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The Letters of Charlie

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The Letters of Charlie Empty The Letters of Charlie

Mensagem por Soph Sex Jun 01, 2012 8:50 pm

*Esta fic pode conter (e contém!) cenas violentas, um pouco sádicas.*


The Letters of Charlie 2ahw12e







Olá.

Vou-te contar uma história.

Eu tenho um dom.
Mas não podes contar a ninguém. Vai ser o nosso pequeno segredo.
Bem, para começar tenho de te avisar de uma coisa: um dom nem sempre é uma coisa boa, como nos desenhos animado em que a menina tem o dom de saber tocar piano com cinco anos ou como o rapaz que desenha tão bem que aos nove anos já é conhecido internacionalmente.
Não. No meu caso, ter um dom é mau. Não gosto do meu dom. Porque é que as outras crianças podem ter uma vida normal, passear pelo parque, jogar futebol, andar de baloiços e eu não? Porque é que tenho de ficar em casa fechada, sem poder sequer abrir uma janela?
Os médicos disseram que tinham em mãos um caso muito raro de paranóia infantil. Nunca tinham diagnosticado uma menina tão nova com tal doença psicológica, até porque eu não tinha antecedentes. Ficaram deveras surpreendidos! Afinal eu tinha apenas seis anos quando esventrei a minha gatinha, a Cissy.
Mas eles não percebem. Eu só queria perceber porque é que ela não se calava! Estava sempre a miar. E não tinha nenhum botão onde eu a pudesse desligar, como os meus brinquedos.

Aconteceu o mesmo com o Bird, o meu pássaro. Mas dessa vez eu simplesmente torci-lhe o pescoço. Assim não sujei as mãos nem salpiquei o chão com sangue, e a minha mãe não me repreendeu.

Mas o meu irmão sim. Ele é mais velho, acho que tem dezoito anos. Começou a ralhar comigo imagina! Não odeias irmãos mais velhos? Pois, eu também. Por isso é que eu lhe espetei um garfo na garganta quando ele estava a dormir, naquela noite. Mas dessa vez sujei-me. E sujei-lhe também a cama toda! Ao início, eu queria torcer-lhe o pescoço também, mas não consegui, por isso utilizei o garfo.

Só tenho pena da minha mamã e do meu papá. Eles choraram muito. E quando pararam levaram-me lá à casa branca onde os médicos disseram que eu sofria de algum tipo de paranóia auditiva. Não podia ouvir sons demasiado altos.

Fiquei quatro meses lá na casa branca. Cheirava muito mal. E era mesmo tudo branco! Com pessoas de branco e meninas e meninos de branco, como eu.
Lá fizeram muitos testes comigo. Puseram-me a ouvir música muito alta e eu ao início fiquei muito assustada e só me apetecia partir os vidros da sala branca onde estava. Mas os vidros não se partiam.

Foi assim durante todo o primeiro mês.
Mas depois percebi (sabes, eu também fui diagnosticada como sendo sobredotada) que se eu me mantivesse quietinha a um canto daquela sala branca com vidros que não se partiam enquanto eles punham a música muito alta, talvez eles me deixassem sair.

E foi o que fiz. Era muito difícil ao início, mas depois consegui disfarçar, mas queria partir qualquer coisa ainda. Queria partir o objecto de onde saia a música em cima da cabeça de alguém, mas eu não conseguia ver nenhum objecto!

De qualquer das maneiras o meu plano resultou e eu sai da casa branca que cheirava muito mal e fui para casa, onde tive uma surpresa: a minha mãe estava muito gorda e todos os brinquedos que tinha tinham desaparecido do meu quarto, incluindo aquela boneca de porcelana que era a minha preferida. Sabes porquê? Porque não fazia barulho. Era linda. Tinha uns cabelos loiros encaracolados muito macios e um vestido azul como o de uma princesa! E tinha um chapeuzinho na cabeça, azul tal como o vestido.

Chorei muito quando os meus pais me disseram que eu ia dormir para o sótão porque o meu quarto tinha de ser para a nova bebe que vinha a caminho.

Perguntei-lhes porque é que ela não podia ir para o quarto de meu irmão, já que ele já não cá estava! A minha mãe abraçou o meu pai e chorou como uma menina de cinco anos.
“Porque existem manchas de sangue por todo o chão, querida”. O meu pai disse sorrindo e ainda me tentou tocar na bochecha com os dedos mas não foi capaz. Eu percebi que ele estava a chorar também e que tremia muito. Não percebo porquê, sinceramente.

Na verdade, eles nunca mais brincaram comigo. Parecia que tinham medo de mim, mas eu nunca lhes fiz mal.

Bem, o sótão, ou melhor o meu novo quarto estava cheio de aranhas e de pó e eu não gostava nada! Não era cor-de-rosa como o meu outro quarto. Não tinha bonecas como o meu outro quarto. Tinha apenas uma cama e uma mesinha azul que era do meu irmão. Os meus pais nunca mais me compraram brinquedos!

Mas ao menos não tinha barulho. Era silencioso. Era assim que eu gostava.
Já te disse que nunca mais fui à rua? E os meus pais nunca mais abriram a janela com medo que algum som demasiado alto entrasse e me assustasse. Eles até começaram a falar aos sussurros e tudo!

Sim, eu ouvi uma conversa.

“Não consigo John! Nós vamos ter uma bebé! E quando ela chorar? A Charlie vai simplesmente matá-la como fez ao Elliot e aos animais? Não. Não consigo viver assim” A minha mãe estava a chorar, mas continuava a falar muito baixinho.
“Não querida, mas… mas tu queres abandoná-la? Ela não sabe o que faz. Ela é a nossa menina.”
“Aquela não é a minha menina. A minha menina não existe mais. Aquela criança é um monstro. A minha menina vai ser a Claire, quando ela nascer. E não vou permitir que aquela criatura lhe faça mal.”

Oh, como eu estava triste quando ouvi a minha mãe dizer aquilo. Não sabia o que fazer. A minha mamã não gostava de mim. Mas que tinha eu feito de mal?

A minha mãe não comeu connosco nem me leu uma história durante dois dias.

Mas não tive tempo para pensar porque pouco tempo depois, enquanto o meu pai ia ao mecânico com o carro, a minha mãe começou a gritar agarrada à barriga. Parecia uma louca! E quando eu apareci à frente dela, preocupada ela tentou abafar os gritos com a mão, enquanto estava no chão do meu antigo quarto.

Aquilo fazia-me muita confusão. Os gritos de dor e os olhos aterrorizados da minha mãe ao olhar para mim faziam com que me apetecesse fugir dali. Mas, como sempre o meu pai tinha trancado a porta.

Eu tentei. A sério que tentei. Tentei ir para um canto e tapar os ouvidos. Eu não queria fazer mal à minha mãe. Não queria mesmo…

Mas não aguentei. Eu sou apenas uma menina de oito anos! Não me consigo controlar assim. Por isso peguei numa faca e fui direita à minha mãe.
Comecei por espetar a faca na barriga enorme cinco vezes, mas ela continuava a gritar muito. Mas ela agora dizia “A minha Claire não! A minha bebé não!” Parecia uma louca! Por isso continuei a dar mais facadas até ela se calar. Depois fui para o sofá esperar pelo meu pai que, quando me viu salpicada de sangue começou a rezar e procurou pela minha mamã. Pegou nela e foi-se embora, trancando a porta por fora, levando a chave. Deixou-me lá sozinha.

Não o vejo há duas semanas.

Mas enfim, acho que me estou a dispersar. Eu estava a dizer que tenho um dom.
Consigo abrir a porta que está trancada como a minha cabeça. É um dom mau porque me faz ter muitas dores depois de o fazer. E também não é bom porque eu só o descobri porque o meu papá me abandonou.

Eu agora já posso sair à rua e passear, como os outros meninos.

Olha, por exemplo, no outro dia conheci o Nathan. É um menino da minha idade que tinha uma bola de futebol nas mãos. E pedi-lhe para sermos amigos e fomos brincar com a bola, mas ele foi mau para mim. Atirou-me ao chão quando eu tinha a bola. Ele pediu desculpa, mas estava muito perto de mim e a cabeça doía-me por ter aberto a porta. O som saiu muito alto e eu peguei numa pedra e mandei-lhe a cabeça e quando ele caiu no chão, a chorar, fez ainda mais barulho!

Eu só queria que a mãe dele aparecesse e o fizesse calar mas ninguém chegou. Por isso tive de fazer a única coisa que podia: continuei a bater-lhe com a pedra na cabeça. Mas mais uma vez, fiquei cheia de sangue.

Fui para casa e deixei-o lá no chão de areia, a mãe dele haveria de chegar, não é?
E hoje voltei a sair. E doí-me muito a cabeça por isso. Mas eu vi-te ao pé do carrinho dos gelados. Tinhas uma boneca de porcelana de cabelos castanhos.

Segui-te até casa. Desta vez queria ser simpática e pedir-te para seres minha amiga através desta carta. Fui eu que a escrevi!

Tu chames-te Claire, eu vi na tua mochila quando te seguia. Tens o nome da bebé que me tirou o meu quarto.

Bem, Claire tens uma boneca de porcelana muito bonita.

E eu quero-a.

Mas lembra-te, não faças barulho…


Charlie




Shhhh, you have to be quiet, Dear...





Oh Well, Hope you like it :)


Última edição por Soph em Qua Jul 04, 2012 8:13 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Fox* Sáb Jun 02, 2012 12:32 am

Pronto, a bloody mind chegou! Já cá faltava uma criança psicopata, já temos tanta coisa por aqui que mais uma ou outra excentricidade não faz mal!
Estou curiosa pelo final, quero saber como vais dar cabo da Charlie! xD
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Mensagem por Nitaa Sáb Jun 02, 2012 9:32 am

O.O
Madre Deus!!
AMEI (estranho adorar coisas sádicas, mas isto está realmente apelativo desde o principio até ao fim!)
Pergunta: Ela matou a pequena irmã? E a mãe? É que só diz que o pai levou a mamã para longe. E fiquei curiosa, porque a Claire pode ser a maninha. Mas posso estar a divagar muito.
Bem, começo a ter pena da Claire da boneca! Se ela mantiver o bico fechado, ainda se poderá safar. Mas qual é a criança que não berra?
Quero mais! Rápido! Pf!
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Mensagem por CatariinaG' Sáb Jun 02, 2012 10:18 am

Eu adoro isto!
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Mensagem por Soph Sáb Jun 02, 2012 11:28 am

Wooo *-*

Fox: sempre a insultar-me... Mas pronto, sabes como é esta mente. Se não tem sangue, é porque estou doente xD.

Nita: Muito obrigada por leres :)
Sim, ela matou a mãe... e a pequena Claire. Talvez. heheh


Catarina: Ainda bem que gostas ^.^ Ty

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Mensagem por Mia Angel Sáb Jun 02, 2012 12:44 pm

Olá Soph, eu já tinha lido umas quantas cartas da Charlie no outro forum que eu totalemente adorei! Adoro a personagem que tu crias-te aqui, tão sangrenta! Adorooooooooo totalmente o optimo trabalho que tu fizes-te ao escreveres estas cartas que a Charlie envia a pessoas que, segundo o que eu já percebi do outro forum, depois ela mata!
Continua a postar que eu quero ler mais!

xoxo
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Mensagem por Andy Girl Dom Jun 03, 2012 1:39 am

Olá!
Primeiro de tudo, tens alguns conhecimentos de psicologia? A tua história baseia-se muito numa psicose quase esquizofrenia, mas agravada. Sei que aqui é so uma história, mas eu tenho uma disciplina em que nós todos os dias temos pessoas com doenças psíquicas nas aulas e numa dessas aulas, fomos visitar um hospital com doentes internados com tipos de psicoses que os tornava dependentes. Isto lembrou-me que um deles esteve naquele hospital toda sua vida, sempre drogado devido a doença e tinha de tomar medicamentos para não se tornar violento.
Numa outra aula, tivemos um individuo que arrancou o próprio olho porque ouvia vozes na cabeça a dizer que o tinha de o fazer.
Numa circunstancia normal esta miúda seria internada e drogada, não iria passar de um zombie.
Mas passando à frente, gostei da forma como escreves e da sua inocência, sim, porque ela é inocente ao ponto de não saber que faz mal.
Quero ver como continua as suas cartas e que mais tipos de ataques ela fez. Acho interessante a forma como descreves o que ela sente e ela reage.
Aguardo por mais.
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Mensagem por Soph Dom Jun 03, 2012 11:02 am

Obrigadaaaaa Mia. Fico feliz por te encontrar aqui! Pensava que só havia a Fox.... pfff :)


Andy Girl: Não, não tenho nenhuns conhecimentos de psicologia, pelo menos por enquanto. Para criar a Charlie eu apenas pesquisei várias tipos de esquizofrenia e até acho que misturei uns quantos sintomas de outras doenças xD
Não estou a gozar mas eu sei que teria adorado visitar esse hospital onde foste... Não sei porquê, mas há algo que me fascina.
Anyway. Thank you very much :)
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Mensagem por Soph Dom Jun 03, 2012 11:25 am



A última vez que escrevi uma carta, terminou da seguinte maneira:
“Tens o nome da bebé que me tirou o quarto. Bem, Claire tens uma boneca de porcelana muito bonita. E eu quero-a.”

Tinha oito anos.

Agora tenho quinze e contínuo sozinha. Vivo na mesma casa onde o meu pai me abandonou depois de eu ter morto a minha mãe e o bebe que tinha na barriga, o meu irmão e alguns animais de estimação.

Sei o que estás a pensar. Pensas que isto é apenas mais uma carta de uma miúda qualquer que está apaixonada por ti. Afinal, é o costume não é? Seduzes as raparigas, escondeste com elas nalgum lugar imundo e depois fodes com ela. No dia a seguir nem sabes quem é aquela miúda que te mandou uma mensagem a dizer que adorou.

Não te estou a julgar, atenção. És um rapaz de dezassete anos. O mais popular do liceu. É normal que te queiras divertir.

Mas eu não sou tua fã Joshua. Lamento. Nem sequer ando no liceu. Sou apenas uma observadora.
Ainda não acreditas pois não? Posso ver pela tua cara. Sim. Eu estou a observar-te. Onde quer que estejas, eu vou estar a olhar para ti enquanto lês isto.

Pois bem, para te demonstrar que não estou a brincar contigo, vou-te contar uma história.
Aos seis anos matei a minha gata porque ela não se calava. Esventrei-a.
Aos sete matei o meu pássaro e o meu irmão. Torci o pescoço ao animal e espetei um garfo na garganta do meu irmão.
Aos oito matei a minha mãe e a criança que tinha dentro dela com facadas na barriga.
Porquê, perguntas tu? Porque faziam demasiado barulho.
Duas semanas depois matei um menino à pedrada.
Um mês mais tarde, uma menina.

Nunca mais toquei em ninguém. Vivi sempre sozinha em casa, saindo para passear.

Mas há três noites atrás fiz uma descoberta…

E agora aqui estou eu. Rodeada por quatro pessoas. Ou melhor, quatro corpos que outrora foram pessoas. Passei horrores para os conseguir apanhar sozinhos e transportá-los cá para casa.
Sabes quem são eles? Uma pista?

Um deles é uma mulher. Tem cabelos loiros e olhos verdes. Sabes como a matei? Cortei-lhe os pulsos na vertical e vi-a a perder a cor, devagar. A desfalecer, muito devagar. A sussurrar por ajuda. Cada vez mais baixo.

Ela está à mesa, a comer.

Outro é um senhor já idoso, de cabeça calva e bengala. Está ao lado da senhora. Tive de lhe enrolar o pescoço com fita-cola, pois a cabeça teimava em cair. Ele está à espera que o homem, penso que é o marido da senhora, lhe sirva da carne que devia estar na travessa de prata que a minha mãe tanto adorava.

Esse senhor é o que aparenta estar mais saudável, para te ser sincera. Contínua moreno, com os cabelos castanhos aparados recentemente. De vez enquanto queixa-se dos três buracos que tem no estômago. Está deitado sobre a mesa, sujando-me a toalha toda e a pronunciar palavras que eu não compreendo. Acho que fala em espanhol.

Curioso, tu também és espanhol não és?
Hum, sabes quem mais era de nacionalidade espanhola?
A menina que referi lá em cima. Tinha uns cabelos castanhos muito longos e bonitos. Cortei-os. Pensei em fazer uma peruca, mas tenho mais jeito para desmontar e desfazer do que para montar e colar partes do corpo humano.

Enfim, cada um tem os seus dons.

Mas sim, cortei-lhe o cabelo. E depois fiz-lhe festas no pescoço. Mas ela começou a sorrir num sorriso que passou depois para gargalhadas.

Tinha cócegas, a menina.

Estrangulei-a.

O excerto da última carta que citei ao início era daquela que lhe enviei. Mas ela não me respondeu, por isso falei com ela cara a cara. Queria a boneca dela. Uma boneca de porcelana de cabelos castanhos, tal como ela. Mas ela não ma queria dar, por isso vi-me obrigada a ficar com ela. À força.

Ando com ela desde então.

Dei-lhe o nome de Claire. O nome da bebe que estava na barriga da minha mãe e da menina a quem tirei esta boneca.

Mas espera. A tua irmã também não tinha esse nome? Aquela que morreu há oito anos?
E queres saber uma curiosidade? Três das pessoas que tenho cá em casa são os MaCgol. Não é esse o teu apelido?

Eles são muito simpáticos sabes?

Quando me viram perdida na rua não hesitaram em trazer-me a casa. E eu fiz questão de lhes oferecer, aos três uma chávena de chá com um calmante a acompanhar.

Foi tão fácil. Esperei até que acordassem parcialmente do sono para começar a testar novas formas de cortar o corpo humano. Gosto mais de magoá-los quando sentem e vêem o que faço. É como receber uma nota excelente num teste difícil… Sabe bem.

Eles portaram-se muito bem. Não fizeram barulho. Mas também, para quê gritar quando toda a dor, agonia, nojo e medo transpareciam através dos olhos arregalados e assustados de cada um deles?
Devo dizer que o teu avô foi o mais sofredor coitado. Pensei, muito sinceramente que teria força suficiente para lhe serrar o pescoço rapidamente, mas não consegui passar o osso. Por isso não tive outra forma senão começar às machadadas com o martelo de cozinha.

Aí ele gritou.

E eu não gosto de barulho.

Tenho uma paranóia auditiva, segundo os médicos. Qualquer som demasiado alto faz-me perder o controlo de mim mesma e passo a agir sem pensar, fazendo acções que na realidade não quero fazer. Mas deixa-me contar-te um pequeno segredo: Não me apercebi que matava até esmagar a cabeça daquele menino com a pedra.

Depois comecei a matar porque quis.

Matei a tua irmã porque queria a boneca dela. Matei-a porque ela tinha o mesmo nome que a minha irmã, aquela que a minha mãe amava mais e apelidava de menina dos olhos dela, mesmo antes dela nascer.

Gostavas muito dela não gostavas? Via-te a brincar com ela no parque. Na altura não sabia quem tu eras nem o que irias fazer.

Pois é Joshua. Eu vi-te.

Vi-te a forçar aquela rapariga a entrar no teu carro. Vi-te a trancar as portas. Ouvi-a pedir para que não a magoasses. Vi o carro a abanar. Ouvi-te a mandá-la calar. E depois vi-te a sair, enquanto fechavas o fecho das calças. E vi-te ires embora, deixando-a no carro, sozinha. Não sabes que há gente psicopata por ai, Joshua?

Diz-me, foi bom? Foi bom enfiares toda a tua nojice dentro da Caddy? Aposto que nem sabias o nome dela. Foi bom mexeres-te dentro dela enquanto ela chorava e pedia para parares?
Espero que tenha valido a pena, porque foi a última onda de prazer que sentiste. Guarda-a bem na memória quando estiveres sentado à mesa com a tua família. Só é pena a pequena Claire, não poder estar presente hoje à noite, em minha casa com vocês. Agora teria treze anos... Desfiz-me dela depois de ter a boneca.

Erro meu.

Espero que te lembres da cara da Caddy quando a violaste porque será a cara com que ficarás quando eu te fizer o mesmo com o rolo da cozinha. É pena é estar tão velho… Está coberto de farpas. Mas não tenho mais nenhum. Terás de te contentar com aquele.

Lembraste da quarta pessoa que está cá em casa? É a Caddy. Também a matei. Quis poupá-la a todo o sofrimento que iria passar depois da prenda que lhe deste. Pobre Caddy. Era a sua primeira vez, sabias? Admito que chorei quando lhe cortei a garganta, mas não aguentaria vê-la sofrer o dobro do que estava a sofrer naquele momento.

Poupei-a, no fim de tudo.

Bem Joshua, vemo-nos logo à noite.

E não faças barulho, ou podes não durar até lá…

P.s- Podias guardar contigo a boneca Claire? Deixei-a no teu carro quando fui tratar da Caddy.

Charlie





(Joshua sorriu nervoso. As descrições correspondiam às da sua família. A sua irmã tinha sido encontrada morta com o cabelo cortado. Era uma partida do Jimmy, o seu amigo tolo. Só podia ser! Montes de amigos conheciam os seus pais e toda a gente sabia de Claire. Mas quantas pessoas sabiam de Caddy? Ninguém. Percorreu metade do parque de estacionamento do café até ao seu carro e abriu a porta de trás, onde tinha violado Caddy. Os olhos marejaram e ele caiu de joelhos. A boneca Claire estava lá…)



Shhhh, you have to be quiet, dear



Última edição por Soph em Qua Jul 04, 2012 8:14 pm, editado 1 vez(es)
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The Letters of Charlie Empty Re: The Letters of Charlie

Mensagem por Mia Angel Dom Jun 03, 2012 1:04 pm

também já tinha lido esta carta mas porra, continuo a adorar e não me canso de ler isto! esta Charlie é simplesmente espetacular, em vez de só matar o joshua fez tudo num só, deu cabo do pacote todo de uma só vez e adorei a parte em que ela disse o que lhe ia fazer com o rolo de cozinha, que, curiosamente, tinha farpas! Muito bom! Continua!

xoxo
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Mensagem por Nitaa Dom Jun 03, 2012 1:37 pm

Se devia ter pena do moço, não tenho!
Não sou a favor da pena de morte, mas o cabrão merece sofrer depois do que fez à Classy.
As cartas estão brutais!
Opá a miuda é mesmo marada!
Quero mais!
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Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 04, 2012 12:50 am

Oh gawd que saudades que eu tinha da Charlie e do seu sadismo. Adoro esta miúda. E pensar que estava quase a descobrir o que ia acontecer à Charlie... agora tenho de esperar e rever todos os crimes e maluqueiras que a nossa justiceira demente aprontou. Atenção, não me estou a queixar!! xD

Ai Soph, já tinha saudades disto! Mais!

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Mensagem por Andy Girl Ter Jun 05, 2012 6:09 pm

OMG, esta miúda é mesmo demais.
Tem bastantes traços de Serial Killer, ela não escolhe por acaso as suas víitmas.
Coitados de que se aproxima dela!
Quero mais!
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Mensagem por Soph Qua Jun 06, 2012 9:16 pm

Obrigada meninas! Muito obrigada por comentarem! *.*

Andy: Ela é mesmo uma psicopata. Logo, torna-se uma serial killer xD

Ohhh Pandora :) É verdade, outro que ficou a muito pouco de ficar concluído no outro forum. Não tens sorte nenhuma :p

Nitaa: Já somos duas! Eu também não tenho pena nenhuma do rapaz! Ele mereceu!

Mia: Fico bastante feliz em saber que já leste, mas que o continuas a fazer aqui ^-^




Sabes quando foi a última vez que escrevi uma carta?

Há um ano.

Sabes a quem?

Ao Joshua.

Sabes porquê?

Porque ele violou uma rapariga.

Sabes o que lhe aconteceu?

Morreu.

Matei-o a ele e a toda a sua família.

Mas espera. Não penses que sou algum tipo de justiceira. Antes pelo contrário. Todas as vinte e nove pessoas que matei neste ano que passou, pelo que sei nunca tinham feito nada de mal.

Mulheres com filhos bem-educados. Homens com família e empregos estáveis. Crianças indefesas. Matei-os porque queria experimentar. Queria experimentar matar sem razão.

Até aí vi-me sempre obrigada a fazê-lo: matei a minha gata, a minha mãe, a bebe e o meu canário porque não se calavam, o meu irmão porque ralhou comigo (muito alto!), o rapazinho do parque porque me empurrou, a menina porque queria a boneca de porcelana dela e o Joshua e a família porque, primeiro tinham educado o filho de tal modo mal que ele violou uma rapariga e segundo pelo acto em si.

Ah! Matei também a pobre rapariga.

Como vez, tive motivos maiores que me levaram a cometer homicídios.
Mas não é por isso que te escrevo.


Escrevo-te para te contar uma história.

Uma história sobre o meu irmão.

Ele era mais velho. Não muito, mas o suficiente para nãos nos dar-mos muito bem, mesmo tendo eu seis anos quando o matei.
Ele expulsava-me do quarto. Não brincava comigo. Gozava com a minha obsessão por bonecas de porcelana. Partia e pintava as minhas bonecas de porcelana. Retirava o meu prato e os talheres da mesa de jantar mesmo quando eu acabava de os pôr. Gozava comigo. Contou à minha mãe quando esventrei a nossa gata.

Enfim, acho que não gostava de mim. Tal como eu não iria gostar da minha irmã, se tivesse permitido que ela nascesse.

Ele chamava-se Elliot.

Matei-o porque ele, como sempre, andava atrás de mim para me apoquentar e viu-me torcer o pescoço ao nosso canário. Ele nem quis saber porque o fiz, começou a berrar comigo. Eu não conseguia pensar. Só conseguia sentir a dor que os gritos dele provocavam na minha cabeça. Tudo latejava, tudo parecia prestes a explodir.

Agora que penso nisso seria engraçado ver um crânio explodir. Mil pedaços de carne e osso a espalharem-se por todo o lado, restos daquilo que fora um bonito e nojento cérebro a escorrer pelas paredes. E para completar aquele que seria um espectáculo maravilhoso, um corpo sem cabeça.

Bem, estou a afastar-me do tema principal. Cada vez Elliot gritava mais e cada vez mais parecia que a minha cabeça crescia.

Quando não aguentei mais, corri para o meu quarto e tapei-me com os cobertores. O barulho tinha cessado. Finalmente tinha paz. Mas a cabeça continuava a latejar. E aos meios seis anos de idade, senti realmente o desejo de matar pela primeira vez.

E não tive que esperar muito para satisfazer esse desejo.

Nessa noite, enquanto estava de castigo por ter morto o pássaro (sim, o Elliot fez queixinhas) comecei a pensar numa maneira de me vingar do meu irmão. Morte por estrangulamento parecia-me a melhor opção, até porque não queria sujar a minha bonita camisa de seda de sangue.

Mas quando tentei fechar as minhas pequenas mãos no pescoço do meu irmão, não resultou. Percebi isso mesmo antes de o fazer. Eu era demasiado pequena e fraca. Por isso fui à cozinha buscar um garfo. Um garfo que foi espetado mesmo em cima da maça de adão do Elliot.

Tudo o que vi depois foi as mãos dele a tentarem puxar o garfo para cima, em desespero, enquanto eu o pressionava contra a garganta dele, observando o sangue a escorrer lentamente dos quatro fundos buracos no pescoço dele. Evidentemente que ele conseguiu retirar o garfo rapidamente, mas os seus olhos já reviravam e já o nariz e boca se enchiam de sangue que manchava a almofada. Dos buracos onde estivera o garfo, já não escorria sangue. Esguichava.

Esguichava como se de uma pistola de água se tratasse.

Ele tentava em vão pronunciar palavras. Foi assim durante vinte minutos, até todo o sangue se esvair do corpo. E eu fiquei a ver. Observei o vermelho vivo a alastrar nos lençóis verdes, vi as mãos dele a apertarem a garganta numa tentativa de parar com aquela agonia que sentia. Vi-o a ficar branco. Senti-o ficar frio. Vi os seus olhos a focarem algo indefinido. Vi-os ficarem sem alma.

Vi o meu irmão morrer.

E sorri.

Fui para a cama e dormi, já com a cabeça descansada. Foi instantâneo: assim que pressionei o garfo sobre o seu pescoço, senti a minha cabeça esvaziar.

Nunca mais gostei do nome Elliot nem do que com ele me lembrava. Matei tudo e todos os que me faziam lembrar o irmão que tivera.

Mais tarde, quando os meus pais, muito desgostosos me levaram a um médico, fui diagnosticada como sofrendo de paranóia auditiva.

Ou seja, nada de sons muito altos…

E foi assim que matei uma pessoa pela primeira vez. Depois seguiu-se a minha mãe e a sua barriga grávida de 8 meses.

O meu pai fugiu e deixou-me.

Sabes, tenho-te visto no parque. É para lá que vou passear. Não és lá muito popular pois não? Vejo-te sempre com o mesmo rapaz, sempre a falarem de coisas banais… Aposto que nunca fizeste mal a ninguém.

Até acho que já me viste uma vez. Era aquela rapariga de cabelos castanhos com uma boneca de porcelana com lindo cabelo castanho atrás.

Bem, há um ano que tento novas técnicas, mas de todas, a que me dá mais prazer sempre foi o corte na garganta. Adoro ver a cortina de sangue escorrer por todo o cumprimento do corte. Adoro os sons que as pessoas fazem ao tentar falar com a garganta afogada em sangue.

Aqueles gorgulhos fazem-me rir!

A última vez que fiz algo parecido foi ao avô do Joshua, o tal rapaz que violou a rapariga, mas no caso dele acabei por lhe arrancar a cabeça do corpo. Acho que me entusiasmei. Isso aconteceu há pouco mais de um ano.

Tenho saudades de sentir a faca deslizar pela pele suave do pescoço.

Pretendo voltar a essa prática porque sabes, há muito tempo que não corto gargantas… Elliot.

Lembra-te, shhhh…
Charlie



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Mensagem por Nitaa Qua Jun 06, 2012 10:20 pm

Tadito... Só de ter o nome do irmão da Charlie já vira "era uma vez um moço".
Bem, isto está macabrosamente fascinante como tem estado até agora (não ligues mas tenho tendencia a formar muitas palavras estrambólicas xD)
Quero mais!
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Mensagem por Mia Angel Qui Jun 07, 2012 1:34 pm

(também já tinha lido esta carta antes) Adorei, como todas as outras, é simplesmente brilhante. Ela é mesmo uma psicopata, eu acho que se recebesse uma carta desta ia logo á policia fazer queixa e comprava uma pistola para casos de emergência. Bem, visto que o rapaz para quem ela enviou isto se chama Elliot acho que o que o espera é uma morte com a faca a deslizar por a pele suave do pescoço, como diz a Charlie!

Espero por mais,
xoxo
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Mensagem por Fox* Qui Jun 07, 2012 3:43 pm

Não me lembro se foi esta a música que acompanhou o teu texto da primeira vez, mas foi uma ótima escolha sem dúvida!
Lol, acho piada às escolhas dela, morreu porque lhe lembrava o irmão! Sei que tens mais surpresas preparadas para nós, mas achei este capítulo levemente divertido pela razão que a levou a matá-lo!
Humor negro, sempre no teu melhor :D
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Mensagem por PandoraTheVampire Qui Jun 07, 2012 11:56 pm

Adoro a mente deturpada desta miúda... já te tinha dito isso? E omg, Rammstein é uma óptima escolha para esta menina! Soph, Soph... esta Charlie tanto me fascina como me assusta! E é por isso que a adoro! É bom relembrar o sadismo da menina ao reler estas cartas. PandaMiau

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Mensagem por Andy Girl Dom Jun 10, 2012 6:46 pm

Hum este torna-a mais uma simples homicida. Os serial Killers não matam só por matar talvez tenha traços de ambosXD
Ela é realmente demais, embora seja terrível a ideia que pode haver por aí alguém que realmente mate assim como ela mata.
Fico a aguardar pela próxima carta e ver o que ela diz deste novo Elliot.

Beijinhos!
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Mensagem por Soph Seg Jun 11, 2012 12:35 am

Sinceramente Andy Girl? A Charlie quer é sangue. xD




Olá Sybil.

Como sei o teu nome?

Porque te conheço. Mas tem calma, não queimes o teu frágil e já debilitado cérebro a tentar pensar quem sou eu. Não vais conseguir.

Posso te dizer que já me viste, já falaste comigo. Mas não me conheces. Não este meu lado. Não o lado que está a agarrar na caneta e a escrever esta pequena carta para ti.

O lado que tu conheceste, na realidade, não sou eu. Esse lado é o que eu finjo ser. É a pessoa que sou para não levantar suspeitas sobre o meu verdadeiro eu.

Aquela pessoa dócil e com um sorriso tímido no rosto é uma espécie de alter-ego.

Sabes porquê?

Porque não posso levantar suspeitas daquilo que te vai acontecer. Isso traria o trabalho que não me apetece ter. Afinal, quanto iria demorar até matar todos os polícias que tentassem prender-me?

Quer dizer, um já foi, o Steve. Esse na realidade penso que não me queria prender, mas não cheguei a descobrir a verdadeira razão porque veio cá a casa. Matei-o antes disso.

Um corte preciso, mesmo debaixo do nariz. E foi o bastante para que ele ficasse sem pinga de sangue no corpo. Todo o líquido ficou no soalho da minha sala, uma mancha de sangue impossível de tirar, uma marca da sua presença na minha vida.

Ele suspeitava de algo. E isso foi o suficiente.

Eu não arrisco. Uma pessoa que faz o que eu faço não pode ter o privilégio de arriscar. Faz e segue à risca as suas próprias regras. E joga. Joga e brinca com a fina e débil linha da vida.
E nesse jogo, uma pessoa como eu, sai sempre a ganhar.

Sim, eu nunca perdi.

Eu mato. Eu gosto de matar. Não imaginas a quantidade de prazer que sinto quando corto uma garganta. Quando racho uma cabeça, quando corto uns dedos, quando espeto uma faca no coração. Quando corto pele, quando estrangulo um pescoço, quando arranco membros.

Delicioso…!

Não gosto de raparigas como tu, Sy. Posso-te tratar por Sy? Ok, eu trato na mesma.
O que é que eu estava a dizer?

Ah! Sim! Não gosto nada, nadinha de raparigas como tu, que se são vistas como umas santas quando são nada mais nada menos que umas terroristas.

Que fizeste tu para mereceres tal nome?

Nada!

Não mataste um rapaz que violou uma rapariga! Não mataste dezenas de pessoas para as poupar ao sofrimento que viria quando soubessem o que acontecera aos seus entes queridos! Nada! Não fizeste nada!

Eu! Eu é que devia ter esse nome! Deviam conhecer-me pelo que fiz! Mas não… A Charlie não é ninguém. A Charlie é má, porque matou pessoas, porque desmembrou, cortou, arrancou, partiu e guardou corpos.

Pois bem, ninguém sabe por que é que eu fiz tal coisa. Não sabem as minhas razões!
O meu pai abandonou-me! Fugiu com a minha mãe, morta por mim, nos braços! Deixou uma criança de oito anos sozinha no Mundo, com uma doença que nem compreendia, que não sabia controlar! Que raio de pai é este?

Sabes como sobrevivi todos estes anos? Roubava comida das mercearias e quando fiz doze anos, comecei a trazer pessoas cá a casa e depois de as matar, roubava-lhes a carteira.
Era a única maneira.

Mas tu, a menina bem comportada, de quem todos gostam. Aquela que toma conta da casa, fica umas horas na loja sem receber nada. Aquela pessoa a quem os pais confiam os filhos quando saem para viajar, onde estavas?

Onde estavas tu quando o meu pai se foi embora?

Se és assim tão boa rapariga, tão simpática, tão amiga de toda a gente, porque não vieste tomar conta de mim? Porque não me vieste fazer companhia, educar-me?

Eu esperei por alguém como tu, que me viesse ajudar, mas ninguém apareceu.

Em vez disso, aposto que estavas com o teu amante.

Sim. Eu sei que tiveste um amante. Sei que andaste com um homem de 52 anos, tendo tu, na altura, 21.

Vadia.

Trocaste-me por um homem velho. Preferiste enfiar-te na cama com ele, deixá-lo mexer-se dentro de ti. Ficaste coberta pelos cobertores enquanto o chupavas, ele gemendo e tu a trabalhar para a felicidade dele. Ficaste por baixo dele gemendo de prazer enquanto eu ficava por baixo da cama a gemer de medo, frio e tristeza.

Não é um pecado, mas também não é uma boa acção.

E tudo o que não é uma boa acção é mau. E as más acções devem ser punidas.

Mas não por Deus. Esse anda de férias, caso contrário não teria permitido que te esquecesses de mim quando precisei de uma pessoa como tu.

Essas acções, as más, são punidas por mim.

E eu não sou branda. Os meus castigos são dos piores que alguma vez sentirás.

Primeiro que tudo vou matar o homem com quem te enrolaste há alguns anos atrás. Sei que já acabou, mas a pobre mulher dele sempre foi feliz, mesmo sendo enganada.

Já lhe contei e ela está destroçada. Tal como o filho mais velho.

Tenho-os aos dois, aqui. A mãe está presa à cadeira, enquanto o filho está a fazer-me um pequeno favor.

O homem também está aqui, ao meu lado na cave, com um pano na boca. Está a suar, a tremer.

Os braços estão acorrentados ao teto e os pés presos a uma corda envolta numa manivela que, à mínima volta, irá fazer o já velho corpo masculino esticar, esticar, esticar até rebentar.

Partir-se-á ao meio, cada osso, cada músculo, cada veia, cada artéria. Ficará tudo tão esticadinho que é inevitável que parta.

Mas neste momento, ainda está muito folgada, a corda. Tenho o filho a rodar a manivela enquanto aponto uma arma que o polícia deixou cá em casa à cabeça da mãe.

Ele foi simpático, na verdade. Não protestou quando lhe pedi este favor.

Vou mantê-lo assim até que te decidas a vir visitar-me. Mas não te preocupes se não souberes onde é a minha casa, eu própria te vou buscar. Mas é melhor ser depressa, pois o homem está a sofrer muito. E o filho grita enquanto contribui para a dolorosa morte e tortura do pai. E a mãe chora.

Tenho de te apanhar rapidamente, porque ainda os mato a todos e depois perdes todo o espectáculo!

Sabes, é que a minha doença é uma paranóia auditiva. Ou seja, não gosto de barulho. E eles estão a fazer muito. Barulho não me faz bem.

Mas sabes o que me vai fazer mesmo bem?

Matar-te. Espetar-te uma faca no coração. Espetá-la a quantidade de vezes equivalente às vezes em que chorei à noite, quando não estava lá ninguém para mim.

Quando tu, a boa rapariga de quem toda a gente adora, não soube vir abraçar-me.
Isso sim, vai saber-me bem. Vai na volta ainda o como, como na Branca de Neve.
Despede-te de quem mais ama, pois esta noite será a ultima vez que os verás.

Até lá, não faças barulho.
Charlie



Shhhh, you have to be quiet, dear...


Última edição por Soph em Qua Jul 04, 2012 8:18 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Andy Girl Seg Jun 11, 2012 1:29 am

Óh minha nossa!
Ela aina deve ser virgem, por issso é que aidna não descobriu um outro prazer.
Agora a sério, as cartas delas são surreais e ela vai buscar cada coisa.
Tenho de dizer que tens uma cabeça pensadora fantástica, porque estou mesmo a adorar as cartas e as formas como as coordenas e contas a história da Charlie nelas sem seres muito repetitiva e ao mesmo tempo ficando vários pontos para que quem está a ler a carta (neste caso a quem a Charlie enviou e não exactamente nós) compreenda um pouco desta miúda psicopataXD
Fico a aguardar pela próxima carta e espero que não seja dirigida a mim, claroXD
Eu juro que não faço barulhoXD
BeijinhosXD
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The Letters of Charlie Empty Re: The Letters of Charlie

Mensagem por Nitaa Seg Jun 11, 2012 9:02 am

Soph Soph Soph... Tenho de te dar os parabéns!
Cada carta que escreves está cada vez melhor e sempre crias algo novo de forma a dar a conhecer esta personagem tão virada do avesso.
Realmente fantástico.
Continua sff!
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The Letters of Charlie Empty Re: The Letters of Charlie

Mensagem por PandoraTheVampire Seg Jun 11, 2012 2:01 pm

Eu mato. Eu gosto de matar. Não imaginas a quantidade de prazer que sinto quando corto uma garganta. Quando racho uma cabeça, quando corto uns dedos, quando espeto uma faca no coração. Quando corto pele, quando estrangulo um pescoço, quando arranco membros.

Ai ai Charlie... tens tanto de psicopata como de awesome! xD Continuo a adorar esta miúda louca! xD

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The Letters of Charlie Empty Re: The Letters of Charlie

Mensagem por Soph Qua Jun 13, 2012 7:22 pm

Andy Girl: Sem saberes como, adivinhaste o tema desta carta xD E a minha cabeça pensadora agradece muito.

Nitaa: Virada do avesso? Não insultes a Charlie.. Ela não lida lá muito bem com criticas. Cuidado xD

Pandora: Minha fiel seguidora, muito obrigado :)


Thank you very much, pessoas :D




Tentaram prender-me.

Veio cá um polícia a casa. Seguiu-me.

Ao que parece descobriram que os cartões de crédito das pessoas que eu matei (e que para o resto do mundo estavam desaparecidas) estavam a ser utilizados na cidade.

Fui parva, admito.

Com 17 anos já devia ter inteligência suficiente para nunca levantar dinheiro aqui, onde todos são procurados pelas famílias, amigos e principalmente, policia.

Penso que o polícia sabia quem eu era. De facto, tenho memórias dele. Algo me diz que já tinha visitado a minha família, quando eu era pequena. Talvez aquando da morte do Elliot? Mas os meus pais nunca foram à polícia…

Bem, de qualquer das formas, acho que ele me conhecia, pois não tentou usar a força quando lhe fechei a porta na cara, da primeira vez que bateu nela.

Apenas, falou.

Dissera que só queria conversar comigo e perceber o que me tinha acontecido.
Tretas, pensei. Mas se não o deixasse entrar seria suspeito, certo?

Mas bolas! Tinha uma rapariga na cave, amarrada à mesa e as suas mãos num balde ao pé da escada! Já para não falar da minha camisola que estava completamente manchada com o seu sangue.

Abri devagar a porta e levei-o a sentar no sofá, cobrindo-me o mais possível com um dos casacos que o meu pai deixara no seu armário.

“Só pretendo falar.” Dissera ele.

Problema dele, porque eu não estava com a mínima disposição para tal.
Mas ele não percebeu isso e começou a falar da sua infância, imagine-se!
Contou-me como era socialmente excluído e tinha opiniões muito negras mesmo aos 8 anos.
Uma seca.

Mas depois começou a falar de quando os seus pais o tinham abandonado. Nunca soubera a razão de tal acção.

“Mas será que quereria mesmo saber? Não me magoaria mais?”

Estremeci. Eu não tinha nada a ver com aquele homem enorme. Não tinha e não queria. Não queria a sua compaixão ou pena.

“És a Charlie, não és?”

Sorri.

As minhas suspeitas estavam certas. Ele conhecia-me.

Dissera-lhe que ia buscar chá.

Mas é óbvio que não fui só buscar chá.

Em cima do tabuleiro onde trazia duas chávenas com o meu chá preferido (chá de folhas de amendoeira) estava, meio escondida, uma faca de 30 centímetros.

Assim que coloquei o tabuleiro em cima da mesa de centro da sala onde estávamos, ele viu a faca e levantou-se, fazendo menção de retirar a arma do coldre.

Obviamente que eu fui mais rápida. Peguei na faca e estiquei o braço.

A faca não parou. Deslizou tão suavemente… tão deliciosamente devagar.

Uma sensação gratificante percorreu todo o meu corpo. Uma sensação boa. Reconfortante. Há muito tempo que não era assim. Que não matava sem planear o acto.

Isto foi espontâneo. Tal como aconteceu com a minha mãe.

Sim, eu matei-a. A ela e ao pequeno monstro que crescia dentro dela. E também matei o meu irmão Elliot.

Mas isso são pormenores.

Nunca tive anatomia. Aliás, há anos que não vou à escola, mas assim que vi os músculos rasgados da cara do policia, os ossos do crânio a transparecer por detrás de cortina vermelha que dele escorria, tive uma vontade súbita de aprender tal ciência.

Era um rosto aberto na horizontal, mesmo por baixo do nariz.

O polícia permaneceu em pé, mas não por muito tempo. À medida que o sangue escorria da sua cara, o seu enorme corpo caia no chão.

Os espasmos começaram a aparecer e eu esperei.

Aproveitei e bebi o meu chá, recostada no sofá vermelho da sala, enquanto via os olhos do homem muito arregalados e a sua mão a tentar alcançar a arma que eu lhe tinha retirado.
Ele achava mesmo que me iria alvejar?

No estado em que se encontrava, o mais certo era disparar sobre si mesmo.

Ridículo.

O polícia morreu. Sofreu bastante, afinal foram cerca de 30 minutos a sentir todo o seu sangue fugir do seu corpo, a sentir o seu cérebro morrer, a sua visão a toldar e o seu coração a tentar bombear o sangue que já não existia naquele corpo. A tentar bombear nada.

Terminei o meu chá (já referi que adoro chá? Relaxa-me.) e comecei a arrastar o polícia para a cave.

Não tinha intenção, mas enquanto o arrastava pelas escadas, parti-lhe a cabeça.

Não sangrou.

Todo o sangue que tinha anteriormente no corpo ficou a formar uma poça no chão de madeira da minha sala (Sei que aquilo não vai sair! Odeio quando me sujam a casa!).

Ele era pesado.

Eu, com o meu corpo franzino de pouco mais de 50 Kg mal conseguia transportar o corpo de mais de 70 kg dele até à cave.

Quando finalmente abri a porta de madeira que dava para a divisão mais velha e suja da minha casa e virei o corpo do polícia de barriga para cima, ouvi os gritos histéricos da rapariga sem mãos abafados pelo pano que lhe enchia a boca.

Não tenho paciência para raparigas assim.

Sabe o que ela me fez? Chamou-me sem-abrigo na rua, apenas por não usar roupas de marca como ela! Por favor… Eu visto-me razoavelmente bem! Não digo que sou a adolescente mais feminina, mas não sou nenhuma sem abrigo!

É por isso que a tenho cá em casa. Quero fazer com que ela se sinta como tal.

Comecei por despi-la toda. Está completamente nua. Nem tem muito peito, sinceramente. Quem é que ela pensa que é?

Depois quis livra-la dos seus cabelos lindos e bem cuidado. Cortei-os.

Ela tinha uma tatuagem no braço. Arranquei o pedaço de pele em que o desenho estava alojado, afinal os sem abrigos não tem dinheiro para uma tatuagem, certo?

Gostei particularmente desta extorsão. A faca a lamber a linha de pele que cortava tão cuidadosamente, a visão da pele a enrolar-se à lâmina, tão subtilmente. É tal e qual como cortar lombo de porco, são fatias finas e certas, cortadas com precisão e delicadeza.

Por fim quis retirar-lhe o verniz das unhas, mas infelizmente não tinha removedor em casa, por isso optei por lhe cortar os dedos. Mas entusiasmei-me e acabei por lhe cortar também as mãos.

Como ela gritou.

E eu odeio barulho.

Devido ao meu distúrbio auditivo, quando oiço sons muito altos, tenho reacções violentas.

Estava prestes a acabar com toda aquela gritaria quando bateram à porta e eu fui falar com o polícia.

Agora estão os dois mortos. Matei-os antes de ontem.

A rapariga está junto com as outras três pessoas que matei ao longo desta semana, já o polícia está lá em cima na minha cama.

Ele chama-se Steve Vanderwell. Vi isso na chapa que trazia ao peito.

Faz-me lembrar o meu pai. Ou talvez um namorado. Não é muito mais velho que eu. Não deve ter mais do que vinte e quatro anos.

Dorme comigo, na minha cama. Faz-me sentir amada. Mas já começa a cheirar mal.

Ouve, agora vou-te contar um pequeno segredo.

Sou virgem. Nunca tive um namorado.

Sei que o Steve quer fazê-lo. Ele não diz nada, sei que não me quer magoar, mas ele é homem, isso é pensamento constante na sua cabeça. E eu também o quero fazer, mas tenho medo de errar.

O Steve nunca se mexe, mas eu não me importava. Gosto de tomar as rédeas de todas as situações.

Bem, senhora Vanderwell, você também tem 24 anos, não é? E o seu marido não é polícia? E ele não vai a casa há duas noites, certo?

Pois, desculpe lá. Aconteceu…

Mas em compensação, quero poupá-la a todo o sofrimento por que vai passar, quero acabar com as noites de angústia que vai sentir enquanto espera que o seu marido volte para casa e ele não volta.

Voltarei a fazer o que fiz à Caddy. Vou poupá-la.

Até lá, não faça barulho.

Charlie


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The Letters of Charlie Empty Re: The Letters of Charlie

Mensagem por Nitaa Qua Jun 13, 2012 9:25 pm

Sexo com mortos? Isto vai de fantástico a fabulástico!
Coitada da mulher do senhor guarda! Bem, é só mais uma para a lista...
Gostei da forma como a Charlie mostrou à riquinha que lá por ser rica não é melhor!
Muitos mereciam uma liçãozinha para crescer, mas como a da Charlie é exagero... Mas é muito eficaz xD
Continua!!
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