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REQUIEM PARA AMANTES (+18)

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REQUIEM PARA AMANTES (+18) Empty REQUIEM PARA AMANTES (+18)

Mensagem por DeeSousa Seg maio 28, 2012 3:24 am

Hellur!!!

Estou com uma insónia daquelas, por isso resolvi deixar aqui algo que eu escrevi a imensoooo tempo e que usei como fonte de inspiração um filme que também não me lembro o nome e que vi a imnesooo tempo.
Eu gosto imenso desta história e sinto que mais realista não pode ficar. Aviso-vos que os temas aqui retratados podem ferir susceptibilidades: homosexualidade, travestis, drogas, SIDA e sexo (mais ou menos explicito ) sooooooo...se tens menos de 18 anos e mesmo assim queres ler, vem por tua conta e risco.
Novamente, eu podia fazer disto um romance cor de rosa e com final feliz, mas eu não sou muito boa nisso...por isso, cá vem mais uma história ao estilo DeeSousa ^^
Como sempre deixo-vos uma pequena introdução. Conseguem já prever a coisa?

Espero que gostemmmmmmmm....<3<3


Obrigada!




REQUIEM PARA AMANTES


SIMON
Alguma vez tiveram a sensação, quando conhecem uma pessoa, de que essa mesma criatura iria mudar a vossa vida por completo? Não? Pois, eu também não. Talvez se tivessemos a sensação de que esta ou aquela pessoa era um perigo para o nosso bem-estar, talvez se evitasse muita coisa. Eu não tinha planos, não tinha ideias, tinha pouquissimo dinheiro e quando o conheci ainda fiquei pior! Para além de não ter planos, ideias ou dinheiro, ainda fiquei com um coração destroçado. Não posso evitar sorrir. Não, não esta história não é sobre mim, é sobre o Michael. Tudo é sobre o Michael.

ROSA

Eu já estou habituada, sabem? Estou habituada a não tê-lo só para mim. Estou mais do que habituada. No momento em que o vi, soube que toda aquela “pessoa” não era só para mim. Há demasiado amor ali. Há demasiado para dar. Não digo que não fique irritada, aborrecida ou furiosa, claro que fico! Mesmo sabendo que ele volta sempre para mim ao fim da noite, fico furiosa quando sei que há outra pessoa que sabe qual é o gosto dos seus lábios. E acham que ele se importa? Claro que não. É o Michael. O Michael é amor.



PRÓXIMO: I – Sem eira. Nem beira
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Mensagem por CatariinaG' Seg maio 28, 2012 9:12 am

Mim gostou!
*-*
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg maio 28, 2012 11:16 am

Parece-me muito bom. Mas só isto não chega! Tens de postar mais e urgentemente, capiche??? :p Beijinho

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Mensagem por Convidado Seg maio 28, 2012 5:42 pm

Deeee, mal posso esperar pelo resto (:

Btw, adoro o título.

Vou ficar aqui à espera, sim? Maaaaais.
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Mensagem por Nitaa Seg maio 28, 2012 7:24 pm

Onde está o resto?
Soube-me muito a pouco!
Quero mais!
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Mensagem por DeeSousa Seg maio 28, 2012 7:33 pm

Hellur, Hellur!!!!

Posto o novo capitulo já a seguir. Espero que gostem!!!

:D
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Mensagem por DeeSousa Seg maio 28, 2012 9:28 pm


I – Sem eira. Nem beira

Sempre ouvi que as pessoas depois de passarem por uma experiência de quase morte, mudavam radicalmente; Algumas aproveitavam ao máximo cometendo excessos e fazendo coisas que nunca antes pensaram fazer, outras prosseguem com a sua vida com mais cuidado do que antes.
No meu caso, aconteceu a primeira opção. Quando revejo tudo o que fiz, nem sei como vim parar nesta situação e até tenho vezes que preferia que certas coisas não tivessem acontecido, mas uma coisa é certa: todas estas experiências só me enriqueceram como homem e como ser humano.
A minha experiência de “quase morte” deixou-me com o coração na mão e durante semanas, fiquei a pensar: Porquê que não fui que parti? Porquê ela? E se não tivesse tomado aquele atalho? E se. E se. E se. Consultei tudo, de psicólogos a psiquiatras, psicanalistas, até parapsicólogos - que me tentaram provar que aquilo que passei fora um acidente, que não era culpa minha e que provavelmente tinha que acontecer aquela hora, naquele lugar e com aquelas consequências.
Verdade seja dita, a minha vida mudou. Eu senti que devia mudar por isso, resolvi aproveitar antes que a Sra. Morte voltasse a fazer-me uma visita surpresa, não satisfeita com o que me tinha levado da primeira vez. Uma coisa eu confesso, ás vezes tenho a sensação de que a morte nunca me deixou. Penso que ela me acompanha como uma sombra, a espera do meu primeiro deslize para se apoderar de mim e levar-me de vez, afinal…eu deveria ter ido com ela a muito tempo.
Não pensem que a minha vida foi sempre assim, muito pelo contrário. Antes de ser um solitário, a caminhar por uma rua sombria de Brooklyn com uma mochila as costas e um casaco de ganga já muito usado, eu era um homem normal. Sim, normal nos seus 30 e poucos, trabalhador, com o sonho de casar com a minha companheira, ter filhos com ela, uma família numerosa e tudo mais. Depois do que se passou pode-se dizer, que me passou a vontade. A morte vem e leva-nos num segundo, mais vale gozar, divertir-nos enquanto estamos vivos.
Depois do meu acidente, a minha vida foi tudo menos igual. Também não foi uma decisão tomada do dia para a noite, demorei algum tempo a cair em mim, até ter a certeza do que queria. Então, simplesmente deixei tudo para trás, peguei na minha mochila e saí porta fora. Tinha apenas um sonho na minha cabeça, na verdade era um sonho partilhado, tanto meu como dela: Viajar pelos Estados Unidos. Sem mapa, sem destino, sem saber quando parar apenas com vontade percorrer aquele gigantesco país.
Parti da minha pequena cidade Riverdale, e segui até Memphis no estado do Tennessee onde fiquei lá dois dias e visitei a terra do Rei do Rock, Elvis. O meu destino seguinte fora Dallas, no Texas e, sim o famoso mantra que dita que “no Texas tudo é maior” é verdade. A comida, os carros, as casas e, até as pessoas em si. Conheci verdadeiros cowboys, dancei a quadrilha, comi bifes de 200g, fui a rodeos, dormi em caravanas e – incrivelmente – masquei tabaco. Ainda tenho na minha mala um grande chapéu de cowboy, um cinto que diz Dallas e botas.
San António no Texas onde a cultura mexicana ficou-me na memória. Enviei para os meus pais um postal com um sobrero.
Daí segui para Nova Orleãns onde troquei impressões com pessoas diferentes, com ideias diferentes e conheci senhoras muito bonitas.
Parti logo a seguir para Las Vegas onde me perdi nos casinos e motéis, e gastei mais dinheiro do que ganhei. Dormi em moteis baratos, meti-me em duas ou três brigas, cheguei até roubar. Sim, é Las Vegas e por aqui fico-me, o que lá acontece lá fica, não é?
Washington, onde visitei os monumentos da minha nação e onde fui acolhido numa casa de solidariedade.
Los Angeles onde falei com Michael Jackson, Madonna, Marilyn Monroe, James Dean e, novamente, o Elvis. Claro, eram apenas sósias.
San Francisco onde o sol nunca deixa de brilhar e a praia sabe bem
E, passei por muitas outras cidades, vilas e aldeias do país. De cada uma trago um postal, devo dizer que tenho uma colecção de já vai nos cento e poucos. Andei pela estrada a pé, de boleia, nas traseiras de uma pick-up, mota e caravana durante 1 ano e 6 meses. Oh sim, quase dois anos longe de casa a viver a vida ao maximo, rodeado de perigos. Admito, eu sentia-me vivo.
Até que vim parar ao paraíso, ou pelo menos acabou por se tornar o meu paraíso: Nova Iorque.
Devem estar a perguntar-se como consegui passar por tudo isto. Como? Nem sei…bem, a verdade é que assaltava uma loja aqui, ou ali, trabalhei em sítios precários onde era mal pago, passei muitas vezes fome mas nunca senti a vontade de voltar para casa. Mandava postais regularmente, acalmando os sentimentos dos meus familiares, mas nunca senti vontade de voltar por pior que fosse a situação. Era como se eu não quisesse voltar, para não encarar a dura realidade de como era a minha vida sem ela.
Cheguei ao meu destino, já a noite ia longa ― como se a noite alguma vez acabasse em Nova Iorque.
Parecia que era de dia, havia imensas pessoas na rua e o barulho era ainda maior. Havia divertimento por todo o lado e para todo o tipo de pessoas discotecas, salões, bares. Sempre tive uma curiosidade de morte em conhecer a cidade, talvez quisesse ve-la da mesma maneira que é retratada nos filmes de acção e drama: Nova Iorque é Nova Iorque.
Virei a esquina ao passar por um bordel, onde as suas “empregadas” se encontravam na montra com roupas provocantes e aliciando os transeuntes. Uma delas bateu no vidro e sorriu-me, usava langerie branca com plumas e rendas. Sorri-lhe também e prometi que da proxima vez ficaria a babar-me através do vidro.
Vi um restaurante de ar antigo: com umas janelas altas, mesas rectangulares a condizer com os assentos vermelhos de forma igual. Havia um balcão que percorria todo o restaurante, rodeado de bancos vermelhos. Não estava muito cheio, pelo contrário, apenas era ocupado por 2 casais, e um grupinho de pessoas perto do balcão. Ainda pensei se devia ou não entrar, mas ao ouvir o meu estômago rugir mudei de ideias. Antes, mesmo de entrar verifiquei se tinha dinheiro suficiente.
110 Dólares no bolso…maravilha de vida!
Entrei no restaurante e logo ouvi aquela campainha tão típica, dando sinal de clientes. Fui inundado por uma música country que dava aos altos berros que girava na jukebox, olhei a minha volta e reparei que ninguém estava interessado no novo cliente. Normalmente quando se entra em lugares públicos há sempre a alguém que nos olha de um certo modo, aqui nem piscaram.
Enquanto olhava em volta, tentando ajustar-me ao ambiente, ouvi um riso contagiante, voltei-me e reparei que num dos bancos, estava uma mulher. Era impossível não reparar nela! O seu riso era mais alto que a música. Divertia-se juntamente com um homem, que estava à sua frente e com outras duas pessoas. Ela destacava-se pela forma como o seu gargalhar ecoava pelo restaurante. Não digo que não era bela, aliás a sua beleza era discreta e cristalina, do tipo que não dava muito nas vistas, conquanto quando reparada nunca se esquecia.
Estava ao colo de um homem que se aparecesse na minha terrinha era corrido com tochas e foices, só pelo seu jeito de vestir: calças pretas, camisa branca e velha, cabelos compridos e oleosos, olhos verdes como uma jade acabada de encontrar. As suas mãos calosas e numa delas segurava um cigarro, mas apesar de tudo isto só pela maneira como se riu, senti que era um bom homem. E nunca me enganei a cerca dele.
Quando dei por mim, estava perto deles, fiquei calado a espera de ser visto o que não aconteceu. Então tive de pigarrear alto para que me ouvissem, nem tive que esperar muito. Ela reparou logo em mim.
― O que queres? - Perguntou sorrindo, apesar de eu saber que aquele sorriso não era para mim.
― Queria jantar, se faz favor. ― Disse eu, querendo parecer o mais educado possível.
O homem que estava segurá-la, forçou uma gargalhada.
― Já tens algo em mente…? ― Perguntou, falando por cima do riso do seu amigo.
― Não… – Disse relutante. Senti-me um paspalho ao responder. Ela percebendo o meu embaraço e para não me massacrar mais mandou-me para a mesa, dizendo que iria ter comigo dentro de momentos. Sentei-me perto da porta, pus a minha mochila ao meu lado, e levei o menu em frente aos olhos, comecei a ler.
Bife com batatas fritas, entrecosto com arroz, frango assado, macarrão com queijo, peixe grelhado, entrecosto grelhado, costeleta… Sopa de Mariscos? Gambas? …Uau!
Afinal, este restaurante até nem era assim tão mau.
Como eu estava mesmo atrás da porta tive mesmo tempo de ver uma dupla a caminhar para o restaurante. Normalmente eu não fico a olhar para as pessoas, mas era impossível não desviar o olhar. A dupla empurrou a porta do restaurante e um cheiro intenso a perfume veio-me ao nariz. Estavam vestidos de um modo estranho…hum…vestidos de um modo muito extravagante…todos coloridos e cheios de plumas. Então, apercebi-me...
― São travestis!
Um deles olhou-me de uma forma ameaçadora; eram musculados, negros, pintados de modo muito extravagante. Um com uma peruca verde e o outro com uma vermelha. Agarrou-me pelo casaco e puxou-me para ele, deu para ver que tinha muita base e lentes azuis.
― Tens algum problema com isso, maricas? – Perguntou-me, puxando de si a sua voz masculina.
Como me apertava com força, nem tive ar para responder, limitei-me a abanar a cabeça. Empurrou-me para o meu lugar, com tanta força que o pouco ar que me restava fugiu-me dos pulmões. O outro olhou para mim de forma igualmente ameaçadora, sacudiu a sua peruca verde para trás, e continuou a andar. Tinha uma saia tão curta que até se via, aquilo que não propriamente para ser visto. Ao verem a mulher latina, deram um grito e tão agudo que zuniu nos meus ouvidos. Cumprimentaram os que também estavam presentes, aliás o homem de cabelos pretos que estava ali, cumprimentou os travestis com beijo na boca a cada um, o que achei muito estranho. Depois, a mulher – aproveitando o facto de estar de pé – finalmente veio.
― A poucos minutos na cidade e já fazes amigos, forasteiro? - Perguntou, com um sorriso.
Tinha cabelos escuros e encaracolados, olhos castanhos, lábios não muito grossos. Verdade seja dita, despertou a minha atenção. Com uma pele macia e morena, que lhe dava ainda mais beleza. Olhei-a de cima abaixo a tempo de ver que ela esperava uma resposta minha, só tive coragem de lhe sorrir.
Perguntou-me o que iria comer ao que eu respondi, que me contentava com um frango assado com batatas fritas e Coca-Cola.
Disse-me para esperar enquanto dava o recado ao chefe na cozinha, e que logo traria o meu jantar. E de verdade demorou muito menos do que eu pensava.
Comi como se nunca tivesse provado o sabor de um bom frango a minha vida toda e era verdade, aquele frango estava muito bom. Acabei de jantar, deixei o meu prato na mesa e dirigi-me a caixa com a minha mochila enorme. Desta vez não tive que me fazer notar, ela olhou para mim e dirigiu-se logo para detrás do balcão.
― 15 Dólares e 24 cêntimos. - Paguei-lhe o devia. Ela olhou para mim de relance e sorriu. Ao meu lado estava um rapaz de menos de 20 anos, também ele estava vestido de mulher, por momentos pensei que tinha aterrado numa festa só de gays e travestis ― E o pior é que não estava errado.
Sorri de volta para o rapaz, e ele piscou-me o olho, tinha os lábios pintados de vermelho, com uma mini-saia um pouco mais comprida que os outros tinha o cabelo curto e olhos verdes.
― Olá – Disse-me simpático olhava para mim e esboçou um sorriso daqueles. Eu retribuí. Eu não tenho nada contra esse estilo de vida, aliás, penso ser o único da minha familia que não vê mal algum numa pessoa gostar de alguém do mesmo sexo, vestir-se de mulher ou de homem, apenas fiquei espantado com a quantidade.
Admirava-os. Sim, admirava e ainda admiro por terem coragem para serem quem são, sem se importarem com os outros.
Peguei na minha mochila, preparado para me ir embora quando me apercebi que não tinha para onde ir. É tarde, tinha acabado de sair do autocarro e apenas queria dormir. Olhei para a mesa de onde vinha a a conversa e achei que aquela seria uma boa oportunidade para me redimir.
― Desculpem, mas sabem algum lugar onde eu possa passar a noite? - Perguntei. Olharam uns para os outros, até que um daqueles travestis, penso que era o de peruca vermelha, pegou num papel e escrevinhou um endereço. Olhei com atenção para o papel, mas não conseguia perceber bem o que era e em que língua era.
― Fica ao fundo da rua, é uma porcaria, mas ao menos tem colchões. – Disse com um ar arrogante. Agradeci e fiquei com o papel. Sai dali o mais rápido que pude…

Cheguei ao tal motel. Aliás era impossível não o ver, com um letreiro luminoso vermelho a piscar dizendo “Motel”. Entrei na recepção e fui atendido por um homem de muito mau ar, com um fedor a cebola que se cheirava a distância.
Pedi um quarto, registei-me, deu-me a chave e essa foi basicamente a nossa conversa. Enquanto passava pelos quartos, conseguia-se ouvir de tudo desde gemidos, a música, a televisão aos altos berros, até mesmo discussão entre casais. Quando vi o meu quarto ― número 13 ― saquei da chave e abri a porta. Logo veio-me um cheiro a mofo e abri logo as janelas. Não era nenhuma regalia, mas dava para aguentar, só por uma noite. Tinha uma televisão com TV a cabo, uma casa de banho, uma cama de casal com uma colcha azul e preta, um candeeiro em cima de uma mesinha de cabeceira com 3 gavetas.
Tomei um banho longo e quente, apenas vesti uns calções, pois estava uma noite quente. Olhei-me no espelho, ainda tinha as marcas do meu acidente; as queimaduras no meu braço não era mais do que pele retorcida, os cortes no meu abdómen eram apenas finas linhas com pontos em volta.
A minha cara mantinha-se jovem mesmo com a barba por fazer, o meu cabelo loiro tinha crescido e muito dando-me um look despenteado. Nos meus olhos vi o quão cansado estava.
Caminhei para a cama, vi um pouco de televisão, mas momentos depois senti-me muito cansado para ver seja o que for. Desliguei a televisão e as luzes, limitei-me a ficar, deitado em cima da cama a olhar para o tecto, comecei a sentir os meus olhos estranhamente cansados e assim que fechei, senti o meu corpo a ficar pesado.
Não sei quanto tempo dormi, apenas sei que veio-me a memória tudo o que havia acontecido. Parecia tudo tão lento…os sorrisos…ela a olhar para mim…de repente, um puxão e carro a voar, estávamos ao contrário e um calor inundava-me, dava comigo a olhar frente a frente a Morte que me sorria contente….
Gritei!



II – Olá

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Mensagem por Fox* Ter maio 29, 2012 2:56 pm

Sim Dee, sim! Vai em frente com esta fic!
Adorei a vida que ele levou, acho que é o sonho de qualquer um/uma, viajar sem destino apenas pelo prazer de conhecer coisas novas, e gostei ainda mais da razão pela qual o fez, a morte agarra-nos num segundo, aproveitemos os milésimos antes dele chegar!
Estou bastante curiosa, admito! O ambiente de NY, as pessoas que ele conhece, as riscos que corre... Já tenho uma ideia da tua escrita, por isso só podem vir obras primas!

Beijinhos e força com isto :D
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Mensagem por PandoraTheVampire Qua maio 30, 2012 12:17 am

Uau Dee! Isto está awesome! Adorei a viagem dele por grande parte da América, deve ser fantástico fazer algo assim, seguir sem rumo. Veremos onde o amanhã o irá levar agora que chegou a Nova Iorque e pretende ficar. Quero mais!

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Mensagem por DeeSousa Qua maio 30, 2012 9:57 am

Hello! Hello! Desculpem não ter respondido antes!

Ainda bem que gostaram! Fico verdadeiramente contente! :D O meu sonho é fazer uma viagem dessas com as minhas besties...um dia, quem sabe! :D


Postarei o proximo episodio breve.

Beijinhos! :D
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Mensagem por DeeSousa Dom Jun 03, 2012 1:12 am

Aqui fica mais um capitulo! Comentem! Todas as opiniões são bem vindas!!!

Beijinhos! :D

II – Olá



Quando acordei o relógio batia as 11h e pouco da manhã, o sol sorria lá fora e o termómetro começava a subir. Depois de uma noite agitada, decidi que tinha que dar uma volta pela zona e conhece-la. Não sei quanto tempo vou ficar, mas pelo tempo que ficar tenho que conhecer bem onde estou.
Sentei-me na cama e passei a mão pelos cabelos. Tinha-os húmidos. De certeza tivera pesadelos e suores frios durante a noite toda. Os pesadelos nunca iriam deixar-me.
Liguei a televisão, saltei da cama e entrei na casa de banho. Tinha apanhado este habito dela. Ela odiava o silêncio e eu aprendi a odiá-lo também, a televisão ligada dava vida a qualquer espaço e enganava a solidão.
Vesti umas calças de ganga já usadas mil e umas vezes, os meus ténis Converse azuis e uma t-shirt preta. Saí do quarto, deixei a paga do dia no balcão e sai.
Usei o restaurante como ponto de referência e parti daí. Passei por ruas e ruelas, teatros e anfiteatros com peças para crianças e algumas mais pesadas. Vi num teatro desses a peça Hamlet, sempre quis ver.
Passei por mercados, lojas, cabeleireiros e…mercados novamente…mercearias…mercados…até que houve um cinema que me tomou a atenção. Ficava ao lado de um desses tantos mercados pelo qual eu passei.
Tinha apenas um filme em exibição;
Aproximei-me para ver o cartaz. Foi então que percebi que era um cinema pornográfico e o nome do filme era O Monte dos Desejos Carnais. Olhei para o cartaz a ver os actores; A actriz não a conhecia, também com a posição que estava achei difícil sequer ver-lhe a cara. Já o actor, tinha a impressão de que já o tinha visto, não sabia bem aonde, mas a sua cara era-me familiar. Ainda olhei cada detalhe a ver se o reconhecia, mas…
― A esperança dos meus pais é que saia para vídeo. - Disse uma voz atrás de mim Voltei-me e vi a empregada do restaurante da noite anterior. A sua beleza encontrava-se escondida por uns maciços óculos de sol.
― É teu, o filme?
― Sim. Estudei cinema por uns anos e esta é a minha obra-prima.
― Um filme pornográfico?
― É muito mais do que isso. – Disse ela sorridente. ― Tu vês um filme para adultos, eu vejo um pedaço da minha história.
Se o pedaço da história da vida dela era a posição em que a actriz no cartaz se encontrava, bem então também quero participar no filme.
― Ena. – Disse eu sem saber exactamente o que dizer. ― Isso é…
― Não acreditas.
A sua acusação deixou-me desarmado, olhei para ela sem saber o que fazer.
― Não é isso é que…
― Deixa estar. – Disse cortando-me a palavra. ― Não me deves nada, forasteiro.
Rodou sobre si mesma e caminhou na direcção contrária. Fui atacado por um instinto que me gritava para não deixa-la ir-se embora.
― Espera! – Gritei, já ela ia longe. Tive de correr para me aproximar. ― Estou liso e...
― Não me peças dinheiro, não tenho.
A maneira como ela barrava as pessoas instantaneamente intrigava-me.
― Eu não ia pedir-te dinheiro.
― Porquê?
― Porquê o quê?
― Porquê que não me pedirias dinheiro? Achas que não tenho?
― Não é só que…
― Só o quê?
― Eu não te conheço, não iria pedir dinheiro a uma estranha.
― E no entanto continuas a seguir-me.
Parecia ser amável, mas tinha garras de leoa prontas a magoar. Afastei a sensação que de que era um total idiota e tentei novamente.
― Queria saber se conheces algum sítio onde possa trabalhar?
Ela parou. Olhou-me de cima abaixo, avaliando a minha figura.
― Tenho ar de Centro de Emprego?
― Não, nada disso.
― Então, porquê que perguntas?
― Porque tu vives aqui. Podes conhecer alguém…
― E se não conhecer?
Abanei a cabeça, parei e desisti. Pronto, desisto.
― Desculpa. ― Recuei uns passos. ― Não volto a incomodar-te. ― Já tinha andado uns bons passos, quando sento alguém atrás de mim. Voltei-me e lá estava ela novamente. ― Erm…estás a seguir-me?
― Se queres trabalho, é porque vais ficar?
― Sim.
― Quanto tempo?
― Não sei. Depende do trabalho.
Os seus lábios pintados de vermelho sorriram.
― Acho que conheço um sítio, mas não sei se serve para ti. – Ela cruzou os braços ao peito. ― É muito alternativo, sabes?
― Já nada me espanta a esta altura do campeonato.
― Uau, que confiança!
― Prefiro dizer, necessidade. Estou mesmo sem um tostão furado. ― Ela riu-se de mim, o seu riso soou como música nos meus ouvidos. Tirou os óculos e olhou-me de cima abaixo sem qualquer vergonha. ― O que foi?
― Tens sotaque, de onde és?
― Vivo numa pequena aldeia chamada Riverdale.
― Não conheço.
― Talvez conheças Memphis, Tennessee.
Ela andou a minha volta avaliando-me, para depois parar a minha frente. Colocou os óculos de sol e sorriu-me.
― Não sabia que alguém como tu viesse da terra do Elvis.
― Não vim da terra do Elvis, venho de uma terra ao lado da terra do Elvis. ― Ela sorriu ainda mais, porém eu estava intrigado. ― Alguém como eu? Como assim?
Ela parou a minha frente, abriu um gigantesco sorriso. Rodou sobre si mesma e começou a andar. Segui-a como sua sombra.
― Acho que posso arranjar alguma coisa. Não é ideal, mas…
― Não interessa. Preciso de dinheiro.
― Óptimo. É esse o espírito!
Seguiu a minha frente e eu fiquei atrás observando o seu andar. O seu corpo de viola escondido por debaixo de umas calças pretas justas e um casaco de pele falsa bamboleava-se pela rua. As suas botas vinham até ao tornozelo, eram de salto fino, ecoando pela calçada. O seu cabelo encaracolado saltitava a cada passo e não havia homem que não se voltasse para ver aquelas curvas. E, com a sua atitude destemida, mostrava-lhes o dedo do meio ou berrava-lhes um insulto em espanhol.
Na rua havia de tudo um pouco, desde mendigos a passearem com os seus carrinhos das compras cheios de lixo e sucatas, a cães moribundos e pulguentos deitados na calçada á espera que, finalmente, a morte os viesse levar para o paraíso canino. Mesmo com o sol de meio dia as prostitutas já trabalhavam, umas mais feias que outras, o mais arranjadas possivel para o turno da manhã. Negócios obscuros eram feitos sem medo e sem vergonha, pois ali era o último lugar onde a policia se meteria sem levar uns tiros.
Se a minha família me visse agora…chamariam um padre e fariam um exorcismo.
Andámos lado a lado durante alguns minutos sem dizer nada. Ela no entanto parecia conhecer toda a gente, dando e recebendo beijos, apalpões ás mamas falsas de travestis e levantando saias ás prostitutas.
Era um bairro de pecado: Prostitutas mulheres de um lado para o outro em minissaias, meias de rede, roupas curtas e apertadas e do outro travestis todos coloridos ajeitando os seus apetrechos de modo a serem o mais femininos possíveis.
Ao fundo da rua um grupo de jovens que não tinha mais do que 30 anos, todos de camiseta branca e calças de ganga estavam sentados nas escadas a jogar cartas. De vez em quando um ou outro levantava-se e entrava num carro que passara a procura de companhia. A maior parte eram homens.
A droga corria livre ali, vendedores ficavam no topo da rua, perto da avenida principal com olhares discretos e sinais aos compradores.
― A quanto tempo estás em Nova Iorque?– Perguntou-me.
― Desde ontem. Lembras-te, até pedi indicações para o motel… – Relembrei eu.
― E ias apanhando um enxerto dos travestis.
― Gosto sempre de causa uma boa impressão.
Continuámos por vários metros sem dizer nada. A manhã estava quente e começava a pensar o quão longe ficaria esse meu novo posto de trabalho.
― Porquê que saíste de Memphis?
― Riverdale…
― Isso.
Aquela pergunta apanhou-me desprevenido. Era a primeira pessoa, em todo o meu percurso, que me perguntara porquê que tinha deixado o meu lar.
― Porque sim. Sempre quis ver o mundo…
― Nova Iorque não é o mundo.
― É um começo.
Um belo começo. A estrada para mim era uma libertação, de todos os pecados, de todas as falhas que cometi. Servia até de redenção pelo que me custara aquela única noite.
― Chegámos! – Exclamou a mulher de repente. Olhou para mim. ― Vê lá, vou arranjar-te emprego e nem sei o teu nome, forasteiro.
― Simon. – Respondi eu. Ela sorriu-me sob os óculos escuros.
― Olá, Simon. Sou a Rosa.
Estendeu-me a mão e eu apertei-a, incrivelmente a sua mão estava quente e era suave.
― Prazer. – Olhei para o edifício a nossa frente, era decadente com um lance de escadas, dando para uma porta de madeira com um vidro rachado. ― É aqui?
― Não julgues um livro pela capa, Memphis!
Memphis? Acabara de chegar e já tinha uma alcunha.
― Eu não sou de…
Ela seguiu a minha frente, com o seu andar provocante, ignorando-me. Abriu a porta com força e entrou sem esperar por mim. Segui atrás dela. O lance levou-nos até a um 3º andar muito sombrio com apenas uma luz de presença no corredor.
A maneira como Rosa se movia a minha frente, dava-me ideias sobre o que lhe fazer naquele corredor escuro.
Quando dei por mim, ela tinha parado batia numa porta negra. Olhou para mim.
― Então? O que achas? - Perguntou, enquanto tirava o casaco.
― Que lugar é este? - Perguntei-lhe olhando em volta, quase não lhe via a cara.
― Queres um trabalho ou não?
Como se já soubesse a minha resposta, caminhou para mim e agarrou-me na mão. Bateu novamente na porta e um homem calvo, baixo com uma camisa sem mangas veio a porta, tinha um fio que brilhava no meio de um peito cabeludo. Parecia ter reconhecido Rosa, pois afastou-se dando-lhe passagem.
O homem parecia já ter percebido o que se passava, porque olhou para mim e fez um sinal positivo com a cabeça para o seguirmos.
Passamos por vários cubículos, aonde se viam homens á secretária com telefones no ouvido. Por momentos pensei que aquilo fosse um escritório ilegal para alguma organização ou assim mas vi logo que me tinha enganado.
Acabámos por chegar a um cubículo vazio, um dos últimos dessa sala: Era estranhamente pequeno e cheio de fotografias de homens nus e a fazer exercício. Estava cheio de papéis em cima da mesa e o computador estava desligado, tinha apenas um telefone preto a minha frente e lenços de papel.
― Fica a vontade, novato. A única coisa que tens de fazer é seguir as ordens de quem telefona. O pagamento é ao fim do dia. – Disse o homem, que parecia tudo menos atarefado.
Esperei que se fosse embora para perguntar a Rosa que raio de lugar era aquele. Ela olhou para mim durante um tempo. Encostou-se a uma das paredes do cubículo, tirou um cigarro da pequena bolsa e acendeu-o.
― É uma linha erótica…homossexual.
Quando ela me disse isto passaram-me todos os pensamentos pela cabeça. Desde de ir embora a começar a gritar.
― Quem te disse que sou gay?
― Não precisas de ser gay…acho que a tua falta de dinheiro, basta. - Disse-me com um ar de quem já fez aquilo. Limitei-me a dar-lhe uma olhada desconfiada e ela como se não ligasse a mínima continuou a fumar. Durante aqueles momentos de silêncio, senti os seus olhos observarem-me de um modo que me deixava constrangido.
― Memphis, é só um trabalho! Nem tens de fazer o dia inteiro e ganhas bem.
― Não sou gay, Rosa!
― Não tens de ser! Sê altruísta!
― Altruísta?
― Sim! Vais fazer umas quantas pessoas felizes, apenas com umas palavras…― Aí, se o pessoal lá da terra olhassem para mim neste momento. ― Simon, preferias vender a voz ou o corpo?
Olhei para ela, aquilo não fazia sentido nenhum! Por outro lado, precisava de dinheiro.
Não sou gay!
― Anda cá. – Agarrou-me pelo braço, levou-me para fora do cubículo e apontou para um homem vestido de preto sentado de costas e a falar ao telefone. ― Vês aquele ali? É heterossexual, motoqueiro e já comeu umas quantas amigas minhas, no entanto está aqui. Porquê? Precisa de renovar a sua Harley Davidson. ― Virou-me ao contrário e apontou para um outro. ― Aquele ali, o gordo, é banqueiro, casado com duas filhas, está aqui! Queres saber porquê? Precisa de pagar o empréstimo do mega apartamento que comprou na 5ª avenida! Nem todos aqui são gays, Simon. É tudo pelo dinheiro.
― Não digas, isso Rosa. – Voltei-me a tempo de ver um jovem alto, encostado a um dos cubículos com um sorriso nos lábios e os olhos cravados em mim. ― Isto é uma carreira!
Ela abriu um mega sorriso e saltou para os seus braços, a seguir deu-lhe um beijo sonoro. Eu reconheci-o como sendo o colo no qual Rosa se sentara, quando a vira pela primeira vez.
― Simon, este é o Miguel – Disse ela toda babada. ― Miguel, este é o Simon.
― É Michael e chama-me Mike. – Disse Mike com um sorriso mostrando dentes perfeitos. ― Também tu entraste para esta vida.
― Preciso de dinheiro.
― Precisamos todos. – Disse Mike. Largou-se de Rosa e colocou-se ao meu lado. Era mais alto que eu, mais corpulento. Os seus cabelos vinham até ao aos ombros, eram oleosos e negros. A sua pele era branca, pálida, o que salientava ainda mais os seus olhos verde jade. Colocou um braço por cima dos meus ombros, senti um leve cheio a cigarro. ― Podes ir, mamacita, eu mostro-lhe como se faz.
― Não vou deixa-lo ao teu cuidado.
Eh, chica! No confías en mí?
O seu espanhol veio carregado de sotaque americano.
― Mike, eu vou só para não te ouvir a estragar a minha língua. – Exclamou Rosa. ― Não mo roubes, chico! Me voy!
Deu uma palmada a Mike e a mim deixou-me um beijo ternurento na face. Ficou a olhar para nós os dois com um ar pensativo, depois riu-se e foi-se embora toda fogosa e latina. Tanto eu como Mike, vimo-la afastar-se, ele depois voltou-se para mim.
― Então, Simon. Pronto para começar? – Perguntou-me com um tom meio irónico. Eu encolhi os ombros, de certo nem sabia o que pensar daquele lugar. ― Anda lá…
Levou-me pelo corredor fora, passando por todos os cubículos onde homens sussurravam ou fingiam gemidos. Chegamos ao fim do corredor, voltamo-nos encarando a porta ali ao longe.
― É só isto?
Mike sorriu-me.
― É uma linha erótica, esperavas o quê? Já é bom termos cadeiras e mesas.
― Tenho de parar de ter altas expectativas.
Mike tirou um maço do bolso, estendeu-o na minha direcção e eu neguei-o. Tirou um e acendeu-o, largando uma bola de fumo para o ar.
― Não, as altas expectativas constroem carácter. – Disse ele todo contente. O seu sorriso desvaneceu-se e olhou-me de cima abaixo. Eu fiz o mesmo. ― De onde és?
― Riverdale.
― Oh! ― Disse ele sorridente. ― A minha tia era de lá.
― A sério?
― Não. ― Disse ele desmanchando o sorriso. ― Ninguém sabe onde é Riverdale, miudo. ― Eu…bem, nem soube o que lhe dizer. ― Diz-me uma coisa, Memphis tens namorada lá pela terrinha?
Tinha.
― Não, Mike. – Engoli um súbito aperto no peito. Cruzei os braços ao peito e mudei o peso de uma perna para a outra. ― E tu?
Mike deu uma longa passa no seu cigarro antes de me responder, abanou a cabeça negativamente.
― Nah! Tenho medo de compromissos e estou indeciso…
Eu fiquei calado a olha-lo. Os olhos verdes pareciam tristes, agora que notava bem. Passou as mãos pelo cabelo e não pude deixar de notar o quão grossas e calejadas eram. Os dedos longos passaram pelos cabelos como se fossem os dentes de um pente.
Tinha o pescoço longo, meio escondido pela camisola preta de gola alta, as calças também de ganga preta mostravam-se gastas e as botas eram iguais as dos militares. De certo modo, aquela postura era atraente.
― És a primeira pessoa que oiço dizer que tem medo de compromissos.
― O privilégio é meu.
― O que queres dizer com indeciso?
Mike olhou para mim, parecia escolher bem as suas palavras, mas fomos interrompidos.
― Eh! – Os dois olhamos para o homem careca que tinha recebido a mim e a Rosa quando chegamos. ― As senhoras vão ficar a conversar ou vão trabalhar?
Mike apressou-se a esconder o cigarro, quando se voltou para mim ainda fumo lhe saia da boca.
― Não digas nada. – Voltou-se para o homem e gritou a resposta. ― Manolo, estava só a mostrar o ambiente ao…Memphis.
― Não me obrigues a despedir-te, Mike! Mexe-te!
― Sim, patrão! ― Esperamos até que o homem se fosse embora, até que Michael se voltou para mim sorridente. ― É fácil, miúdo.
― Não estou a ver como.
― Apenas faz o que te pedem e geme de vez em quando. ― Disse levando o cigarro aos lábios. ― Vais ver que ainda te tornas um profissional.
― Como tu?
Michael soltou o fumo cinzento de entre os lábios e ergueu o canto da boca num sorriso torto.
― Nunca como eu, miúdo.

PRÓXIMO - OLHOS VERDES. LÁBIOS SUAVES


Última edição por DeeSousa em Seg Jun 04, 2012 1:12 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Andy Girl Dom Jun 03, 2012 2:39 am

Olá!
Primeiro de tudo tenho de dizer que os temas que abordaste aqui, se é por isso que tens os +18 anos, por causa de ferir suscetibilidades, deverias os tirar. Acho interessante falar de travestis e homossexualidade XD Não é porque está na moda, mas porque a minha vertente de psicóloga acha bom que estes temas sejam falados sem mitos para desconstruir preconceitos totalmente erróneos sobre as pessoas com outras opções.
Sobre a história em si, gostei da forma como escreves, quase parece daqueles filmes em que é o personagem principal a contar o filme e existe sempre coisas a acontecer.
Agora, o futuro dele é que eu quero verXD A empregada tem carisma, gosto delaXD
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Mensagem por Fox* Dom Jun 03, 2012 9:38 am

Adorei o capítulo Dee, e não estava nada à espera deste momento! Sem dúvida que a confiança da Rosa foi um must, mas o emprego que lhe arranjou foi um ponto alto em muitos textos teus que já li! Nem nunca me iria lembrar disso! Adorei como descreveste a cidade, pecaminosa e sem salvação, e gostei mais ainda de como, no novo trabalho do Simon, se encontram tantas classes sociais diferentes, ele, um banqueiro, um motard...
Depois deste fantástico capítulo, já estou à espera de tudo! Muito bom, sem dúvida!

Beijinhos
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Mensagem por DeeSousa Dom Jun 03, 2012 10:45 am

Hellur, heelur!!

Antes demais muito obrigada pelos comentários. *le bow* são sempre bem-vindos.

Andy, sê bem-vinda ao meu cantinho +.+. Bem, a razão porque eu meti que era para +18 é porque é um tema sério e sim, porque nem toda a gente pode concordar com o que aqui escrevo. Não quer dizer que quem não tenha 18 não possa ler, muito pelo contrário. Não vou meter aqui asneiradas, nem nada demasiado explicito referia-me apenas aos temas em si que muita gente pode não concordar e não ler. Maaaaaas....enfim, passando a frente, espero sinceramente que gostes da história e que voltes a comentar. Há quem diga que eu tenha uma escrita muito cinematográfica, não és a primeira. Aliás, eu também acho ^^ Quem sabe um dia não escrevo um guião, hein!? (dreamsss *.* :) Obrigada


My dear Fox, is ever so nice to hear from you! Obrigada pelo comentário. A Rosa é uma mulher de armas (eu é o que eu digo, as mulheres nas minhas histórias são todas senhoras de si mesmas, pá!!! ) Ahahah mas se achaste que isto foi o ponto alto, estou curiosa para saber o que vais achar do resto, não é? xD

Obrigada. Obrigada.

Beijnhos. Beijnhos

Até a próxima. Continuem a comentar.
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Mensagem por CatariinaG' Dom Jun 03, 2012 11:17 am

Dud, mas isto faz-me lembrar o Requiem For A Dream, parece que foi tirado do papel da Jennifer Connelly, a namorada do Henry no filme...
UAHOO!
Adorei, juro-te!


Última edição por CatariinaG' em Dom Jun 03, 2012 11:28 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por DeeSousa Dom Jun 03, 2012 11:24 am

Adoro o Requiam for a Dream, é lindo lindo lindo! E sim, é mais ou menos o mesmo ambiente mas não a mesma história. Continua a comentar que eu vou continuar a postar!!! Beijooooo.
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 04, 2012 1:04 am

Omg Dee isto está tão bom que doí. Adoro como tudo é tão diferente do que estou habituada a ver. De ti esperava fantasia, nunca uma realidade tão real e crua como esta. Mas está fantástico! Adorei a Rosa. Imaginei-a como a Sofia Vergara (gosto dessa senhora), confiante, fogosa, fantástica. O Mike tem uma pinta brutal. E nem imagino a indignação que o Simon sentiu quando viu o que ia fazer. Estou a adorar. Mal posso esperar para saber o que mais tens guardado na manga para nós! Nunca desiludes Dee!! Kiss, kiss

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Mensagem por DeeSousa Seg Jun 04, 2012 1:37 am

Pandora! Ainda bem que gostaste! Eu faço tudo, é fantasia, é horror, é realidade nua e crua...tudo menos romances cor-de-rosa (não sou mto boa nisso). A Sofia Vergara de facto dava alma e mega corpo á minha Rosa. De facto, nem tinha pensado bem nela! Eu gosto do Mike, ele é misterioso e tem um charme estranho...LOL

Muito obrigada *mega vénia*

beijnhoooos. Continua a voltar, pwease!!! :D
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Mensagem por Convidado Seg Jun 04, 2012 4:16 pm

Desculpa a demora, Dee. Mas cá estou eu para comentar os dois capítulos (:

I

Gostei muito deste início. Mas estou muito curiosa com o porquê da sua experiência de quase-morte.

Uhhhh, Texas. A terra dos nossos meninos (Jared & Jensen :D).

Quem me dera poder fazer o que ele fez. Viajar pelo mundo, sem preocupações, sem destino. Seria incrível.

Nova Iorque está nos meus planos. Tenho um desejo enorme de visitar esta cidade *-*

Bem, que bar estranho, hã? E o desgraçado estava mesmo a passar despercebido, lol.

Ooooops, já a fazer inimigos xD

Verdade. Há muito pouca gente que respeita os travéstis e o seu estilo de vida. Acham mal um homem vestir-se de mulher, e blá blá blá. É gay, blá blá blá. Não tenho nada contra e gostei muito que tenhas colocado este assunto na tua Fic. E, a maioria dos travéstis, são heteros :D

Ahah, o homem ficou-lhe com um pó tão grande que lhe deve ter passado a morada do pior sítio para dormir em Nova Iorque xD

Coitado. Belo Motel, ahah. O cheiro deve ser deveras agradável *blhac*

Adorei a descrição dele. Parece-me um homem bastante bonito. E barba por fazer é super sexy :D

Oh meu Deus. A morte dela deve tê-lo deixado devastado :s

II

Não pude deixar de sorrir com a ironia do destino. O filme é dela e ela encontrou-se com ele mesmo em frente ao cinema que o exibia :D

Adorei a conversa deles. Ela tem uma garra e força que todas as tuas personagens femininas têm. Gosto dela (:

Coitado, estava a ver que ela não o ajudava. Mas ainda bem que ela repensou. Mas tenho medo do que ela lhe vai arranjar, ahah.

Ah-ah! Agora sabemos o nome deles. Bem, parece que a vida do Simon vai levar uma reviravolta daquelas.

Adorei a alcunha e que ela o tenha ignorado xD

Ahahah, pensamentos impróprios pela Rosa. LOL.

Adorei toda a cena desde que eles entram na sala dos cubículos até ao fim.

Finalmente descobrimos o Michael e o que o pobre do Simon, que insistiu trinta vezes que não era gay xD, vai ter que fazer.

O Michael deve ser mesmo muito bom no que faz. Será indeciso quanto à sua sexualidade?! Hmm.

Desculpa a demora, love. Mas adorei o que li e mal posso esperar por mais. Diferente, mas óptimo como sempre <3
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REQUIEM PARA AMANTES (+18) Empty Re: REQUIEM PARA AMANTES (+18)

Mensagem por DeeSousa Qua Jun 06, 2012 12:26 am

Hello! Hello! Novo capitulo!!

Eu gosto deste particularmente porque dita o inicio de muita coisa que ai vem. ^^ Cada dia cresce mais o meu amor por esta historia *sigh*

Beijinhos!!! E muito obrigada pelos comentários, vocês são demais!

III - OLHOS VERDES. LÁBIOS SUAVES



Mike pega-me pelo braço e empurra-me para dentro de um cubículo.
― Senta-te.
― Mike, eu…
― Senta-te, vá! ― Empurra-me contra a cadeira de rodinhas e vira-se para o telefone. ― Daqui a nada vai tocar. Faz o que te dizem…
― Mas, eu…
― Não penses! ― Mike enterra as mãos nos meus ombros e aproxima os lábios do meu ouvido. ― Faz!
Bate-me duas vezes no ombro e deixa-me logo de seguida. Senti uma ponta de pânico florescer no meu peito. Como é que eu iria fazer seja o que for? Eu não tenho nada contra gays, nem nada contra essa vida mas…eu não sou um deles!
Olho em volta e apenas vejo paredes cobertas com imagens de homens nus. Dei por mim a fazer uma careta. Se vou fazer isto preciso de entusiasmo…Como diabos vou-me entusiasmar com um sem número de fotografias de homens nus na parede? Como é que isto é bom?
Começava a arrepender-me. Eu precisava de dinheiro, sim mas há limites. Eu já roubei, sim mas penso que este aqui é o novo limite.
Quando o telefone tocou o meu coração caiu aos pés. Como raio é que…?
Argh!
Endireito-me na cadeira e respireo fundo. Tu consegues, Simon! Isto é ridículo! Não consegues atender um telefone e manter uma conversa com um homem?
Não, não consigo.
O telefone toca sem parar. Aquela luzinha vermelha ao lado dos números não pára de piscar. O barulho já começa a tinir nos ouvidos.
Agarri o auricular e afasto-o do descanso. Lentamente, como se estivesse com medo que saísse alguma coisa, levo-o ao ouvido. Conseguia ouvir o meu coração nos meus ouvidos.
Isto…vai ser…um desastre.
― Allô. ― No início não oiço nada senão um pesado respirar do outro lado. Não conseguia sentir cheiro nenhum, para além do leve cheiro a mofo do escritório, mas imaginei que aquele respirar viria acompanhado de um hálito pútrido e de uma boca com dentes amarelos e feios. Arrepio-me com o pensamento. ― Allô?
Afastei o telefone quando o som do respirar veio perto demais do bocal, mas ainda consegui ouvir.
Eu sou o Jim. ― A voz é grossa. Imagino um homem grande, peludo e de mãos grandes. ― Tu?
― Ermmm…
Teria que dar o meu nome?
Não tens nome?
― Eu tenho só que…erm…eu….― As palavras ficaram-me presas á garganta. Cravo os olhos numa fotografia perturbadora de dois jovens envoltos num beijo molhado e o meu estômago revoltou-se. ― Ermm…
Chamas-te “erm”?
― Não, não. Isso é estúpido…
Estás a chamar-me estúpido?
Eu tenho um defeito estranho que só se nota quando estou nervoso juntamente com outro factor: Quando estou nervoso e verdadeiramente irritado, posso facilmente passar das palavras aos atos, e é assim que me meto em brigas. Quando estou nervoso e constrangido…falo demais. E digo porcaria.
― Não, eu só disse que a ideia de alguém se chamar “erm” era estúpida. Ninguém se chama assim. É simplesmente…estúpido…
Estás a ver se apanhas porrada?!
Abri um sorriso nervoso.
― Pelo telefone?! ― Mal me saíram as palavras eu mordi a língua. Eu só podia estar parvo. Peguei no telefone e desliguei a chamada. ― Oh meu Deus…― Deixei cair a cabeça em cima do tampo da mesa e suspirei pesadamente. ― Oh meu Deus!
― Tu. És. Um. Desastre. ― Voltei-me e vi Mike junto a porta do cubículo com um sorriso divertido na cara. ― Nunca vi ninguém tão mau.
― Tu não ouviste a voz dele…
― Eu não preciso de ouvi-lo, eu ouvi-te! ― Mike entrou no cubículo e sentou-se em cima da mesa junto ao telefone. ― És um nabo.
― Por favor, continua a bater no ceguinho. Eu não estou humilhado o suficiente!
― Ele só te perguntou o nome, miúdo!
― Bem, eu…
― Pára! Chega! ― Michael colocou o pé no braço da minha cadeira e olhou-me no fundo dos olhos. ― Precisas do dinheiro. Engole as tretas e faz o trabalhou ou vais te embora e morres á fome na rua. Não serás o primeiro, nem serás o último. E, se julgas que alguém te ajuda…mais vale voltares para a Memphis.
― Eu não sou de…
Michael saltou de cima da mesa, mas eu agarrei-o pelo braço.
Ainda iria engolir a minha língua.
― Como é que fazes isto?
Afastou a mão do seu braço e agarrou-me pelo pulso. Os seus olhos subiram para os meus braços e senti-me nu.
― Braços de ferro. Trabalhaste nas obras, foi?
A sua voz vinha carregada de um mel, que me atraiu.
O que se estava a passar?
― Campo. Sabes, como é a vida de um campónio.
― Sei…
O seu olar prolongou-se no meu braço, mesmo depois de ter largado o meu pulso. Levantou-se e fez um gesto para que o seguisse.
Entrámos no seu cubículo e o ambiente era completamente diferente. Com toda a certeza, Mike fazia isto a mais tempo do que muitos.
Mandou-me ficar lado, enquanto espreitava pelo lado de fora, como se não quisesse que nos visse. Eu aproveitei e estudei bem aquele cubículo, a mesa ocupava maior parte do espaço, o computador muito provavelmente, seria mais velho do que eu. Havia uma caixa de lenços de papel em cima da mesa, papeis e, claro um telefone, ao lado um cinzeiro cheio de beatas e um copo de café. Quando á decoração, penso que era o único sítio onde havia uma quantidade igual de mulheres e homens nus.
Voltei-me para Mike, queria perguntar-lhe se aquilo era realmente necessário, quando o vi a encarar-me de modo muito estranho. Estava encostado a parede do cubículo, de braços cruzados, e assim que me viu não sorriu apenas cravou em mim o seu olhar.
― Este é o teu cubículo? – Perguntei numa voz meio enfraquecida pela força do seu olhar. Mike olhou em volta, depois tornei-me, novamente, alvo dos seus verdes olhos.
― Não gostas?
― As imagens podem ser um pouco demais para mim.
― Podes tira-las.
― Não, é o teu lugar…
― Eu fico aqui ao lado. Não te preocupes.
― Okay.
Olhei em volta, aquele espaço poderia ser bastante claustrofóbico.
― Senta-te. O telefone deve tocar daqui a nada. ― Sentei-me na cadeira enquanto Michael tirava um cigarro do maço. Não tardou até o telefone tocar novamente e a luz vermelha voltar a piscar. Michael levou o cigarro aos lábios e um sorriso. ― Ouve, com atenção…― Mike sugou o fumo do seu longo cigarro e levou o telefone ao ouvido. ― Olá para ti. Como é que te chamas, bonitão? ― Sorriu ao ouvir o nome e soltou fumo cinzento pelo nariz. A sua voz era simpática, mas não era de nenhum modo efeminada ou mais suave ou mais “gay”. Era Mike, mas mais simpático do que o normal. ― John. Bem, olá John. Eu sou Joe. ― Enquanto eu observava a conversa a desenrolar-se em frente dos meus olhos, prestei atenção a postura de Mike. Confiante, seguro do que dizia mas numa posição relaxada. Algo normal para quem fazia isto á anos. Os dedos que seguravam o cigarro eram longos, unhas curtas – roídas - mas não eram mãos feias. E os seus dentes mostravam-se estranhamente perfeitos e brancos, mesmo que fumasse tanto. ― Sabes uma coisa, John. Hoje vais ter um bónus. Não vais falar só comigo…― Mike tocou-me no ombro. ― Com quem? Com o meu amigo Memphis, mas sê simpático ele acabou de chegar, okay?
Eu bem gesticulei que não, não, não mas o auricular já estava no meu ouvido. Não havia respiração pesada desta vez.
Allô?
A voz era jovem, parecia divertida. Mike fez sinal para que falasse.
― Olá. ― Disse eu com a voz tremida. ― Eu sou o Memphis…
Ena... és mesmo novo nisto, não és?
― Comecei hoje.
Sou o teu primeiro?
― Sim...por assim dizer.
John riu-se do outro lado. Um riso simpático.
Bem, o prazer é meu, Memphis. ― Mike levanta-se da mesa e desaparece do meu campo de visão por alguns segundos.― Então, que tal fazemos as coisas de forma simples.
― O-Okay
Eu sou um cromo. E sempre quis ir ao espaço, principalmente á Lua. Gostavas de ir a lua?
Perguntou-me num tom simpático.
Tenho que dar crédito ao rapaz – ou assim soava – ele era de facto simpático. Voltei-me para Mike que olhava atentamente para as imagens na parede.
― Ermmm…
Quando disse isto, Mike voltou-se para mim com o cigarro na boca. Abri e fechei a boca umas quantas vezes como um peixe fora da água.
Do outro lado John riu-se.
Não digas ermm, outra vez, miúdo! Ordenou Mike movendo os lábios.
― Sim, gostava de ir a lua… – Respondi prontamente.
Mike deu uma última passa no cigarro e largou-o. Agarrou a minha cadeira e virou-a para a frente.
Tem calma! Disse-me ao ouvido com um hálito quente e com cheiro forte a Marlboro.
Quando senti as mãos de Mike enterraram-se nos meus ombros senti um desconforto inicial. Porém quando se começaram a mover em movimentos circulares, o efeito foi imediato. Senti-me estranhamente mais relaxado.
O jovem ao telefone, continuava a falar.
Ora bem. Fecha os olhos e imagina que estamos a cair….a cair no espaço, completamente nus…eu e tu…
Fechei os olhos para poder imaginar o que acontecia. Cair em pleno espaço, sem nada a nossa volta. Simplesmente cair no negrume da noite, rodeado de estrelas e neblusas.
Senti a respiração de Mike no meu pescoço e quando senti algo quente, não me debati como pensei que o fizesse. Fora um beijo. Um beijo leve.
John continuava a falar e a combinação das suas palavras mágicas e as massagens de Mike eu estava num sítio alternativo. Os beijos de Mike aumentaram de intensidade. Beijava-me com força tal que me fazia doer.
Ouviu-se um barulho surdo quando deixei o telefone cair, ao sentir os lábios de Mike a tocarem nos meus. Senti um calor a subir-me pela garganta acima. O Mike agarrou-me pelo colarinho e puxou-me, fiquei de pé enquanto ele me beijava.
Quebrei o beijo e fiquei a olha-lo com um misto de confusão e espanto! Então abriu aqueles olhos verdes e inquisidores.
― Tens olhos azuis! Parece um mar imenso, Simon. ― Disse-me sorrindo. Voltou a beijar-me longa e docemente. No momento logo a seguir fez-me sentar na cadeira. Pegou no telefone ― Joe, ainda ai estás? Muito bom. O Memphis distraiu-se por um momento e já está aqui. ― Colocou-me o telefone no colo, piscou-me o olho e saiu.
O cérebro demorava a processar o que tinha acontecido agora, mas assim que eu entendi. Larguei o telefone e levantei-me prontamente.
― O que raio me fizeste?
Mike parou e olhou-me.
― Eu beijei-te.
― Eu não sou gay!
― Nem eu. ― Disse Mike sorridente. ― Mas és bonito.
― Não tens piada!
― Não era suposto ter. ― Bateu na parede do cubiculo. ― Bom trabalho.
E assim desapareceu. Simplesmente desvaneceu-se e eu fiquei com um ar de otário sem saber o que tinha acontecido naquele momento.
O que tinha acontecido mesmo?!


NEXT - IV - LA PEQUEÑA ROSA, ROSITA.
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Mensagem por CatariinaG' Qua Jun 06, 2012 1:05 pm

Não sou adepta de slash, mas esta parte, my dear, fascinou-me!

Estou a gostar tanto disto!!!
continua.
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Mensagem por DeeSousa Qua Jun 06, 2012 2:09 pm

Hello, Catarina!

Ainda bem que gostaste ^^ Á fic não é toda slash, mas fico contente que tenhas ficado fascinada.
Volta sempre :)

beijinhos! :D
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Mensagem por Fox* Qui Jun 07, 2012 4:09 pm

Desculpa, esta personagem não existe! A sério, não pode existir!
Super descontraída, sem qualquer tipo de complexos, uma voz agradável, aspeto mais ainda, sorridente, divertida e absolutamente sexy! Posso casar-me com ele?
Estou, tal como tu, Dee, a gostar cada vez mais da tua fic! Se antes o emprego me divertira, agora mais ainda! Adorei o momento incial em que o Simon não fazim a mínima ideia do que dizer e apenas começou a falar sem qualquer tipo de nexo!
Sim, está uma ótima fic (como não poderia deixar de ser!) e estou super curiosa para descobrir até onde nos levas :D
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Mensagem por DeeSousa Qui Jun 07, 2012 6:45 pm

Fox!!! Ahaha o Mike é mesmo assim. Podes tentar casar-te, resta saber se ele quer mesmo...o rapaz tem medo de compromissos. xD

Please come back! Fico contentissima por gostares!!!! :D beijinho, beijão! :D
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Mensagem por PandoraTheVampire Qui Jun 07, 2012 11:49 pm

Bem, tenho de confessar que não sou nada adepta de slash, mas há certos momentos em que se adequa (e como podes confirmas pelas minhas crónicas, não tenho nada contra isso!). E devo dizer que neste momento se adequou lindamente. Ainda mais pela maneira descontraída com que o Mike agiu sobre o assunto. Um beijo é um beijo. Que interessa se és homem ou mulher? Lindo. Estou a adorar esta história Dee, mas espero que continues a dar atenção às minhas queridas irmãs que a curiosidade mata-me! lolol

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