Virtudes
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Virtudes
Era o debate na pensão amor, um dos corpos empertigou-se e questionou fortemente as qualidades deste passar efémero que alguns arriscam a chamar vida, a sua, e a dos demais.
Que capacidades extraordinárias teriam aqueles seres, desenhados a partir da mesma base, um pincel, que apenas muda de número ou usa outra tinta.
Um granjeou soltar um absurdo argumento que lhe tenta colocar ao nível de Pessoa.
- Sou falso, tão genuinamente falso, que não sou mais que a verdade.
Outro da farta tinta esbanjada aquando da sua impressão, acreditava ser o Monet contemporâneo. De facto, a penumbra que rouba a sua nitidez, perto do macróbio candeeiro a óleo, quase apagado, era admirado por qualquer impressionista.
Eu também lá estava, na pensão, sem amor, não pensei no valor da minha vida, porque quando o faço, torno-a mais pobre. Em vez disso, engrandeci o escabroso momento, não sei se voltaria a fazê-lo, mas era tal o opróbrio que me consumia, fruto da ausência de minimais atributos, que pareceu-me o mais correcto.
Entre as soltas conversas, que serpenteavam, como a água salina entre os calhaus talhados, comecei a entender qual o verdadeiro significado de existir, já completamente absorto da discussão entre o novo Pessoa e Monet, dou-me conta do surrealista que a vida chega a ser. Questiono-me o porquê da existência da palavra surrealismo. Se este é tão real que consigo contemplar. Afinal a persistência da memória existe, e o seu realismo é tão mais autêntico que as virtudes que o meu corpo acaba de calar.
Sem motivos para pertencer a esta plêiade, retirar-me-ei, apenas levarei comigo o mais próximo dum dom que Deus me deixou, a minha pobre visão.
Que capacidades extraordinárias teriam aqueles seres, desenhados a partir da mesma base, um pincel, que apenas muda de número ou usa outra tinta.
Um granjeou soltar um absurdo argumento que lhe tenta colocar ao nível de Pessoa.
- Sou falso, tão genuinamente falso, que não sou mais que a verdade.
Outro da farta tinta esbanjada aquando da sua impressão, acreditava ser o Monet contemporâneo. De facto, a penumbra que rouba a sua nitidez, perto do macróbio candeeiro a óleo, quase apagado, era admirado por qualquer impressionista.
Eu também lá estava, na pensão, sem amor, não pensei no valor da minha vida, porque quando o faço, torno-a mais pobre. Em vez disso, engrandeci o escabroso momento, não sei se voltaria a fazê-lo, mas era tal o opróbrio que me consumia, fruto da ausência de minimais atributos, que pareceu-me o mais correcto.
Entre as soltas conversas, que serpenteavam, como a água salina entre os calhaus talhados, comecei a entender qual o verdadeiro significado de existir, já completamente absorto da discussão entre o novo Pessoa e Monet, dou-me conta do surrealista que a vida chega a ser. Questiono-me o porquê da existência da palavra surrealismo. Se este é tão real que consigo contemplar. Afinal a persistência da memória existe, e o seu realismo é tão mais autêntico que as virtudes que o meu corpo acaba de calar.
Sem motivos para pertencer a esta plêiade, retirar-me-ei, apenas levarei comigo o mais próximo dum dom que Deus me deixou, a minha pobre visão.
Última edição por mrmadeirense em Qua Ago 22, 2012 4:47 pm, editado 1 vez(es)
Re: Virtudes
A forma como o teu personagem pensou sobre a vida, o seu significado e as suas implicações foi bastante interessante. Principalmente porque, enquanto outros se debruçavam sobre questões vazias, ele foi capaz de olhar mais além e obter respostas.
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