Memórias
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Memórias
O som da chuva contra o vidro era o único som que se conseguia ouvir no quarto escuro. O meu choro silencioso contrasta com o meu interior que grita a dor que eu sinto. Sentada no chão do quarto coberto por fotografias que me causam ainda mais sofrimento.
Terapia de choque. Eu achava isso necessário. Como ultrapassar o passado sem conseguir encará-lo? Mas no fundo nunca pensei que doesse tanto, pensei que o buraco no meu peito estivesse fechado. Mas ao olhar para as fotografias a saudade revela-se de uma maneira intensa. Pego numa foto e sinto o meu coração apertar ao contemplar o rosto do rapaz que um dia me fez sorrir.
O mesmo rapaz que me fez promessas que foi incapaz de cumprir, que partiu sem se despedir deixando-me destroçada. Ao olhar para as fotografias vejo-me a mim própria e não me reconheço. Onde está aquela rapariga que ria de tudo, que fazia planos para o futuro, que estava perdidamente apaixonada? A resposta é simples. Essa rapariga deixou de existir no momento em que ele partiu. Olho para a janela e fico a ver as gotas de água caírem sobre a janela. Foi numa noite como esta que tudo mudou. Lembro-me do vazio que senti quando ouvi a sua mãe dizer-me: “Ele foi para Londres querida. Ele não te contou?”
Ninguém espera que depois de um ano a amar uma pessoa incondicionalmente isto aconteça. Fugi da casa dele não tendo nem a mínima capacidade para responder àquela pergunta. Vagueei pela rua durante horas sentindo a chuva sobre mim confundindo-se com as minhas lágrimas. Sem pensar para onde ir acabei junto ao parque onde demos o nosso primeiro beijo e ele me disse pela primeira vez que me amava.
Como é possível alguém olhar-nos nos olhos e dizer-nos que quer ficar para sempre connosco e depois deixar-nos sem explicação? Essa era a única pergunta que martelava na minha cabeça nessa altura e mesmo agora não consigo deixar de pensar nisso.
Já passaram seis meses e ainda não consigo pensar em tudo sem acabar a chorar. Arrumo as fotografias na caixa não conseguindo, mais uma vez, fazer o que inicialmente queria. Deitá-las fora. Como se alguma vez fosse apagar o passado… como se deitar fora umas fotografias pudesse apagar as memórias ainda tão vivas na minha cabeça… no meu coração. Deito-me na cama olhando para o lado e vejo a nossa foto na moldura.
Nunca a consegui tirar do lugar, talvez porque tenha sido uma prenda dele, ou porque talvez eu não queira realmente esquecê-lo. Eu só queria uma razão para lutar, uma esperança de que tudo pudesse voltar a ser como era e eu pudesse voltar a ver o seu sorriso e perder-me no seu olhar… sentir os seus braços criarem um refúgio onde me sentia segura, o seu beijo sempre doce, a sua voz dizendo que sempre estaria comigo. E, apesar de não ser da maneira como ele prometeu, ele está sempre comigo porque por mais que tente não consigo arrancá-lo do meu
coração.
Levanto-me e vou até à varanda para ver a chuva. Era uma coisa que sempre me fazia sentir melhor. Um sorriso britou dos meus lábios quando recordei que ele sempre embirrava comigo por andar à chuva. Dizia que eu ia ficar doente. Mas sempre lhe disse que era uma ótima sensação. Deixo a chuva cair sobre mim e fecho os olhos esquecendo por segundos a dor no meu peito.
Abro os olhos despertando quando ouço o som do meu telemóvel. Entro no quarto e antes de pegar no telemóvel olho para o relógio e vejo que já passa da meia-noite.
Olho para o telemóvel e vejo um número desconhecido. Estranho mas atendo com a curiosidade de descobrir quem é o desconhecido.
– Estou? Quem fala? – perguntei recebendo um suspiro em resposta.
– Matilde eu sinto a tua falta.
O meu coração para e as lágrimas voltam a banhar-me os olhos ao ouvir aquelas palavras serem pronunciadas pela voz inconfundível dele…
Terapia de choque. Eu achava isso necessário. Como ultrapassar o passado sem conseguir encará-lo? Mas no fundo nunca pensei que doesse tanto, pensei que o buraco no meu peito estivesse fechado. Mas ao olhar para as fotografias a saudade revela-se de uma maneira intensa. Pego numa foto e sinto o meu coração apertar ao contemplar o rosto do rapaz que um dia me fez sorrir.
O mesmo rapaz que me fez promessas que foi incapaz de cumprir, que partiu sem se despedir deixando-me destroçada. Ao olhar para as fotografias vejo-me a mim própria e não me reconheço. Onde está aquela rapariga que ria de tudo, que fazia planos para o futuro, que estava perdidamente apaixonada? A resposta é simples. Essa rapariga deixou de existir no momento em que ele partiu. Olho para a janela e fico a ver as gotas de água caírem sobre a janela. Foi numa noite como esta que tudo mudou. Lembro-me do vazio que senti quando ouvi a sua mãe dizer-me: “Ele foi para Londres querida. Ele não te contou?”
Ninguém espera que depois de um ano a amar uma pessoa incondicionalmente isto aconteça. Fugi da casa dele não tendo nem a mínima capacidade para responder àquela pergunta. Vagueei pela rua durante horas sentindo a chuva sobre mim confundindo-se com as minhas lágrimas. Sem pensar para onde ir acabei junto ao parque onde demos o nosso primeiro beijo e ele me disse pela primeira vez que me amava.
Como é possível alguém olhar-nos nos olhos e dizer-nos que quer ficar para sempre connosco e depois deixar-nos sem explicação? Essa era a única pergunta que martelava na minha cabeça nessa altura e mesmo agora não consigo deixar de pensar nisso.
Já passaram seis meses e ainda não consigo pensar em tudo sem acabar a chorar. Arrumo as fotografias na caixa não conseguindo, mais uma vez, fazer o que inicialmente queria. Deitá-las fora. Como se alguma vez fosse apagar o passado… como se deitar fora umas fotografias pudesse apagar as memórias ainda tão vivas na minha cabeça… no meu coração. Deito-me na cama olhando para o lado e vejo a nossa foto na moldura.
Nunca a consegui tirar do lugar, talvez porque tenha sido uma prenda dele, ou porque talvez eu não queira realmente esquecê-lo. Eu só queria uma razão para lutar, uma esperança de que tudo pudesse voltar a ser como era e eu pudesse voltar a ver o seu sorriso e perder-me no seu olhar… sentir os seus braços criarem um refúgio onde me sentia segura, o seu beijo sempre doce, a sua voz dizendo que sempre estaria comigo. E, apesar de não ser da maneira como ele prometeu, ele está sempre comigo porque por mais que tente não consigo arrancá-lo do meu
coração.
Levanto-me e vou até à varanda para ver a chuva. Era uma coisa que sempre me fazia sentir melhor. Um sorriso britou dos meus lábios quando recordei que ele sempre embirrava comigo por andar à chuva. Dizia que eu ia ficar doente. Mas sempre lhe disse que era uma ótima sensação. Deixo a chuva cair sobre mim e fecho os olhos esquecendo por segundos a dor no meu peito.
Abro os olhos despertando quando ouço o som do meu telemóvel. Entro no quarto e antes de pegar no telemóvel olho para o relógio e vejo que já passa da meia-noite.
Olho para o telemóvel e vejo um número desconhecido. Estranho mas atendo com a curiosidade de descobrir quem é o desconhecido.
– Estou? Quem fala? – perguntei recebendo um suspiro em resposta.
– Matilde eu sinto a tua falta.
O meu coração para e as lágrimas voltam a banhar-me os olhos ao ouvir aquelas palavras serem pronunciadas pela voz inconfundível dele…
Nitinha- Andersen
- Localização : Porto
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Re: Memórias
A imagem dela sob a chuva fez-me soltar um sorriso, porque é algo que eu também gosto de fazer! E, apesar de não conseguir compreender na totalidade, gostei da forma como fechaste a rapariga após a separação imprevista. Ela tem forças para seguir em frente (até porque tenta, como explicaste ao início) mas a sua vontade não está presente... Foi uma ~situação antagónica interessante :)
Re: Memórias
Obrigada e fico muito contente de teres gostado! :)
Nitinha- Andersen
- Localização : Porto
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Re: Memórias
Retratas-me o amor incondicional da personagem principal... Ela querer esquece-lo, aliás, ela tenta seguir em frente. Mas a sua força de vontade não está presente para ajudar. Ela guardar todas as memórias que tem dele. Quer esquece-las mas ao mesmo tempo não as consegue deixar ir, porque o seu coração é dele e sempre será somente dele. E quando a esperança de o voltar a ver é praticamente nula... Ele dá um sinal que ainda a ama...
Simplesmente A-D-O-R-E-I !! Está completamente perfeito a forma como descreves-te o estado emocional dela. As esperanças dela que não conseguia concretizar porque não o conseguia deixar ir.
Podes ter a certeza que já tens uma fã. :D :oops:
Simplesmente A-D-O-R-E-I !! Está completamente perfeito a forma como descreves-te o estado emocional dela. As esperanças dela que não conseguia concretizar porque não o conseguia deixar ir.
Podes ter a certeza que já tens uma fã. :D :oops:
Haneul- Homero
- Histórias Publicadas : -----------
Re: Memórias
MUITO obrigada!! É óptimo ver que as pessoas gostam do que escrevo :D
Nitinha- Andersen
- Localização : Porto
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