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OneShot - Man Down

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Fox*
CatariinaG'
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Mensagem por CatariinaG' Sáb maio 19, 2012 11:58 am

Este é o texto original de onde me surgiu a ideia para a sinopse de um trabalho de Escrita Criativa na Universidade.
Tive 17 no trabalho.
Espero que gostem.

Man Down


Acordei de manhã com dores de cabeça, dores de estômago, dores nas costas, e sobretudo dores na zona da pélvis. Doía, ardia, morria de dores, enfim.
Estava suada, estava morta, cheia de lágrimas e não aguentava mais.
Levantei-me do chão e senti as roupas molhadas e o cheiro a ferro, o sangue no chão e a dor que aquilo me trazia. Deitei lágrimas salgadas, e fluxos de sal pelo caminho. Chorei a cada passo que dei, a cada suspiro por cada rua que passei e chorei. A dor que sentia vinha de dentro, bem dentro, do mais fundo possível.
Sentia a raiva e o odor dele. Dava-me nojo, dores, muitas dores. Mal conseguia andar.
Chegando ao meu bairro não consegui perceber porque todos estavam a olhar. Estava a chorar mas isso não era razão para olharem assim tanto. Uma pequena província, era isso, uma pequena província onde vivia, onde o problema de um se tornava no problema de todos.
Corri aquelas ruas como nunca, corri, corri, corri sem parar, sem olhar para trás.
E os flashbacks passavam cada vez mais rápido, assim como os enjoos e as náuseas apareciam cada vez mais facilmente, e os gritos ensurdecedores apareciam na minha mente, nos meus ouvidos, no meu cérebro.
Corri, corri.
Corri pelas ruas, pelas escadas e dentro de casa até chegar ao meu quarto. Encerrei-me lá dentro e caí no chão enquanto chorava e me lavava em lágrimas. Olhei-me ao espelho sem pudor, e aí percebi. O sangue tinha trespassado, tinha trespassado a minha pele, a minha carne, os meus músculos. A minha roupa!
Os meus braços estavam cheios dele. Cheios dele, cheios do seu sabor, do seu cheiro, do seu próprio hálito, do seu próprio suor, do seu próprio sal.
E chorei, chorei, chorei.
Os flashbacks não me paravam de assaltar.
E porquê? Porque é que eu tinha ido? Porque é que eu tinha aceitado o convite?
“As luzes estavam acesas mas a minha memória vibrou de maneira a mostrar-me que estava mais negro que a rua lá de fora.
O barulho era ensurdecedor e o nome dele ouvia-se por todo o pequeno pavilhão desportivo. E eu estava ali, sozinha e sem ninguém, mas a dançar como sempre tinha dançado, como sempre me tinha expressado. E ele ia olhando, cantando e dançando como nunca o tinha feito, como sempre o tivera feito.
Senti um arrepio enorme na minha espinha, mas alguma coisa me dizia: ‘não vás! Não vás por aí! Não vás!’ Mas eu fui, a minha idade era assim, dava-me o prazer de negar tudo, era a minha idade, era nova. E dançava, continuava a dançar enquanto o via a aproximar-se na sua disputa com todas. Elas abraçavam-no enquanto eu dançava e lhe fugia ao olhar, e fugia, fugia ao olhar dele… e queria mas fugia, fugia, fugia.
O meu coração tremeu e foi aí que ele me agarrou com um solavanco enorme.
Eu parei de dançar e olhei-o.
Os olhos dele estavam cheios de raiva, e eu tremi outra vez, desta vez com a absoluta certeza de que ia sofrer. Os olhos brilhantes de raiva, vermelhões de fúria e cólera.
– Pára! – pedi-lhe baixinho.
Ele riu-se e não me deu qualquer razão de parar de lhe pedir para parar!
– Por favor pára!
E ele continuava enquanto me ia obrigando a dançar com ele.
Não queria dançar com ele, já eram horas de ir para casa, estava atrasada e não me estava a sentir bem. Não queria, não queria, mas ele continuava.
Puxou-me para um canto e continuou, continuou a demanda enquanto eu berrava que parasse, mas não parou.
Esticou a mão e atingiu-me no peito, nos lábios, no peito novamente e depois, depois no meu mais bem precioso que o deixou de ser. E eu senti a pele e o pelo eriçar-se.
E continuou até me sentir molhada, apertei as minhas pernas contra as mãos dele, mas ele continuou e obrigou-me a sentir tudo aquilo que eu não queria sentir.
– Gostas, não é?
Eu disse-lhe que não e ele fez pior, apalpou-me e enfiou bem fundo, mais fundo ainda como se não houvesse um limite possível.
Dei-lhe uma cotovelada mas isso só o fez ficar ainda mais nervoso e frustrado.
Num impacto de pensamento atirou-me contra a parede.
A minha cabeça rachou e eu comecei a sangrar, e enquanto as lágrimas começavam a aparecer, aproveitou-se, aproveitou-se de eu não conseguir estar em pé para continuar a demanda, o terror, o meu fado.
As náuseas começaram-se a sentir e até ele me arrancar o vestido, rasgando consigo os meus boxers. Fiquei com medo, aterrorizada, aquilo não me podia estar a acontecer, e estava, sentia as mãos dele percorrerem-me o corpo, o peito, a barriga, e os lábios dele a beijarem-me a pele salgada do pescoço.
A mão dele percorreu mais e mais e chegou ao ponto.
Deitou-se em cima de mim e fez aquela pressão, até que o seu ódio entrou em mim e me percorreu o corpo.
Abstraí-me ali.
O sangue escorria da cabeça para o chão, e as minhas lágrimas intactas ficaram a partir daquele momento.
Ouvia o arfar dele, a vontade, a fúria.
Sentia o seu ardor de frustração, queria atingir.
– Gostas, não é? É disto que gostas.
Não tive reacção.
Chorava silenciosamente e sentia dor, uma dor horrível, nojenta, furiosa, uma vontade frustrante de querer sair do meu corpo aparecia e desaparecia constantemente, tal como ele entrava e saia de mim.
E eu ali. No chão a sangrar.
A chorar.
A sofrer…”
E agora tudo aquilo me voltava de um momento para outro, e de outro para outro.
E o ódio tinha surgido e entrado e a fúria agora era em mim que crescia, e era em mim que se constituía, que se tornava real, e era em mim que ela fazia força, e era a mim que ela ga-nhava cada vez mais força.
Levantei-me com as muitas poucas forças que tinha e fui à gaveta do quarto do meu pai.
A janela estava à minha frente, era bem de manhã, e ali estava ele… lá no fundo, a falar com os amigos e a arrumar as suas coisas para se ir finalmente embora daquela pequena ‘e ordinária e nojenta’ província, tal como ele a tinha classificado.
Com lágrimas nos olhos abri-os, e respirei fundo sem sequer pensar muito. Abri a janela e por de trás do cortinados…
PUM!



* Notícia de última hora: Jared Leto foi morto a tiro no famoso Bairro da Tijuca no Brasil *
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Mensagem por Fox* Sáb maio 19, 2012 12:05 pm

Muito forte, Catarina, mesmo muito forte!
No entanto real, por isso pode chocar muitas pessoas mais sensíveis!
Adorei a tua abordagem e as repetições de palavras que fazias demonstravam o medo e depressão em que a personagem entrou!
Gostei, sem dúvida alguma!
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Mensagem por Helvanx Sáb maio 19, 2012 12:21 pm

Linda! Fantástica! Aterrorizante! Consegui entrar dentro do pensamento da personagem. Horror foi o que senti. Simplesmente Deslumbrante! Adorei a forma como consegues fazer-me entrar na história!
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Mensagem por Nitaa Sáb maio 19, 2012 12:36 pm

OMG ESTOU CHOCADA!
Este texto está excelente e senti aquilo que a personagem sentia, o seu horror e a sua dor. Simplesmente fantástico. Amei! Adoro a forma que escreves e as palavras que utilizaram. Deram ao texto tal realidade que me deixou de boca aberta!
Gostei!!
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Mensagem por PandoraTheVampire Dom maio 20, 2012 1:21 am

Não me lembro de me teres dito a nota do trabalho! :o mas como já te tinha dito, está super awesome, como tu és ;) já tinha dito tudo sobre este texto, acho! beijinhos!

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Mensagem por CatariinaG' Dom maio 20, 2012 9:25 am

*Ego creeeeeeeesce, creeeeeesce ego*

Thank you, thank you verry verry much ::D (os dois rr são de proposito xD é para soar a francês!)
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Mensagem por Haneul Seg Jul 02, 2012 11:57 am

Vou ser sincera contigo. Eu li esta oneshot mal a publicas-te. E desde então não consigo parar de pensar nela.
A forma como a escreves-te. Consegui entrar na mente da personagem. Sentir a sua revolta e raiva. E isso para um escritor é uma mais valia. Porque consegue fazer com que o leitor se envolva na história, prende-o à história.
Este texto está excelente! E isso é indiscutível.
Parabéns
Haneul
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Mensagem por CatariinaG' Seg Set 24, 2012 8:11 am

Oh, li agora os comentários!
Obrigado *-*

Means a lot!
Thanks thanks thanks so much!!
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