Challenge - 7º Heaven/Paraíso

1 – Introdução

As árvores estendiam-se estrada fora, passando por mim a uma velocidade assustadoramente elevada. Ao meu lado o meu pai conduzia com o semblante carregado. Desde que a minha mãe morrera, já foi à seis meses?, que ele está assim. Não sorri, não ri, não chora…. Assusta-me. Voltamos para a terra do meu pai, Torres Novas. Nunca passei cá muito tempo, mas sei que tenho alguma família por aqui. Tenho medo, pela primeira vez eu estou assustada. Olhei-me no espelhinho que trazia na mala. As olheiras estavam cada vez mais escuras contra a minha pele clara, clara, clara. As minhas sardas também se destacavam. Os meus grandes olhos castanhos-escuros pareciam dois bocados de vidro fosco, sem vida. Fechei rapidamente o espelho, desagradada com o meu aspecto. Senti o carro a abrandar e olhei para o vidro. Chegámos. O carro tinha parado em frente a uma moradia com um quintal e a placa da ERA ainda estava fixada na relva com o número do vendedor. A minha nova casa. O meu novo eu. Tenho medo, que será que me espera?

2- Love
Abanei as pernas vendo o rio lá em baixo. Ao meu lado o João inclinava-se para trás, sentado em cima das grades onde também eu estava. Sentia-me tímida mas ao mesmo tempo confiante. Íamos para ali todas as noites ver as estrelas. A baixa à noite era mágica. A brisa quente de Junho fazia os meus cabelos ruivos encaracolados agitarem-se. Ao meu lado senti-o mover-se, aproximando-se de mim. Passou apenas um mês que ali estava, naquela terra de ninguém, mas agora sentia que este lugar fosse a minha Casa. Senti uma mão sobre a minha e surpreendida virei a cabeça olhando para ele. O meu coração batia descompassado no meu peito e sabia que arquejava baixinho.
- Luísa …. – A sua voz saía rouca de … de quê? Não sabia de que seria – Não me tentes afastar, vou beijar-te.
Senti como se o meu coração tivesse parado. A minha cabeça andava à roda e instintivamente aproximei-me. A mão dele agarrou-me o queixo e os seus lábios depositaram-se sobre os meus, quentes, doces e selvagens. Estava a afogar-me em sensações: a sua mão no meu queixo e a outra enterrada no meu cabelo, os meus braços que lhe rodeavam o pescoço, a brisa quente que nos envolvia e o rugido do rio por baixo de nós. Senti-o estremecer e um arrepio de prazer percorreu-me a colina. Afastei-me repentinamente e ele olhava-me surpreendido. Equilibrei-me em cima das grades e despi a camisola. Olhei desafiadoramente para ele e despia também as calças. Por baixo só tinha um conjunto de lingerie branco. Ergui uma sobrancelha, provocando-o. João atirou a cabeça para trás comtemplando-me e gemeu. Fechou os seus incríveis olhos água-marinha por uns momentos. Levantou-se rapidamente, equilibrando-se agilmente e despiu-se. Só tinha um par de boxers vermelhos sobre o corpo esculpido. Sabia que estava de boca aberta e corei. Ele agarrou-me e saltámos, juntos. E nada nos separaria. Este foi o meu último pensamento coerente enquanto a água se agitava em torno dos nossos corpos e ali, abraçada por ele, senti-me feliz.

bigada :)

3 – Light (Luz)
É o terceiro dia que aqui estou. Estou numa divisão que supostamente será o meu quarto, os caixotes das mudanças ainda estão espalhados por todo o lado. É noite escura e a escuridão e o silêncio reinam no meu quarto. Estou enrolada num novelo dentro do armário, com as portas abertas, olhando para a janela, observando as estrelas. A minha mãe é uma delas agora. Onde estás mãe? Tudo é escuro. Lembro-me da tua luz. Tu brilhavas. Na minha mesa-de-cabeceira está uma foto tua. Foi tirada no verão passado. Os teus cabelos loiros reflectem a luz parecendo ser feitos de prata, o teu sorriso branco ofusca a câmara e os teus olhos cinzentos-claros sorriem com alegria. Tu eras a Luz. Eras a Luz na nossa vida, minha e do pai. Agora reina a escuridão e eu não consigo que ela se vá embora. Tu ligavas aquele botãozinho que iluminava o pai. Se tu visses como ele está desde que tu te foste mãe… Tenho tantas saudades tuas…
As lágrimas escorriam pelo rosto de Luísa, molhando-lhe o pijama mas ela parecia não notar. Fixava as estrelas pensando, recordando.
-Oh mãe… - a sua voz estava enrouquecida pelo desgosto-, tu eras a Luz mãe, até no teu nome tu eras Luz, minha querida Madalena Luz …
E assim passou a noite, com as recordações a dançarem com as lágrimas do desgosto, iluminada pelo amor de mãe que brilhava no céu, junto à Lua.

4 – Dark /Escuridão

-Não pai!!! NÃOOO – Berrei. Sentia vagamente o João a agarrar-me pelos braços. A minha vista estava turva das lágrimas e berra incoerentemente. Não podia estar a acontecer. Não. A minha mãe morreu há sete meses o meu pai não pode morrer agora. Porque é que ele tinha d e gostar tanto de velocidade? Porque é que o condutor do camião não o viu e não se desviou? Porque é que ele não travou? Porquê? Porque é que ele bebeu mais ao almoço? Ele sabia que eu não aguentaria, traiu-me. Traiu-me e agora ia morrer e não ficaria mais ninguém comigo. Ele ia morrer. Sentia os contornos da escuridão a envolver-me e o meu coração ardia de mágoa e desolação. Só, completamente só.
As enfermeiras levaram a cama do meu pai para dentro da sala de cirugia e o João puxou-me contra ele. –NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, NÃOOOO!!!! PAI, NÃO!! Verguei-me, a minha vista ficou nublada e tudo ficou negro. A escuridão engolia-me. Não quero sofrer mais, não consigo chorar mais. Só quero desaparecer. E assim, deixei-me ir na escuridão, abraçando-a.

Olha, estou a gostar muito. Só tenho um reparo a fazer que nem é bem reparo. É mais um desabafo meu. Estou a gostar tanto e tu mostras-nos tão pouco que fica a saber a muito pouco. Entendes o que quero dizer? Tens uma óptima estrutura e ideia para uma óptima história. Gostaria de conhecer mais sobre as personagens e lugares e sobre os momentos que nos mostras. Mas talvez seja essa mesmo a tua intenção, mostrar apenas momentos... certo?

De qualquer maneira, gostei muito. Vou continuar a ler! Beijinho!

Olha, estava a pensar exatamente quando é que postavas isto aqui! Bom timming!
Já te disse que gosto dos teus momentos (acho que respondi por ti à Pandora, sem querer!) e estou curiosa pelos próximos!
Continua com o bom trabalho :)

Merci pelo apoio.

ps: Pandora a história vai dando saltos temporais ao longo do percurso, vais conhecendo as personagens pouco a pouco. Criar um pouco de suspense sabes? ehehe...

Pois, foi isso que calculei. Mas gostei e queria conhecer melhor as personagens, daí o meu desabafo ahahaha xD mostra-nos mais momentos, por favor! :D

ehehehe, claro x)

5- Rot/Apodrecer
Em sete meses perdi os meus pais. Sou uma órfã, sou oficialmente uma órfã. Sentia a mão da minha avó Carmina no meu ombro e o braço do João a rodear-me a cintura, mas não conseguia retribuir os gestos. Fitava o caixão fechado do meu pai a ser descido para a cova. Ele não tinha sobrevivido. Após 13h de espera saiu uma enfermeira pela porta da sala de cirugia para me dar a notícia que o meu pai não tinha resistido. É curioso: ambos os meus pais morreram devido a um acidente de viação… Interessante não é? Ou talvez não …
-Luísa temos que ir… - a voz da minha avó parecia vir de um poço fundo e a sua mãe apertou-me o ombro. Está a começar a chover, querida…
Não queria saber. Que se fossem todos, eu ficaria. Agora já não era só a minha mãe a dormi no chão, o meu pai estava com ela. Irão apodrecer juntos, pensei apática, com muitos vermes a devorar-lhes a carne que se vai deteriorando lentamente até só restarem os ossos, mas também esses tornar-se-iam pó. “Do pó viemos, ao pó voltamos”. E eu apodreço aqui, só e solitária. Sou uma órfã. Morreram os dois. Lágrimas escorreram-me pelo rosto mas eu não tinha forças para as limpar. João puxou-me para ele e protegeu-me do Mundo, num pequeno casulo de amor. Não eram só os meus pais que apodreciam debaixo da terra, também o meu coração apodrecia, e eu nada poderia fazer para o evitar.

Gostei muito deste. Acho que incluíste bem o tema. Triste, melancólico e levemente depressivo. Gostei. Espero para conhecer mais sobre esta história!

Tenho mesmo pena da pobre rapariga, não merecia um futuro assim! Já é mau viver sem um pai ou uma mãe, mas sem apoio completo...
Ela tem de ser muito forte para aguentar!

Olá!
Eu gostei daquilo que li.
Cada capítulo ligado à ideia do título, mesmo sendo uma história bastante triste.
Sinto pena dela ter perdido os pais, mas vamos ver como corre o resto.
Fico há espera de mais.

6-Break/ Quebrar
Primeira semana, ok, já passou. Ninguém me contactou, ninguém. Saí do Porto sem nenhuma despedida, sem ninguém que dissesse que teria saudades minhas… Ninguém me contactou. Já fui à minha nova escola e não é má de todo…. Conheci um rapaz, o João. Mas, porque é que ninguém me contactou? Sinto os laços a quebrarem-se, ninguém me procura, ninguém sente saudades minhas, ninguém, ninguém. Sinto o coração despedaçado em pedaços ainda mais pequenos. Não julgava que isso fosse possível. Mas aqui está, a dor de se quebrar laços. Não voltarei ao Porto e pelos vistos ninguém parece importar-se minimamente com isso.

Tenho pena desta personagem neste ponto, admito. Não bastava tudo o que ela já perdeu e agora sentir os laços quebrarem assim, sem os conseguir agarrar e ser obrigada a observar, não é fácil...
Melhores tempos virão, espero :)

hum... talvez sim ou talvez não....

Já alguém te disse que tens um jeito fantástico para escrever?
Simplesmente adorei os textos. Assim que poderes coloca mais por favor =3

E quando pensamos que não podemos sofrer mais lá vem mais um bocadinho de sofrimento... Espero que isto melhore para o lado dela...

Brigada Haneul :) Pandora muito ainda virá até que o sol possa brilhar....

Passou uma semana que enterrei o meu pai, pensei entrado na casa de João. Estávamos de mãos dadas. Se éramos namorados? Não sei, neste momento não sabia nada. Ele conduziu-me a uma porta e colocou a mão na maçaneta. João olhou de relance para mim e abriu a porta. O quarto estava iluminado por velas que rodeavam uma grande cama de casal. Pela forma como reflectiam a luz percebi que os lençóis eram de seda, negra como a noite. Ele empurrou-me gentilmente e fechou a porta, trancando-a. Senti a minha respiração a tornar-se mais rápida e mais superficial. João aproximou-se lentamente e abriu-me o fecho do vestido revelando as minhas costas nuas.
-É o meu dia de anos,-declarou com a voz enrouquecida- dás-me esta prenda? Senti que assentia e o tecido rendado deslizou-me corpo a baixo como também as suas mãos. Não sabia o que haveria de fazer, minúsculos tremores corriam-me pela pele inflamada do seu leve toque. Um gemido gutural escapou-se-me dos lábios quando senti as suas mãos a fecharem-se sobre os meus seios, beliscando levemente com carinho. Virei-me repentinamente de frente para ele e olhei-o nos olhos. Com o olhar ainda fixo desabotoei um a um os botões da sua camisa azul e fiz com que esta lhe deslizasse pelo corpo até cair no chão. Deixei-me cair de joelhos. Abri-lhe o fecho das calças e despi-lhas com a boca. Levantei o olhar para ele e estremeci de prazer quando um uivo de desejo lhe fez tombar a cabeça para trás. Fez-me levantar e beijou-me violentamente, levando-me para a cama. A sua boca reclamou cada pedacinho do meu corpo fazendo-me agitar de pura frustração por não o ter onde mais necessitava.
-João, por amor de deus!! Não aguento mais! – a minha voz saiu estrangulada e ele riu-se baixinho.
-É isso que queres? Olhou-me diabolicamente com aqueles olhos de águas-marinhas.
-Sim! Preencheu-me, foi o puro êxtase e por momentos não consegui pensar. Sabia que dos meus lábios saía um grito incoerente mas não o consegui parar. Quando retomei a consciência movíamo-nos rápida e lascivamente e cheguei rapidamente ao ponto alto. A escuridão abateu-se repentinamente face à sensação tão forte, bem no âmago do meu ser e pensei “Morri, estou no paraíso.” Foi o último pensamento por muitas, muitas horas.

Hey there!
Bem, ela pode ter sofrido muito mas ainda tem algumas (boas) surpresas para abrir :D!
Gostei de saber que ela e o João estão assim tão unidos!
Muito bonito

brigada fox :DD

Como a Fox diz, nem tudo pode ser desgraças. E como diz o povo, depois da tempestade vem a bonança. Que bom que ela está feliz. O que vem mais?

uuuuuuuuuuuuuuuuuh uma reviravolta... ou talvez não