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One Gift For Another: It's Life And Death

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One Gift For Another: It's Life And Death Empty One Gift For Another: It's Life And Death

Mensagem por Soph Seg Jun 11, 2012 7:31 pm




O mundo é um sítio cruel e todos o sabem.

Todos, ainda que muitos não o admitam, já sentiram na pele a dor e o sofrimento que vagueia pelo Mundo. Se não foi devido à brutalidade com que nos levaram pessoas queridas, foi devido às injustiças sentidas aquando das nossas escolhas. Escolhas essas que na altura, achamos sempre as mais acertadas.

Mas não o são.

O Mundo é cruel porque é egoísta.

Não permite dar algo sem retirar depois.

Tem de haver sempre uma troca, sendo esta injusta ou justa.

E eu agora sei isso melhor que ninguém, pois encontro-me no banco de jardim, ao frio, a ver a neve cair à minha frente e a senti-la esfriar os meus ombros descobertos e a manchar o meu cabelo preto escorrido.

Encontro-me sentada no banco de jardim a cem quilómetros da minha casa, ainda com o meu vestido de noiva sobre a minha pele branca.

Ainda com o toque dos lábios dele sobre os meus, ainda com a asperidade da barba mal feita dele na minha face, ainda com o toque das suas mãos a queimarem todas as partes, e digo mesmo todas as partes do meu corpo.

E quase como se ele ainda estivesse lá. Ao pé de mim, no cimo da torre Eiffel, a gritar o meu nome aos sete mares e a incentivá-lo a bailar com o vento. E eu corada, seduzida, apaixonada por ter o privilégio de observar a sua figura contra o sol, de braços abertos, pronto a agarrar o Mundo para nós. Enfeitiçada pelos seus olhos negros como carvão e pela sua pele branca como cal. Perdida nos seus cabelos cumpridos e presa nos seus braços fortes.

E ele, com aquele seu sorriso puro e de criança, a acariciar os meus cabelos e a queimar os meus lábios com o seu beijo. A explorar a minha boca sem pudor.

O que eu dava para recuar três anos e reviver esse momento que agora já não passa de memórias tristes e perdidas na minha mente, a magoar a minha alma e a dilacerar o meu coração.

Ele conhecia-me melhor que ninguém, melhor que a minha própria mãe. Compreendia-me melhor que a minha melhor amiga. Ajudava-me mais que o meu pai.

Amava-me mais do que qualquer outra pessoa alguma vez me amou. E eu penso que também o amava mais que tudo na vida.

Penso porque ele foi o meu primeiro amor. O meu príncipe encantado, o meu cavaleiro andante, o meu salvador.

Antes de o conhecer, tinha medo de amar, medo de me entregar a alguém e que esse alguém me desfizesse o coração com os seus actos fora de tempo e as suas palavras fora de contexto.
Como eu tinha medo de beijar, de deixar outros conheceram aquilo que só eu conhecia. Que penetrassem nos meus mais escondidos segredos e os revelassem ao Mundo cruel.

Esforcei-me tanto para construir os meus murais, as minhas frontes de defesa. Nunca ninguém conseguiu atravessá-las.

E eu orgulhosa.

Orgulhosa e triste, ao mesmo tempo.

Orgulhosa pelo trabalho concebido que apresentava diariamente frutos e triste por ver pessoas que exalavam luz de tão felizes que estavam com os seus parceiros ou parceiras. E eu sozinha.
Sozinha até ao dia em que ele me atropelou.

E aí tudo mudou.

Para além de ter mudado o facto de não ter um rim, mudou também a maneira como eu passei a encarar as pessoas.

Afinal, talvez ainda existisse esperança neste Mundo tão frio.

Talvez ainda haja pessoas por aí que, tal como ele, me visitassem todos os dias que durou a minha estadia no hospital. Pessoas que, tal como ele, doam o rim a uma pessoa que precisa.
Ele doou-me o seu rim, porque um dos meus já não desempenhava a sua função correctamente.

E não me conhecia.

Ao princípio quis acreditar que fosse apenas remorsos e compaixão, pena até, por ser ele o causador da minha infelicidade.

Mas eu percebi que era mais que isso quando ele me convidava sem cessar para jantar com ele. E eu sempre a recusar. Até ao dia em que aceitei, fazia um ano que nos conhecíamos.
E nunca mais me largou.

E tantas são as memórias depois desse jantar que marcou o início de três anos duma relação fogosa e louca.

Três meses depois estávamos nós em Paris, ele a gritar o meu nome.

Dez meses depois estávamos nós na Grécia, e ele a pé, a subir aquelas escadas tão infinitamente longas enquanto eu as subia em cima do burro que carregava as nossas tão leves malas.

Um ano depois estávamos nós na Holanda, com uma acompanhante de luxo que se atraiu instantaneamente a ele, assim que ele a escolheu das inúmeras montras humanas.

Não resisto a exibir um sorriso de cada vez que me lembro da cara de espanto dele com o sorriso maroto estampado nos lábios. Ele sabia o que eu pretendia.

E eu sorria. A minha surpresa fora bem recebida.

Ele confessara-me que fora a melhor experiencia sexual da vida dele.

Adorou a forma como eu e a outra mulher nos mexemos em cima dele.

Mas ele não retirou os olhos de mim, mesmo enquanto a penetrava, sob o meu consentimento. Mesmo enquanto ela lhe dava prazer, ele não parava de fixar o seu olhar no meu, no meu corpo nu, enquanto eu os observava.

E quando dispensamos a mulher, ele dissera-me através das acções o quanto me amava, o quanto eu completava, o quanto eu o fazia feliz.

E eu, nessa altura, já o tinha deixado entrar em mim, na minha vida, nos meus segredos. E, incrivelmente, não tive receio algum.

Eu amava aquele homem.

E foi aos vinte e um anos que, depois do dia em que completamos três anos de intensa paixão, ele se comprometeu a mim, ao meu corpo, à minha alma, ao meu coração.

E três meses depois, consagrou-se a mim. Dissemos o sim em conjunto e demos o beijo mais puro e calmo que alguma vez partilhamos. Totalmente diferente dos carregados de desejo e paixão que sempre nos habituamos a dar.

Esse beijo foi dado ontem, no dia do meu casamento. Um casamento que não teve mais ninguém senão o Padre e os noivos, vestidos a rigor mas arranjados sem graciosidade: Não tinha saltos e ele não tinha casaco. Não tinha o cabelo arranjado e ele não tinha a barba feita.

Porque nós éramos loucos e gostávamos de viver sem grandes alaridos.

O meu casamento foi, para mim, um dos melhores da minha vida, logo atrás daquele fim de tarde na Torre Eiffel.

Tenho vinte e um anos, chamo-me Hannah, estou sentada num banco de jardim com o meu vestido de noiva e estou viúva.

O meu marido morreu ontem, da mesma maneira que me conheceu: atropelado, ao sair da loja onde parámos para comprar champanhe para festejar-mos, desta vez sozinhos, a nossa noite de núpcias em cima do carro, na falécia, com vista para o Oceano Pacifico.

Foi morte imediata. Desfigurado, morreu feliz, eu sei que sim.

Mas eu ainda vivo, inteira mais infeliz.

Como eu sempre disse: O mundo é um sítio injusto, porque não nos dá nada sem levar algo em troca.

E agora que faço eu, senão ficar aqui, em frente ao sitio onde o Mundo me levou o meu maior bem, vestida com a última roupa com que ele me viu?

Não posso desfazer-me dele, tem a sua escolha em cima. Não posso tomar banho, o meu corpo preserva o seu cheiro. Não posso apanhar o liso cabelo que me bate no fundo das costas, ele gostava dele solto. Não posso retirar a pouca maquilhagem que tenho, foi ele que, no meio de ataques contagiantes de riso, me maquilhou.

Não posso retirar o anel, foi um presente dele.

E não posso sair daqui, deste banco, porque foi aqui que ele me pediu em casamento.

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Mensagem por Fox* Seg Jun 11, 2012 9:13 pm

"Não mates cães ou gatos" mata seres humanos que se amam enquanto deixas psicopatas violadores a andar aí no bem bom, mas não mates um cão! Sério, isso faz super sentido!
Tanto como a tua original onde destróis uma felicidade eterna por causa de nem sei bem o quê! Isso sim, faz sentido!
Não gostei! Não, sério, odiei! Acho super ridículo e devias dedicar-te à pesca em vez de escreveres coisas assim! Eu gosto de finais felizes! Não se nota logo? xD
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Mensagem por Andy Girl Seg Jun 18, 2012 2:43 am

A história está tão triste e tão cheia de sentimentos.
Está totalmente linda e maravilhosa e retrataste todo o sofrimento dela toda a angústia e a necessidade de ela querer ter a lembrança dele permanentemente a seu lado.
Está mesmo lindo, mas tenho pena dela agora deias fazer um mini textto com o reencontro deles do outro ladoXD
Beijinhos!
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Mensagem por Soph Seg Jun 18, 2012 1:19 pm

Fox: F*CK you! Antes matar pessoas que se amam e que sabem defender-se e que são, muitas vezes terriveis, do que matar seres que nada podem contra as pessoas atrasadas que pisam a terra! F*UCK YOU! :D E se gostas de finais felizes, não mates animais! Eu tenho de pedir um favor à Charlie...? xD


Andy Girl: Seria uma boa ideia, sim, pô-los juntos no "outro lado". Mas à qualquer coisa de interessante em deixá-la no sofrimento e na angustia de ter perdido o seu grande amor. Chama-me psicopata mas eu acho interessante xD Que posso eu fazer, gosto de finais trágicos e dramáticos. (acho que ainda ninguém tinha percebido... :p)

Obrigado por comentarem :)
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 18, 2012 1:39 pm

Uau, uau, uau menina Soph! Que pérola que tinhas aqui guardada que eu só descobri agora. Sim senhora. Gostei mesmo muito. Muito triste mas ao mesmo tempo cheia de alegria de tempos já passados. Muito romântica e melancólica. Muito belo isto que escreveste!

Gostei imenso!

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