimo... Porque raio é que o meu não é assim? -.-!

Pandora: oh, ainda bem que as emoções continuam a ser passadas :3

Nitaa: é verdade. Tio nojento. Mas ninguém escolhe a família :/

Atrasada: Inicialmente o nome disto seria Mercy. Exatamente pela piedade/misericórdia e a combinar com o nome da personagem. Mas depois mudei para o atual por causa dos Asking xD

Andy Girl: Será que vai vingar? Donnu. haha claro que sei. Mas será revelado later

Catarina: Teus? Desculpa? Meus! :D


Obrigada por comentarem pessoas. Very feliz :D



Desde os meus dezasseis anos, catorze dela, que namoro com a rapariga mais linda que alguma vez conheci.

Mercy.

Irmã do meu melhor amigo desde infância, ela sempre foi aquela rapariga de quem eu nunca podia gostar, nem olhar sequer.

Ela era intocável. Era a irmã de Jake e eu não podia namorar a irmã do meu melhor amigo. Mas ele sabia. Oh, ele sabia tão bem que desde os meus quinze anos que olhava para ela de outra forma, uma forma que em nada tinha a ver com a maneira como a olhava anos antes: a irmã de Jake. A pita chata que o seguia para todo o lado.

Mas eu nunca insisti. E Jake nunca tocou no assunto.

Mas quando ela fez catorze anos tudo mudou.

Passei a vê-la como a vejo agora: uma miúda linda, madura, com uns lábios cor de pêssego que me fazem ir ao céu e voltar, uma sinceridade louca. Mas com uns olhos tristes.

E eu agora sei porque os tem ela, esses olhos tristes…

Assim que ela apagou as velas do seu gigantesco bolo de aniversário, olhou para mim e sorriu. Mas o sorriso nos lábios não era o mesmo que sorria no olhar. O olhar não sorria. Era um olhar triste, desiludido, assustado.

Sempre o teve. Nunca ninguém o conseguiu retirar. Nem eu, quando a beijei à frente de Jake.
Não, eu ofereci aos seus lindos olhos apenas uma capa para esconder aquela tristeza. Dei-lha quando demonstrei os meus sentimentos em frente ao meu melhor amigo.
Não tive vergonha, medo ou respeito por ele. Não queria saber. Mercy era a rapariga. A primeira rapariga que não queria simplesmente levar para a cama. A primeira rapariga que não caiu a meus pés assim que me viu.

A primeira rapariga por quem me apaixonei verdadeiramente.
Lembro-me bem, muito bem.

Foi na festa de anos dela. Jake tinha-me convidado para não apanhar uma seca, afinal ele tinha dezoito anos e nenhum rapaz de dezoito anos queria aturar as amigas da irmã, ainda que fossem poucas.

Devo admitir que não me importei nada. Já tinha umas sensações estranhas no corpo quando estava perto de Mercy e devo dizer que gostava.
Algo novo, mas bom.

Fomos todos para o jardim de casa deles e eu não suportei. Pedi desculpa a Jake e agarrei-a pela cintura e puxei-a para mim, agarrando-lhe os longos e lisos cabelos ruivos com uma mão e a cintura com a outra.

Ela não resistiu. Aliás, retribui o beijo.

A língua dela abusou a minha boca, percorreu e esmiuçou cada recanto dela, as mãos dela cravaram-se no fundo das minhas costas e encostaram o meu corpo ainda mais ao dela. E eu deixei.

O beijo não foi nada como eu imaginei.

Pensei que ela se fosse retrair. Aquela menina ruiva com olhos assustados apoderou-se de mim assim que me entreguei ao seu perfume.

Quando deixou a minha boca descansar, continuou agarrada a mim, a olhar-me nos olhos. E eu sorria. E ela também.

Ela esperara pelo beijo. Esperara muito tempo. Queria o mesmo que eu. E eu tinha-lhe dado o que ela queria, mas nem por isso o olhar triste desapareceu.
Aquele olhar de menina pequena, aquele olhar de medo, não desaparecia daquela face branca como neve.

Na altura não sabia a razão da tristeza habitar naqueles olhos de Deusa. Tentei saber, mas ela nunca satisfez a minha curiosidade.

E descobri da pior maneira…

Fazia-mos nove meses de namoro, eu deitei-a na minha cama e coloquei-me por cima dela, beijando-a, acariciando-lhe o corpo.

Dizia por gestos o que não tinha coragem de dizer por palavras.

Ela era a pessoa que eu amava. Sim, amava. E queria mostrar-lhe isso.

Mas mal eu sabia que a maneira como eu queria demonstrar os meus sentimentos por ela, era a mesma maneira que anos antes, um homem lhe tinha posto o olhar triste naqueles olhos.

Tirei-lhe a camisola, beijei-lhe o peito, o pescoço, a barriga.

Estava embriagado pelo cheiro dela, viciado no sabor da sua pele e perdido nos cabelos dela. Não queria parar.

Mas sabia que devia. Ela tinha catorze anos. Era uma miúda.

A miúda mais madura que já conhecera, admito, mas ainda assim, uma miúda.

Mas ela não me parou.

Tirei-lhe os calções que mostravam aquelas maravilhosas e delicadas pernas e percorri-as com a minha mão.

Oh, como eu ansiava estar dentro dela. Completa-la para que ela me completasse. Dar-lhe prazer para obter prazer. Ama-la para que eu fosse feliz.

Porque viver feliz, era amá-la.

E eu amava aquela rapariga.

Amava tanto que ficava louco se não a tivesse comigo, debaixo dos meus braços, a protege-la, tal águia que protege as suas crias. Aqueles olhos assustadiços tinham de ser protegidos.

Como eu tentei estar à altura daquela menina. Mas ela não se mexia, não respondia, não sorria.
Deixava-me percorrer o corpo dela com a língua mas olhava para o tecto azul do meu quarto.
Já tinha-mos falado sobre sexo e nunca houvera tabus, mas agora ela não reagia.

Mas foi quando a penetrei devagar, delicadamente, com medo de a magoar que ela se prenunciou.

“O meu tio violou-me.” Disse Mercy enquanto a minha pele se preenchia com uma suave camada de suor.

“Violou-me quando eu tinha seis anos. Foi durante uma tempestade, eu estava com medo e ele veio ter comigo e começou a acariciar-me e eu tive nojo, tive muito nojo! Ele penetrou-me e eu tinha seis anos Noah, seis anos. Desculpa mas eu não consigo estar feliz com isto, não consigo, não sei o que fazer durante o sexo porque eu só me lembro da mão dele dentro de mim. Eu tive tanto nojo Noah, tanto nojo. Desculpa não te ter dito mais cedo, desculpa. ”

Esta frase foi prenunciada num espaço de cinco segundos.

Mercy chorava, falava muito rápido, envergonhada.

Levei tempo a perceber tudo o que ela me dissera.

Fiquei petrificado em cima dela, dentro dela por alguns segundo e Mercy, Mercy agarrava-se ao meu pescoço e chorava, colocando lágrimas salgadas no meio peito, que escorriam até à minha barriga e pingavam depois para cima do ventre dela.

Lembro-me de não conseguir falar. Lembro-me que depois do choque, do espanto que apanhei quando ela disse aquelas palavras, eu é que senti nojo de mim próprio.

Senti nojo por estar a invadir o corpo dela, por forçar a sua mente traumatizada a relembrar algo que lhe causava sofrimento.

Retirei-me imediatamente de dentro dela e tapei-a com a minha colcha.

Depois de vestir os boxers, fiquei longos minutos a olhar para ela, sentado ao lado dela na cama. Eu olhava para ela e ela chorava, agarrada à colcha.

A menina dos olhos assustados era agora a menina dos olhos molhados. E eu era o causador daquilo.

A minha reacção seguinte foi perguntar-lhe se a podia abraçar, ao que ela respondeu com um sim trémulo.

Disse-lhe que estava tudo bem, que não iria mudar nada. Que aquela revelação só fez com que eu a admirasse ainda mais pela força e coragem para enfrentar tudo aquilo sozinha.

Ela disse que queria ter sexo. Queria ter uma vida normal, queria ultrapassar aquilo tudo.

E eu sabia que ela queria. A minha menina era forte. Muito forte. Outra característica que me fez e faz ama-la tanto.

Eu disse-lhe que iriamos tentar mais uma vez, mais duas, mais três ou quatro. Não importava o tempo que demorava, pois eu estaria sempre ali, à espera dela. Fiz-lhe essa promessa com verdadeira intenção de a cumprir. E até hoje cumpri.

Continuou a amá-la.

O momento aconteceu dois meses depois.

Unimo-nos completamente e ela sorriu, vitoriosa.

Passaram três anos e ainda nos completamos um ao outro.

Nunca estivemos tão felizes como antes.

Até ontem, quando ela me confessou o que aquele homem de cabelo como o dela lhe fizera na tenda.

Um pesadelo que fora agora desenterrado do canto mais profundo da mente de Mercy. Ela está destroçada, partida aos bocadinhos, desfeita. Mal consegue abrir os olhos.

Disse-me hoje, enquanto eu a abraçava que queria morrer. Eu se recusava a reviver tudo o que, aos seis anos vivera.

Todos os pesadelos que se seguiram àquela noite, todo o desprezo por si mesma, pelo seu corpo, pela característica que os unia: aqueles cabelos.

Eu já lhe fiz uma promessa há uns anos. E cumpria.

E hoje fiz-lhe outra: vou correr meio mundo, mundo inteiro. Vou a casa de todas pessoas com o mesmo nome que aquele cabrão até o encontrar.

E quando isso acontecer vou arrancar-lhe os olhos. Vou matá-lo pois não tolero que ele reponha no seu olhar, aquela tristeza que Mercy já tinha esquecido.


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Mensagem por Fox* Qui Jun 14, 2012 2:59 pm

Desculpa, mas esta música aqui deu-me vontade de rir! "Let me back into your arms" numa fic de pedófilos, violadores, tarados e segredos bem negros, esta frase ficou-me marcada xD!
Claro que gostei, o amor, carinho e sentido de proteção que ele tem por ela é absolutamente espetacular e já muito raro, mas a frase martelou-me este tempo todo...
Deixa o tio ir para os braços dele que ele tem umas preparadas... :D
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Mensagem por Nitaa Qui Jun 14, 2012 6:37 pm

Muito bom Soph!
Gostei imenso desta personagem protectora e apaixonada que inseriste na história.
Veio conferir um outro ar a este emaranhado de dor e amargura.
Continua!
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Mensagem por Soph Sáb Jun 16, 2012 3:56 pm

Oh atrasada mental! E se esqueceres a letra e pensares no significado deste capitulo e na emoção que a melodia da canção te transmite? é mesmo superficial. Tshéé sem capacidade imaginativa nenhuma! ... xD

Nitaa: Fico muito feliz por teres gostado do Noah. Ele é um bom namorado, realmente :)






Que fui eu fazer?

Como fui eu capaz de voltar a magoar aquela menina tão linda?

Como fui eu capaz de tocar novamente naquela pele branca como a neve?

Magoar o seu corpo, a sua alma, o seu coração?

Sou um monstro, sim. Agora sei-o. Eu gosto daquela miúda, a sério que sim, mas só lhe faço mal.

Fi-lo quando ela tinha seis anos e gostei tanto. Sei que não devia ter gostado, sei que é errado, sei que sou um homem sem escrúpulos por tê-lo feito, mas não vou negar o prazer o que senti.
Sentir o seu peitinho liso debaixo das minhas mãos, sentir aquele cheiro a menina pequena, segurar-lhe as perninhas para que elas se relaxassem e abrissem a mim, à minha passagem.

E como elas abriram.

Não tiveram outra opção. Quem eram elas perante mim? Aquelas pernas queriam acreditar em mim, tal como ela queria, a minha menina.

E acreditou. Por uns momentos.

Mas esses momentos foram poucos, pois ela era é uma menina inteligente e percebeu.
Chorou. Chorou bastante.

Até que me perdi no caminho entre aquelas pernas pequenas e descobri que dentro de mim residia a insanidade.

E a minha menina parou de chorar.

E eu continuei, imune aos seus olhos sem expressão, deixando apenas cair lágrimas de nada, pois eu sabia que ela já não sentia nada.

Uma invasão que eu fiz naquele mundo até então cor-de-rosa.

E assim foi o meu até o parvo do rapaz entrar pelo quarto da minha menina.

Retirou-me o meu sonho e a insanidade que me dominava até aquele momento retraiu-se novamente.

Mas não desapareceu.

Não, ela não se foi embora nunca mais. Acompanhou-te todos os dias da minha vida.
Inclusive ontem à tarde, quando voltei a fazer aquilo que prometi a mim mesmo nunca mais fazer à minha menina, depois daquela noite tempestuosa.

Sou horrível! Fiz-lhe mal novamente, sem hesitar. Nos poucos momentos em que tive a oportunidade de parar com aquela tortura à minha linda menina, não o fiz. A gula, a vontade de provar aquele corpo agora crescido era demasiado forte e a insanidade não quis que eu resistisse a tal pecado.

E a minha amiga das horas vazia, a minha insanidade também assistiu ao desmoronamento da pessoa que era a minha menina.

Viu-a passar de uma menina comparável a uma pequena princesa para uma miúda negra, que não sorria, não vivia.

Linda era ela.

E era assim que ela estava ontem à tarde, antes de eu a forçar a entrar na minha casa provisoria.

Uma menina linda, ruiva, saudável, quase feliz.

Mas quando saiu da tenda, já não era mais essa menina. Era sim uma miúda infeliz, cheia de dor, cheia de rancor, com medo de viver, com nojo de si, com ódio ao homem que lhe fizera mal pela segunda vez. E ela tinha toda a razão.

Julgo que ela não me reconheceu. Não teria vindo até mim caso isso tivesse acontecido.
E com razão. Eu fiz-lhe mal. Repus-lhe no olhar aquele sentimento de vazio.

Mas, oh! Foi tão bom.

Não consigo deixar de me lembrar das pernas sedosas dela a roçarem nas minhas, os braços violentos ao início a tentarem afastar-me do seu delicado corpo e depois a cobrirem os seios meigos.

Oh, a vergonha que ela sentia.

E o prazer que eu ansiava.

E que chegou.

Cobri-la com o meu corpo, fazê-la dançar ao ritmo dos meus passos nus, fazê-la sentir no meu toque a quão bela ela era, foram os meus objectivos nessa tarde. E eu cumpri-os.

Cumpri cada desejo que desejei durante todos os anos que espera.

Sei que o que fiz é monstruosa, mas senão for eu a demonstrar-lhe verdadeiro amor, quem irá? Quem lhe dirá que ela é linda, que é uma donzela, graciosa como uma pena, linda como o sol e misteriosa como uma orquídea?

Quero fazê-lo de novo mas não posso.

Mas também sei que irá acontecer novamente, pois a insanidade é mais forte que eu, domina-me.

E ela quer aquela menina novamente. Só aquele corpo, aqueles cabelos, aqueles lábios a satisfazem.

Tal como ontem...

Satisfação foi o que a minha querida insanidade obteve enquanto a minha menina linda perdia a vontade de viver e eu ganhava a minha

E soube tão bem ter aquela menina só para mim outra vez.

Sem interrupções, consegui dizer por actos o amor que sentia por ela, por aquela linda menina que eu vi crescer.

Sim, porque eu nunca deixei de lhe seguir os passos.

Sim, eu sou uma psicopata que perseguiu e viu de longe a sua menina crescer.

Estive presente em todas as suas más horas, assisti à sua entrada numa depressão infantil, sendo eu e a minha querida insanidade os causadores de tal sofrimento. Vi o seu primeiro beijo com aquele pirralho dois anos mais velho que ela, soube quando ele lhe tocou.

Sei tudo sobre a minha menina. Desde os seus oito anos que não passa um único dia sem que eu lhe veja a cara.

Assisti ao seu primeiro dia no infantário, segui-a de longe até ao psicólogo, vi-a terminar a primária com sucesso e vi-a a recuperar lentamente a vontade de viver.

Estive sempre lá, perto dela, mesmo que ela não soubesse que eu a seguia, que eu seguia a minha menina, eu estava lá.

Porque é isso que os bons pais fazem…
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Mensagem por Fox* Sáb Jun 16, 2012 10:35 pm

Peço desculpa se gostei demasiado das palavras do rapaz, ok?! Para a próxima mete "Avô Cantigas" que eu ignoro a letra... Ou Rammstein eu também sei ignorar o que eles dizem...

Podias era dar um medicamento ao homenzinho que, coitadinho, está em sofrimento! Pobrezinho, violou, sem querer, a menina. Coitado, é uma vítima! Sério, está a partir-me o coração vê-lo assim (partir não porque o coração é um músculo e não se parte... esmagar, é isso!)
Temos de lhe arranjar uma coisa para o ajudar... Arsénico, resulta sempre contra as depressões! :D
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 18, 2012 2:02 pm

Gostei tanto do capítulo do namorado da Mercy como da primeira vez que li isto. Nota-se que ele a ama mais que a vida e torço por ele para finalizar a vida do traste que arruinou a vida dela. Mas verdade seja dita, também torço pelo irmão dela, e pelo pai, etc, etc...

Agh os capítulos desse homem arrepiam-me sempre! E não de uma maneira boa. Mas na verdade é uma coisa boa pois mostra a capacidade que tens de transparecer emoções fortes com os teus textos. Coisa que já sabia, certo? xD

Bem, espero que já não falte muito para o final! Lembro-me de pelo menos mais o capítulo do pai dela, da mãe, dela e não sei se falta mais algum... mas tenho muito que esperar! Aiaiai...

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Mensagem por Soph Ter Jun 19, 2012 2:11 pm

Fox: O homem estava no conflito interior! Não com uma depressão! Ignorante pah! xD E tu.. deixa lá os The Maine em paz que eu sei que tu gostas deles!
Atrasada... <3

Pandora: Ainda bem que continuas a gostar *-* Sim, falta pouquinho. Ok, não é assim tão pouco, mas já não falta muito.

Obrigada por comentarem ^-^


Eramos uma família feliz.

Éramos.

Eu sei que sim.

Pelo menos até a minha mãe morrer.

Depois de ela abandonar esta vida, a nossa família desmoronou, ficou mais fraca, mais separada, mais agressiva.

Já não erámos uma família feliz. Muito pelo contrário. Nos meses seguintes à morte da minha mãe, não existia um único dia sem que o meu pai batesse no meu irmão e discutisse comigo.
E eu só não levava também porque era bem mais pequeno que ele e o meu irmão protegia-me, sendo ele o mais velho.

Gustav era o meu irmão mais velho.

Lembro-me dele como uma criança que sempre me protegeu, mesmo quando os rapazes mais velhos da escola de metiam comigo, Gustav não se importava de ficar cheio de nódoas negras por mim.

Penso que ele achava ser essa a sua obrigação como irmão mais velho e único homem são da família.

Sim, porque depois da morte da minha mãe, o meu pai passara a ser um caso perdido e eu um órfão de mãe com apenas 9 anos.

Gustav passou então a fazer papel de mãe e pai.

Tal responsabilidade não lhe deveria ter sido imposta pelo destino, uma vez que ele tinha apenas 17 anos.

Agora percebo isso.

Não é desculpa para aquilo que ele fez à minha filha, mas os acontecimentos que vieram subjacentes a essa responsabilidade tiveram com certeza impacto na vida do meu irmão mais velho.

Gustav era o mais parecido com a nossa mãe. Alto, de cabelos ruivos curtos, entroncado.

O rapaz perfeito por quem todas as raparigas da idade dele desejavam apaixonar-se.

E não era muito difícil.

Sociável, alegre, divertido, querido eram qualidades que o meu irmão possuía. E também a minha mãe.

Ele era uma cópia dela. Os meus cabelos, o mesmo sorriso, as mesmas mãos.
Foi por isso que foi ele o mais afectado pela morte dela, excluindo o meu pai, que endoideceu e acabou por se suicidar, anos mais tarde.

Mas, mais uma vez, a morte dos nossos pais não é uma desculpa para o que o Gustav fez à minha Mercy.

Nada serve de desculpa para o que ele fez quando ela era ainda uma doce menina e para o que fez agora, quando ela caminhava no caminho da felicidade.

Retirou-a dessa felicidade com a mesma facilidade com que se acende uma luz. Mas Mercy, para encontrar esse tal caminho, teve de se esquecer de muitos fantasmas que dominavam a sua mente. E isso não é fácil.

Tal como não é fácil perder uma mãe, eu sei.

Lembro-me que era quase Domingo de Páscoa e nós fomos os três às compras, numa quinta à noite, enquanto o meu irmão ia de mota logo à nossa frente.

E foi tudo tão depressa.

Tudo a uma velocidade que não consegui acompanhar.
Mas sei bem o que se passou.

O meu irmão caiu da mota e foi a rebolar até à faixa contrária. Um carro virou para não embater no corpo de Gustav deitado na estrada e captou, matando a família que vinha do hospital com uma recém-nascida no banco de trás.

A menina não chegou a fazer dois dias de vida e já não tinha cabeça.

A minha mãe, uma mulher de trinta e quatro anos, ruiva, esbelta e graciosa, saiu do carro sem pensar e um camião embateu nela, levando-a presa na frente da viatura por uns longos e marcantes metros para o condutor.

Da mulher linda que fora minutos antes, nada restara.

O meu pai gritou, eu chorei. O meu irmão partiu uma perna e a minha mãe morreu.

O meu pai ficou louco, doente, dominado pela insanidade e eu fiquei sem mãe, sem pai e com um irmão que, apesar de tomar conta de mim, se culpava diariamente pela morte do seu igual.

E o meu pai achava o mesmo.

Passou a bater-lhe e já nem a desculpa do álcool utilizava para justificar tais actos.

O meu pai achava-o culpado, responsável pela morte da única mulher que amara e não se cabia de lhe demonstrar isso.

A mim, apenas me avisava para o que a vida iria ser dali para a frente.

Não iria ter futuro, não iria conseguir ser uma pessoa normal por ter assistido à morte de várias pessoas, iria crescer frio e cruel por não receber o amor e carinho que só uma mãe sabe oferecer. Que nunca iria ter uma família porque não conseguiria nunca ultrapassar os demónios que a morte da minha mãe provocara em mim.

Que iria ser como ele. Um bêbado que não queria saber dos filhos, que passava os dias no cemitério, em frente à campa da mulher falecida com uma garrafa de vinho em cada mão e mais umas quantas no chão à sua volta.

E eu ouvia. E assentia. E jurava a mim mesmo que aquilo nunca iria acontecer. Não me iria tornar no homem que ele era agora. Não iria ser mau pai para os meus filhos e nunca ousaria bater-lhes como ele batia a Gustav.

E cumpri a promessa que fiz a mim mesmo.

Mas Gustav não cumpriu a que me fez naquela noite, no dia em que fazia um ano em que deixara de ver a minha mãe.

Estávamos os dois no quarto dele, um quarto apenas com uma cama e um portátil, pois todos os restantes móveis foram vendidos para pagar as contas que o meu pai não pagava.

“Eu sei que isto é demais para ti, puto. E sei que a culpa de não teres mãe é minha. Mas eu sei que nunca irás ser como o pai. E prometo que nunca mais te farei mal, que nunca mais farei algo que te prejudique, pirralho. ”

Eu nunca o culpei pela morte da nossa mãe.

Ele perdeu o controlo da mota. Só isso.

Mas o que ele me estava a prometer… eu desejava com todas as minhas forças.

Mas ele não cumpriu.

Muito pelo contrário.

Foi ele o culpado de tudo o que aconteceu de mal na minha vida.

Quando fez dezanove anos, Gustav tornou-se no rapaz que eu nunca pensei ver.

Bebia, andava em lutas, frequentava bares de striptease. Mas pior de tudo, vendia drogas.

Não ousava tocar nem numa grama daquilo que vendia, mas com o passar do tempo, a quantidade de móveis no quarto dele aumentou, assim como a comida, roupa e tecnologias.

Gustav enriqueceu.

E nesse mesmo ano, o meu pai suicidou-se.

Espetou uma tesoura no peito quando estava no banho.

Da água anteriormente límpida, ficara apenas um rio de vermelhidão que manchava todo o azulejo azul da casa de banho.

Mais um duro golpe na minha vida e na vida de Gustav.

Mas ele não reagiu bem. Apesar do homem que jazia morto na banheira que ele comprara com o dinheiro das drogas, ser seu pai, há muito que Gustav deixara de o considerar como tal.

E eu não o condeno por isso.

Um homem que tratava o meu irmão como o meu pai tratava, não merecia o luto dos filhos.

Condeno sim as acções de Gustav.

Abandonou-me.

Quando se viu com dinheiro suficiente para ter uma vida longa e sem preocupações, entregou-me aos cuidados da minha tia e partiu.

Só o voltei a ver há alguns anos atrás, quando lhe dei abrigo debaixo do meu tecto, onde habita toda a minha família.

E nunca me arrependi tanto de tal acto de generosidade.

E não, não me venham dizer que não era um acto de generosidade, mas sim obrigação para com a família, porque não era. Agradeço-lhe, aliás, devo-lhe muito por me ter criado quando o meu pai não o fez, mas não o consigo perdoar por me ter abandonado.

E agora não o consigo perdoar por ter violado a minha filha.

Duas vezes.

Quando ouvi o grito de Jake pensei que alguma coisa tivesse caído devido à tempestade.
Mas não. O meu filho gritou porque o tio estava em cima da irmã, a pequena Mercy, explodindo dentro dela, suando para cima dela, tocando na pele dela.

Conduzindo-a para uma vida de dor e desprezo por si própria.

A minha reacção foi automática: retirei-o de cima dela e distribui socos no seu corpo.
Socos, pontapés.

Descarregava a minha raiva e as minhas lágrimas pelo que ele tinha feito à minha menina.

Mercy.

O meu anjo que carrega consigo a mesma cor de cabelo da minha mãe, a mesma cor de cabelo do tio que agarrou no sue pequeno coração e o apertou, deixando-a magoada.

Magoada e desesperada.

Vi a minha filha crescer sem alegria, sem a cor que uma menina deveria ter.

Não brincava com bonecas pois não as queria despir.

Não deixava ninguém lhe dar banho porque não queria que a vissem nua.

Como é possível que uma menina de seis anos sentisse isto tudo? Soubesse que aquilo não era certo? Tivesse uma recepção tão dolorosa à invasão a que foi submetida?

Sim, é possível. Eu vi a minha filha, a minha querida Mercy passar por tudo isso.

E não podia fazer nada. Não podia abraçá-la.

Ela não deixava ninguém tocar-lhe. Tinha medo.

Não é para menos. A última vez que alguém pousara a mão na sua pele branca, abusou desse privilégio e fê-la chorar, magoou-a.

E quando finalmente Mercy sorriu, ele voltou a tocar-lhe.

E esse sorriso devo-o a Noah.

Nunca pensei dizer isto, mas aquele rapaz é perfeito para a minha menina.

Ajudou-a de maneiras que nem eu, sendo o pai, consegui.

Devolveu-lhe a vontade de viver. Devolveu-lhe o sorriso. E retirou-lhe o olhar triste daquela cara.
Trouxe a minha menina de volta apenas para, três anos depois, ela voltar a ser a Mercy que fora violada em criança.

E isso, isso eu não perdoo.

Por muitos traumas que o meu irmão tenha passado na infância, não justificam o que fez à sobrinha. Porque esses traumas, eu também os tive.

E nunca violei ninguém.




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Mensagem por Nitaa Ter Jun 19, 2012 4:35 pm

Realmente o pai da Mercy tem razão... Não há desculpa.
Lá por a infância ter sido horrível, isso não lhe dá o direito de tornar a dos outros também.
Gostei imenso!
Continua!
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Mensagem por Fox* Ter Jun 19, 2012 6:10 pm

Pronto, eu agora chateio os 30! Não seja por isso!
"Alibi"... Achei engraçado porque o pai estava a dar uma espécie de "alibi" ao tio, mas não o desculpou. Nem tem de desculpar, não há qualquer perdão, mas gostei da coincidência da música e do capítulo!
E o pai está violento... Eu aceito! :D

Admite lá, adoraste este meu pensamento!
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