FanFic Nacional
Inscreve-te no fórum para teres acesso a comentários, galerias e votações.

Participe do fórum, é rápido e fácil

FanFic Nacional
Inscreve-te no fórum para teres acesso a comentários, galerias e votações.
FanFic Nacional
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Lua de Sangue

Ir para baixo

Lua de Sangue Empty Lua de Sangue

Mensagem por CruciareMors Sex Nov 30, 2012 9:40 pm

Nota: Infelizmente, nada disto me pertence. Harry Potter ™ e todas as personagens e locais fictícios relacionados com a sua história são propriedade de J.K. Rowling, pelo que nenhum proveito monetário está a ser tirado desta história e qualquer infracção aos direitos de autor é completamente acidental.

Lua de Sangue

Era uma noite amena, ideal para um passeio ao ar livre. A Lua em quarto minguante tentava esconder-se envergonhada por detrás de fiapos de nuvem, sem sucesso. O jovem homem corria cegamente, apavorado e sem saber para onde ir. Aquele dia, o dia com que sonhara, que esperava que fosse o melhor da sua vida... todos esses devaneios tolos de um jovem apaixonado se esvaíam agora, dissipavam-se em frente dos seus olhos, levados pelos rios de sangue que corriam pelo chão.

O cansaço tomou-o, fê-lo perder as forças, tombou-o de joelhos no solo. A sua mente mostrava-se incapaz de processar os acontecimentos. Como era possível que Céu e Inferno, alegria e dor, exultação e desespero pudessem estar assim, tão profundamente interligadas que era praticamente impossível definir o momento preciso em que uma acabara e a outra se iniciara? Como? O instinto dissera-lhe para não confiar na sua sorte, para esperar. O coração, porém... ah, o coração, esse, dissera-lhe que aproveitasse. Que rejubilasse com cada momento, cada oportunidade. Arriscara. Perdera.

Onde estaria ela? Estaria bem? Estaria viva? A salvo?

Não podia ficar ali, parado, servindo de alvo estático a quem o quisesse abater. Já vários feitiços haviam beijado as suas vestes. Era arriscado, sim, mas tinha de ajudar. Tinha de encontrá-la. Reunindo todas as suas forças, ergueu-se novamente a custo. Porém, ainda mal dera um passo quando sentiu que alguém se aproximava, sorrateiramente, pelas suas costas. Sem parar para pensar, atirou-se de lado para o chão, arfando uma maldição na direcção na qual estimava que se encontrasse o seu atacante enquanto caía.

"Achas mesmo que isso é suficiente para me derrubar? Francamente, filhote, ainda tens tanto que aprender..." cuspiu uma voz por detrás dele, parcamente audível acima de todo o ruído infernal que os rodeava. O seu tom poderia ter sido confundido com paternalismo, mas ele sabia que assim não o era. Aquela voz irradiava malícia, ameaça implícita. Aquela voz...

O sangue gelou-se-lhe nas veias. Conhecia aquela voz. Ouvira-a pela primeira e última vez há pouco mais de um mês. Ouvira-a naquela noite.

Rolando no chão, deixou que o seu olhar assentasse na face que mais odiava. Fenrir Greyback.

"E é assim que nos encontramos novamente... pronto para me dar um pouco mais de prazer, meu jovem?" Inquiriu o lobisomem, lambendo os lábios de maneira obscena, mostrando os dentes amarelos e podres. De algum modo, a mudança na forma de tratamento só serviu para deixar o jovem ainda mais apavorado. Um sentimento de profunda repulsa apoderou-se dele, contudo lutou para ostentar uma expressão impassível. Uma pergunta impunha-se.

"Como...? Foste mandado para Azkaban..."

O sorriso sádico de Greyback ampliou-se. "Ora, devo-o a todos vocês..." e abriu os braços num gesto largo, que abarcava o que tinha até há pouco tempo sido um jardim pacífico e feliz, mas que agora não era mais que um cenário de uma carnificina. "Se não tivesse sido a magnitude deste... ah..." suspirou, deliciado "... evento... nunca teríamos sido capazes de escapar da prisão. Vou ter de lhe dizer obrigado como deve ser desta vez, Mr Weasley..." um horrendo e selvagem sorriso brincava agora nos seus lábios imundos. Bill deu por si a desejar algo... alguém que o ajudasse... não podia deixar que se apoderassem de Fleur, não podia...

Endireitando-se com esforço, pôs-se de pé, tremendo. Tinha tido um encontro bastante desagradável com um Devorador da Morte quando saíra do salão improvisado com Fleur e havia-a perdido por entre a multidão em batalha. Desse encontro resultara uma perna bastante maltratada e uma dor intensa nas costas cuja fonte não conseguira ainda identificar ao certo.

Abanando a cabeça, Bill voltou à realidade com um bang bastante literal. A tenda dos noivos acabara de explodir, causando variados gritos de pânico por entre a multidão que se atirava, aterrada, para longe dela, para os braços expectantes dos Devoradores da Morte. Rodou a cabeça mesmo a tempo de ver Greyback atirar-se para cima dele, tentando alcançar a sua garganta. Ambos os feiticeiros colidiram estrondosamente com o solo, com Bill agitando-se desesperadamente na tentativa de remover a ameaça do lobisomem. A varinha de Bill jazia no solo junto a ele, mas não perto o suficiente para o jovem se reapoderar dela. Greyback, esse, parecia não precisar nem querer usar a sua própria varinha. O sangue fresco que pulsava nas veias do outro homem apelava a instintos animais, a rasgar a carne em vez de enfeitiçá-la ou adormecê-la, e era isso que tencionava fazer.

Alcançando finalmente a garganta da sua presa, apertou-a entre as suas mãos com toda a força que conseguiu, fechando os olhos e lambendo os lábios no êxtase da antecipação. Sentiu tal como ouviu Bill Weasley lutar por respirar por longos momentos, até cair inanimado no chão, sem oferecer mais resistência. Se não o soubesse, diria que o mais velho dos irmãos Weasley estava morto, mas conseguia ainda sentir aquele sangue... pulsando... enlouquecendo-o a cada momento que passava...

Com um gemido de puro prazer, mergulhou em direcção ao pescoço da sua vítima, a parte mais suculenta do corpo para ele morder. No momento em que abriu a boca para desferir o golpe final em Weasley, contudo, sentiu que algo de terrivelmente errado se passava. Sentia, cheirava sangue – o seu próprio sangue – esvaindo-se dos seus vasos, escorrendo pelas suas costas, primeiro lentamente... depois, com o aumento da dor, que se espalhava por todo o seu corpo, mais e mais e mais...

Com uma lancinante guinada de dor, sentiu que algo lhe trespassava a aorta. Sentiu-a rebentar. Numa questão de parcos momentos, era ele quem lutava por respirar, o medo acelerando-lhe o ritmo cardíaco, o sangue jorrando para o chão e manchando-lhe as vestes, convulsões espalhando-se pelo seu corpo.

Ao cair redondo no chão, Fenrir Greyback teve uma visão do seu atacante. Uma face outrora calma, compreensiva, benigna, desfigurada no aqui e agora por ódio puro, prazer selvagem espalhando-se pela sua face. A inversão de papéis entre caçador e presa após tantos anos.

Cerrou os olhos pela última vez. Exalou o seu último suspiro. A sua parte naquela história, em qualquer história, na verdade, acabava ali. A cinco metros de distância, o seu opositor olhou o cadáver com um misto de profundo remorso e alívio. Alívio por saber que o dia da vingança finalmente chegara. Alívio por saber que aquele ser imundo nunca mais iria conspurcar o sangue nem destruir a vida de ninguém como destruíra a sua.

Inclinou a cabeça durante um momento. Em seu redor, a batalha morria, os invasores iam sendo dominados por pessoas com a mesma força de vontade, a mesma ânsia de justiça que ele próprio. Observou, de longe, o filho de um dos seus melhores amigos subjugar o seu atacante, incapacitando-o e sorriu contra vontade, um sorriso sem qualquer tipo de alegria por detrás. Se tudo corresse bem – e havia de correr – aquele rapaz iria poder ter a vida com que sempre sonhara... a vida que ele, Remus Lupin, nunca pudera ter devido à sua condição. Mal ele sabia...

A justiça fora feita. Encaminhando-se para o corpo de Greyback, conjurou um pano negro, estendendo-o por cima do outro homem, poupando-o na morte como ele nunca poupara ninguém em vida. Com um suspiro, virou-lhe as costas e encaminhou-se o que restava das tendas para ajudar a tratar dos feridos. Viu Bill Weasley estendido no chão sendo tratado por um curandeiro de S. Mungo, dos poucos que já se encontravam no local. Provavelmente chegara mesmo a tempo de impedir que o pior acontecesse ao seu jovem amigo.

Lentamente, ergueu o olhar para a Lua. Era estranho, pensou, que algo que lhe transmitia tanta paz e serenidade em pequeno pudesse trazer-lhe momentos de tão grande sofrimento em adulto, testemunhar episódios tão horrendos e continuar no seu movimento em torno da Terra, brandamente, como se nada se passasse. Olhou para ela com uma determinação que há muito não sentia. Um dia, jurou a si próprio, um dia olharia a Lua e pensaria no bom que era poder simplesmente olhá-la, sem temores. E ele iria continuar a lutar para que esse dia chegasse.
CruciareMors
CruciareMors
Austen
Austen

Localização : Portugal

Histórias Publicadas : -----------

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos